ERA TUDO BONITO.
Tinha pavão, tinha orquídea, tinha margarida e tinha leão. Tinha riacho, tinha montanha, tinha grama, tinha verão. Tinha inverno, primavera, outono e camarão.
Sem labuta, sem agenda, sem barulho de estrovenga. Só nadar, mergulhar, respirar aquele ar. Sem tiroteio, sem rodeios, sem armas pra caçar. Tinha mamão, tinha limão, tinha goiaba e fruta-pão.
Tinha sorriso, tinha libido, tinha tesão. Tinha só ele, tinha só ela, em perfeita união. Mas não sei porquê, tinha maça que não podia comer e tinha serpente que falava com você.
Tudo era perfeito, mas não sei bem direito, nem sei bem o quê. A serpente boa de papo, nos disse assim no ato: inocentes pra sempre querem ser?
Se Ele proibiu a do meio do jardim, era porque Ele é egoísta, só quer o conhecimento para si.
Mas eu sou esperta, estou sempre alerta, a verdade vou lhes dizer. Pode comer sem problema, pode entrar no esquema, dessa fruta degustar. Não a de ser nada, essa lei desalmada, não devem acatar. A maça é boa de gosto, sai daí desse encosto e venha desfrutar.
Ordem fácil de cumprir, mas quem disse que o bicho humano, no idílio queria seguir?
Eduardo Medeiros, outono de 2024
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Seguindo o conselho da blogueira expert em blogger Catiaoh,
passarei a assinar minhas crônicas.
Bela prosa rimada esta sua, vê-se que o Eduardo não anda com a cabeça na lua!! :))
ResponderExcluirAdorei e concordo, quem escreve bem deve sempre resguardar as suas criações de olhos cobiçosos sem escrúpulos no copianço e cheios de más-intenções...
Um abraço!
Bom dia de Paz, Eduardo!
ResponderExcluir"Tudo era perfeito, mas não sei bem direito, nem sei bem o quê".
E "Ele" viu que TUDO era bom...
Fugimos de algum idílio talvez por covardia, talvez por amor-próprio. Quiçá?
Ou nos entregamos sem medo de ser feliz...
Muito bom todo contexto da sua crônica.
Tenha dias abençoados!
Abraços fraternos