Clube de Detetives Pão de Queijo

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

SILÊNCIO!!!

 




O apito do guarda

A buzina do caminhão

O freio do carro

O alarido do trovão.


O chiado da panela

A voz do tagarela

O solo da guitarra

O cantarolar da cigarra.


O falatório do auditório

A criança que esperneia

A furadeira do vizinho

A turba que barafusteia.


O trote do cavalo, o maquinário do trem, o carro de som, a batedeira na cozinha, a descarga da motocicleta, a buzina do chacrinha. 

Sclash Plact Fum

Ploft kabum kabum 

Zum zum zum

 Piiiii Piiiii 

Ruaaaaaaa 

Tim Tim Tim...

Fom Fom Fommm

zinindo zunindo o som 

Som  que 

Desce 

       Desce 

             Desce...


Então                        Sobe...

                           Sobe

                 Sobe 


Onde desliga o mundo?

Me diga, Raimundo

Me diga, Patrícia

Me diga, Felícia

Me diga, Aurora

Me diga,  Florêncio

Por favor, aqui e agora

Me diga como eu faço

Para aumentar o silêncio?


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imagem gerada pela IA Ideogram



sexta-feira, 11 de outubro de 2024

GALINHA DE MACUMBA

 

NÃO CONHECI PESSOA MAIS INOCENTE, mais coisa fofa, do que meu sogro Eugênio,  já falecido. No dia do seu enterro o cemitério estava lotado de amigos que foram se despedir. Ele era o que podemos chamar "uma alma boa". Mineirinho, conversador por excelência, adorava contar causos, principalmente da sua infância em fazendas de Minas Gerais. Era semianalfabeto. Contava que só tinha chegado à "segunda cartilha".  Porém, de tanto ler a Bíblia, melhorou bastante sua leitura, ainda que estivesse em um nível sofrível para um letrado. Tinha dificuldade em pronunciar certas palavras. Me chamava de "Euduaudo".

Um amante de queijos, como todo bom mineiro. Não gostava de ficar sozinho em casa. Quando minha sogra saia, o que acontecia quase todo dia em suas idas à igreja, ele se refugiava no segundo andar onde moro apenas para ter a presença de alguém perto dele. Gostava de crianças e se dava muito bem com elas. Minha sogra Josefa ao contrário, é a alma mais desconfiada e maldosa que eu já conheci. Sério, não é a típica rivalidade de genro-sogra. Se via o marido brincando com uma criança, principalmente se fosse menina, tratava logo de mandá-lo parar porque "não pegava bem", e  o que "os outros podem dizer".

Ele gostava de TV, apesar desse gosto ser ditatorialmente controlado pela mulher. Sabe o tipo "carola evangélica" que vê pecado em tudo? Que se preocupa demais com (outra vez)  o que os outros vão dizer? Essa é minha sogra.  Eugênio gostava de ver o Chaves. Ria de se acabar com as travessuras da turma sob os olhares críticos de Josefa. Gostava de ver futebol também mas ai a sogra implicava mais. "Futebol não era coisa de Deus" e ele como um presbítero da igreja não podia ficar vendo. Isso o deixava triste mas ele obedecia, não gostava de criar clima ruim em casa. 

Mas aí quando eu chegava por lá e tinha futebol, eu já ia ligando a TV e dizendo, "vem geninho, vamos ver o futebol". Quando havia um lance duvidoso de pênalti Eugênio perguntava: "Foi penis, não foi   euduaudo, foi pênis..." . Eu e Geninho vendo futebol e minha sogra putadavida, talvez me rogando pragas imprecatórias de salmos bíblicos...

Pois bem, depois de apresentado o figurão, deixo aqui um dos seus causos.

Melhor ler ele contando...

"O cavalo tinha desembestado, uai. Fui atrás, o patrão tinha pedido. Dispois de um tempo eu achei o cavalo e trôxe pra casa. Mas rapá no caminho eu vi um trem isquisito...uma macumba...tinha charuto, farofa, garrafa de pinga e uma galinha preta viva presa pelos pé...

Nessas horas Dona Josefa, sempre reclamava: "Já vai contá isso di novu"? E eu dizia, "Deixa ele contar, sogra, essa historia é boa..."

"Aí, rapá, eu pense, uai, a galinha tá viva, amarradia, vô levá prá casa"... euduaudo, quando cheguei a Zefinha pesguntô qui galinha era aquela...aí eu falei, uai, eu salvei ela da macumba..."


Aquele foi um dia em que a Dona Josefa clamou a todos os poderosos anjos do céu, rogou ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo que não permitisse que nenhum mal de macumba ficasse em sua casa. E claro, mandou Eugênio devolver a galinha ao despacho, o que ele fez sobre protestos, já que tinha planejado fazer um bom quisado com a dita.






segunda-feira, 7 de outubro de 2024

O DIA DOS MORTOS NO MÉXICO

 



NO MÉXICO,  o Dia dos Mortos é uma celebração de origem indígena, que honra os defuntos no dia 2 de novembro. Começa no dia 31 de outubro e coincide com as tradições católicas do Dia dos Fiéis Defuntos e o Dia de Todos os Santos. Além do México, também é celebrada em outros países da América Central e em algumas regiões dos Estados Unidos, onde a população mexicana é grande. A UNESCO declarou-a como Patrimônio da Humanidade.



As origens da celebração no México são anteriores à chegada dos espanhóis. Há relatos que os astecas, maias, purépechas, náuatles e totonacas praticavam este culto. Os rituais que celebram a vida dos ancestrais se realizavam nestas civilizações pelo menos há três mil anos. Na era pré-hispânica era comum a prática de conservar os crânios como troféus, e mostrá-los durante os rituais que celebravam a morte e o renascimento.




O festival que se tornou o Dia dos Mortos era comemorado no nono mês do calendário solar asteca, por volta do início de agosto, e era celebrado por um mês completo. As festividades eram presididas pela deusa Mictecacíhuatl, conhecida como a "Dama da Morte" (do espanhol: Dama de la Muerte) - atualmente relacionada à La Catrina, personagem de José Guadalupe Posada - e esposa de Mictlantecuhtli, senhor do reino dos mortos. As festividades eram dedicadas às crianças e aos parentes falecidos.

É uma das festas mexicanas mais animadas, pois, segundo dizem, os mortos vêm visitar seus parentes. Ela é festejada com comida, bolos, festa, música e doces preferidos dos mortos, os preferidos das crianças são as caveirinhas de açúcar.







EM 2018, A DISNEY lançou a animação, "Viva, A Vida É Uma Festa" que eu assisti com meu filho no cinema na versão 3 D. A  direção foi de  Adrian Molina e Lee Unkrich e o  Roteiro de Adrian Molina e Matthew Aldrich. A animação retrata exatamente esse universo dos Dias dos Mortos da cultura mexicana. É uma filme muito bom, nos divertimos bastante.



Sinopse: Miguel é um menino de 12 anos que quer muito ser um músico famoso, mas ele precisa lidar com sua família que desaprova seu sonho. Determinado a virar o jogo, ele acaba desencadeando uma série de eventos ligados a um mistério de 100 anos. A aventura, com inspiração no feriado mexicano do Dia dos Mortos, acaba gerando uma extraordinária reunião familiar.




A animação pode ser vista no streaming da Disney +
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Fotos: br-fotos

SILÊNCIO!!!

  O apito do guarda A buzina do caminhão O freio do carro O alarido do trovão. O chiado da panela A voz do tagarela O solo da guitarra O can...