EU ACREDITO MESMO nessa frase, de que a arte pode salvar. Quem faz arte não tem tempo pra fazer arte, se é que você me entende. A banda materna da minha família é toda mergulhada na música. Meu avô era compositor e maestro. Compôs a que até hoje é considerada a música que mais representa a cidade de Natal, RN(conto esse caso depois).
Todos meus tios, incluindo minha mãe, eram envolvidos com música. Um tio, Vivaldo Medeiros, tinha um estúdio aqui no Rio onde ensinava violão clássico, popular e cavaquinho. Acompanhou muitos cantores, apareceu até em filme da velha Atlântida. Quando menino, contava minha mãe, solou o Hino Nacional no cavaquinho diante da escola toda formada.
Minha mãe Valda cantava muito bem, muito afinada. Como era evangélica, só cantava na igreja. Teve uma época que meu pai cogitou levá-la a uma gravadora cristã. Ela declinou e agradeceu. Era extremamente humilde e dizia que não saberia se portar na igreja tendo um disco gravado. Uma prima minha, filha da minha tia Valdenise, esta sim, chegou a gravar um disco por uma conhecida gravadora cristã aqui do Rio, a MK Publicitá. Porém, a prima Elisabethe sofria do mesmo problema da minha mãe: muito humilde e sem nenhuma pretensão para ser artista contratada. Foi dispensada pela gravadora depois do primeiro disco gravado porque lhe faltava-lhe o glamour...hoje, continua cantando nas igrejas mas sem vínculo artístico com nenhuma gravadora. A arte verdadeira deve ser livre...
Minha mãe, além da música, gostava muito de literatura. Escrevia muito bem e lia de forma ávida tudo o que podia, até bula de remédio e classificados de jornal e só tendo cursado a antiga quarta série que talvez hoje, pela decadência do nosso ensino, deva se igualar à nona série do Ensino Fundamental...O livro que mais lia era a Bíblia. Se não me falha a memória, leu a Bíblia toda 12 vezes. Herdei dela o gosto pela leitura, escrita e pela música. Aos 13 anos eu tinha uma obsessão: aprender a tocar violão. Na ausência do instrumento em casa, fiz umas gambiarras para aprender as posições das notas no braço do violão, mas isso eu conto outro dia. Na falta do violão, me embrenhei nos livros, gibis, na escrita de histórias em cadernos e nos desenhos de histórias em quadrinhos que eu fazia em papel de pão (uma folha grande, ótima para desenhar onde as padarias da época embrulhavam os pães). Minha mãe era a minha única e entusiasmada leitora.
A ARTE PODE SALVAR! Ao dizer isso, fico lembrando de todos os trabalhos socias que muitos grupos fazem em comunidades carentes levando música, teatro e literatura para o povo. Enquanto o menino está aprendendo a tocar um instrumento, enquanto estiver com um livro na mão, enquanto estiver envolvido em qualquer outra arte, a sedução do banditismo que está ali, tão perto dele, será menor. Nos anos 90, tive um grupo de teatro amador e fazíamos apresentações em igrejas, escolas e também ações sociais e festivais culturais. Via como a arte seduzia os jovens.
Que nossas escolas ensinem português e matemática mas busquem também, inundar a cabeça da garotada com arte. E toda arte vale a pena. (menos a arte progressista pós moderna...).
Vivaldo Medeiros. Fobó na Roça . 1956
canal youtube: https://www.youtube.com/watch?v=jLIumhK-_24
A PRIMA BETH gravou esse disco gospel no começo dos anos 2000. Não consegui extrair nenhuma música, por isso vou deixar pra quem quiser ouvir um pouquinho, o link no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=d7ipi9SQsso
AH, JÁ IA ESQUECENDO....o baneer que ilustra o texto, lá no início, eu criei para um dos meus antigos blogues, e ele ilustrava bem os meus interesses: cultura e arte.
AH, E QUEM SABE, um dia posto eu dando um tostão da minha voz ao som do meu violão para vocês...(sim, porque pagar mico também é uma arte)
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