AINDA ONTEM meu pai saiu às três da madruga junto com o cachorro grandão do vizinho para procurar um taxi para levar minha mãe para o hospital - eu queria nascer!
Ainda ontem eu chorei em sala de aula na segunda série quando um temporal caiu sobre a cidade e alguns pais tiveram dificuldade de buscar os filhos na escola e o mais sacana da turma me disse: "Teu pai não vai vim te buscar, tu vai ficar aqui sozinho..."
Ainda ontem na quinta série eu me apaixonei perdidamente pela Soraya e o valentão da turma me deu um soco nas costas que me deixou sem ar por eu estar paquerando a "namorada dele". - Mas a Soraya nem sabia que ele existia...foi a primeira vez que apanhei por amor.
Ainda ontem na sexta série, turmas perfiladas no pátio para entrar nas salas de aula e o mais perturbado da turma começou a chutar minha mochila que estava em minhas mãos. Chutou uma...chutou duas..."para com isso, cara.." Chutou três...na quarta tentativa ele levou um soco no nariz, sangue descendo pelo queixo, olhar surpreso. O opressor sempre se espanta quando o oprimido reage...foi a primeira e a única vez que bati em alguém. As duas horas que eu fiquei de castigo na diretoria me proporcionaram bons momentos de reflexão.
Ainda ontem na sétima série, Bárbara, a menina mais linda da escola, mandou um recado dizendo que queria me dar um beijo. Tínhamos essas brincadeirinhas. Tempo vago, os casais que queriam se beijar ficavam no meio de um rodinha de amigos que escondia o ato de possíveis olhares adultos que passasse no corredor. Seria meu primeiro beijo...nervosismo total. Chega Bárbara na minha sala, cabelos pretos longos esvoaçando ao vento(pelo menos essa era a minha visão), o rosto mais angelical da escola, caminhando em minha direção como se fosse uma modelo na passarela.. Aquilo não podia ser verdade, só podia ser sonho. Rodinha feita e beijo dado. Meu primeiro beijo!! Dias depois toda a escola estava sabendo que eu não sabia beijar. Ah, Bárbara, eu te amava tanto, porque foi dizer isso para escola toda.? Foi a primeira vez que eu passei vergonha por amor.
Foi ainda ontem que aos dezessete (Oi, Veríssimo!!) eu prestei concurso para a Marinha, sai de casa, mudei de Estado e fui começar a ser independente, longe dos pais, da minha casa, dos amigos. Foi um ano difícil. Minha mãe, inconsolável de saudade, me pedia para eu voltar. Calma mãe, é só um ano, depois eu volto...Foi o ano mais longo da minha vida. Pareceram dez! A vontade que o tempo passe rápido provocava exatamente o oposto: Ele teima em se arrastar...
Podemos perceber o tempo passando mais rápido ou mais devagar, de acordo com o que estamos passando. Tempos alegres parecem que passam rápido e tempos de dificuldades parecem que se arrastam. Mas no fim das contas, lá na frente, quase sempre vamos sentir que tudo passou "ainda ontem".
Uma revisita às memórias e lembranças de cada "ainda ontem" que passamos e não mais volta!
ResponderExcluirAdorei!
O tempo voooooooa e que bom nos sobra a capacidade de tudo revisitar e voltar ao presente... abraços, chica
Olá Edu
ResponderExcluirAinda ontem a minha filha foi morar na Alemanha com o marido e os meus netos. Hoje estão nos visitando.
Pena, mesmo, que momentos bons passam rápido.
Excelente crônica.
Ótimo domingo
Um grande abraço
Verena
Lembrou-me o texto de Cecília Meireles.
ResponderExcluirhttps://www.pensador.com/frase/MjA3MjUxNg/
Obrigado pela indicação, não conhecia esse texto da Cecília de quem sou fã da sua obra poética.
ExcluirOi, Edu. Belas lembranças e bela crônica!
ResponderExcluirPegando a última parte do seu texto para comentar, a impressão que eu tenho nos últimos anos é a de que o tempo tem passado depressa, principalmente de 2013 pra cá pra mim parece que os anos deram um pulo! Há quem defenda que os tempos atuais ainda têm as mesmas 24 horas de antigamente, mas a sensação é de que passa rápido porque estudamos, trabalhamos, vivemos nessa correria do dia-a-dia; mas mesmo quando, pessoalmente falando, eu fico um tempo em casa a sensação que eu tenho ainda é de que o tempo tem passado rápido demais, entretanto, o que a gente viveu há algum tempo ou anos é de fato como se tivéssemos vivido e tivesse acontecido ontem, talvez exatamente devido a essa sensação de brevidade do tempo.
Também sinto que momentos alegres passam voando e momentos de dificuldades se arrastam a ter um fim, mas também já vivi uma experiência de um momento lamentável sobre o qual as horas passaram voando.
Ótima tarde de domingo! ☀️⛱🏖🍹
É isso Gleise, nossa percepção da passagem do tempo tende a mudar conforme a nossa situação mas possa garantir que o tempo é o mesmo desde sempre. Mas há até os que dizem que ele não existe...quem passa não é o tempo, somos nós.
ExcluirNa verdade verdadeira mesmo eu estou aqui em pé em frente ao notebook te aplaudindo de pé. Muito bom! Amei!
ResponderExcluirobrigado!! rs
ExcluirOi Edu, tudo bem?
ResponderExcluirGostei muito da forma como você apresentou as memórias no texto. A leitura foi bastante agradável e em alguns momentos me fez lembrar meus momentos de escola.
Até breve;
Helaina (Escritora || Blogueira)
https://hipercriativa.blogspot.com (Livros, filmes e séries)
https://universo-invisivel.blogspot.com (Contos, crônicas e afins)
Edu, gostei da sua publicação, principalmente pelo humor...
ResponderExcluirTemos amigos em comum...
Gostei de saber que aprecia poesia...
Talvez goste dos meus blogs..
Saudações
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Olá, Majo, tudo bem? Seu blogue não aparece para mim!
ExcluirDesculpe, Edu. Poderá buscar no Google...
ExcluirO meu blog principal é
A Vivenciar a Vida blog
No canto supra direito encontra o meu perfil.
São 3 blogs, mas só publico uma vez por semana, num deles.
Ótima semana. Abraço
Já está inscrito Edu. Dei-lhe as boas vindas no 'A Vivenciar'...
ExcluirVoltei a ler a sua interessante crónica. Excelente. Abraço.
É frequente a sensação de que tudo se passou ainda ontem...
ResponderExcluirExcelente crónica, gostei de ler.
Boa semana caro Eduardo.
Um abraço.
Pois é, meu caro, sem que percebamos, o amanhã sempre vira ontem.
ResponderExcluirQue bela crônica da vida como ela é de verdade Eduardo!
ResponderExcluirPuxa, você fez história no tempo da escola e o período mais crítico realmente é quando a distância de casa assola o coração...Aí demora demais a passar...
Concordo com você, pois os tempos difíceis parece com a eternidade: é doloroso e a cada amanhecer, sentimos um aperto no peito...
Já nos momentos de felicidade o tempo voa...Livre, leve, solto e rápido demais!
Adorei estar aqui!!
Linda semana!!
Olá, amigo Eduardo
ResponderExcluirCrónica muito interessante, do nosso processo de crescimento através da vida, em todas as suas vertentes.
Gostei bastante deste teu abrir de alma.
Abraço forte e ótima semana!
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Dudu, apesar da ngente se conhecer vfaz tempo, mas não se conhecer de verdade, eu me identifico muito com as suas histórias e a sua vida. Nós já conversamos pelo zapzap e temos muitas coisas em comum, que até parece que fomos criados juntos, brincando com os mesmos moleques, indo na mesma igreja, amando platonicamente as meninas mais bonitas... Kkkkkkkkk.
ResponderExcluirGostei muito da sua crônica.
Um abraço!
Excelente balanço de vida, em linguagem de todos os dias.
ResponderExcluirAdorei
"Ainda Ontem", bela crónica do livro da tua vida !
ResponderExcluirAdorei!
Beijinho, Eduardo. 😘
Interessante este repassar a vida, revirar o passado Edu. Lembro deste tempo arrastando quando sai de casa para estudar numa grande capital(São Paulo) e o sonho de voltar, que até hoje não se realizou e mais longe (Bahia) fiquei deste sonho e foi mais longe do que ontem.
ResponderExcluirBela postagem amigo e aqui rindo do seu primeiro beijo.
Abraços e que a semana flua bela.
Olá, Edu, rssss, delícia de crônica, fui lendo com um sorriso nos lábios, mas a nossa geração vivia assim mesmo, parece tudo igual! Acabei essa tua ótima crônica com muitas lembranças que vieram a mim sem eu pedir!
ResponderExcluirAmigo... que época boa, hein !? Época de namoro, de noivado...das amizades do bairro, do colégio, ih que época boa vivemos. Tudo bem, não éramos totalmente informatizados, mas não fez falta. E o respeito aos nossos professores era coisa muito bonita, tenho lindas recordações deles todos.
Te aplaudo daqui!
Um abraço e uma feliz semana!
Que linda! Fui lendo e o filme passando vendo tudo como se eu estivesse aí contigo passando toda a sua adolescência. Admirável criatividade! Eduardo, lendo seu comentário para minhas trovas, achei a palavra incriminável muito forte e pesada, sendo meu intuito de lembrar as heranças antigas de como foram surgindo a força do homem, ouvindo de um tio lá nos meu tempos de adolescência que ele nunca havia beijado a a esposa, vendo filmes, vendo novelas antigas, lendo muito. Pelo contrário, muito pelo contrário, meu marido foi um homem admirável para comigo. Peço-lhe perdão se você se sentiu mal! Mesmo assim continuo e continuarei admirando suas postagens! Abração!
ResponderExcluirOi, Maria, desculpe-me eu se causei algum desconforto em você. É que eu estou meio vacinado com toda a imposição feminista de hoje em dia mas sei que seu intuito não era esse.
ExcluirOlá Edu! Como é bom ler boas crônicas como as suas e ao contar capítulos da sua história mesmo que resumidamente, fez me remeter aos meus momentos vivido em épocas que antecederam a sua, devido a minha diferença de idade. Muito embora que na minha juventude, a vida era assim, totalmente dos dias atuais, principalmente em relação ao respeito para com nossos pais e professores. Como é bom guardarmos bons ensinamentos, embora o tempo passe tão rápido, o "ontem" parece que foi hoje. Amei toda crônica, parabéns! Abraços.
ResponderExcluirAdorei a crônica, faz nos lembrar que tudo é temporário, o hoje vai se tornar o ontem e sempre será assim.
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