QUANDO EU ERA CRIANÇA e fazia alguma coisa errada minha mãe me dizia, "Eduardo, tenha consciência!". A gente cresce e vai entendendo que "ter consciência" nesse sentido, é reconhecer que lá no fundo sabemos o que é certo e o que é errado. Na minha formação militar os instrutores me diziam: "o militar precisa ter disciplina consciente"- ou seja, você deveria fazer o que tinha obrigação de fazer sem ninguém mandar. Tanto minha mãe quanto meus instrutores estavam certos.
Porém, fazer o bem, fazer o que é certo, nem sempre traz resultados positivos práticos.
Na Bíblia há um livro inteiro que trata da questão "porque o homem justo sofre", que é o livro de Jó. Todo cristão conhece a história. Jó, um devoto cumpridor de suas obrigações espirituais e materiais, se vê atingido por uma série de males, desde a morte da família até doenças terríveis. Ele não consegue entender do porquê um homem bom como ele pode ser vítima de tantas agruras. Deus não estava vendo aquilo?
Dizem que Jó foi "paciente" mas isso não é totalmente certo.
O livro como temos hoje foi editado em duas partes. Na narrativa dos capítulos 1 - 2 e 42 e nos capítulos 3.1 - 41.6. Ao que parece, a história original só mostrava Jó como um homem justo perante Deus e que no entanto, foi acometido de grandes males, mas como ele foi "paciente", Deus restituiu a ele tudo o que perdera, mas sem explicar do porquê do seu sofrimento e o paciente Jó nada questiona. Essa é a história dos capítulos 1-2 e 42.
Porém, em toda a narrativa dos capítulos 3 até o 41, um outro autor resolveu colocar uma pimentinha na paciência de Jó. Aqui, Jó não é nada "paciente". Ele quer saber de Deus o porquê do seu sofrimento. Como ele sendo um homem justo pode sofrer tanto?
Vemos ali um Jó bem indignado tanto com Deus quanto com seus três amigos que o acusam de ter pecado e por isso, está sendo castigado por Deus. Jó reafirma sua justiça e quer uma resposta do próprio Criador.
Jó não sabia que Deus tinha feito uma aposta com um dos seres da sua corte chamado na Bíblia hebraica de "SATAN" - um ente que acusava os homens diante de Deus.
Satan diz que Jó só é justo e fiel porque Deus o acumulou de bens. Então Deus permite que Satan fira Jó de todas as formas, preservando-lhe a vida e Deus aposta que Jó não reclamaria do seu criador.
O diálogo entre Jó e Deus nos capítulos 3 a 41 é de uma grande profundidade filosófica.
A intenção do autor da história do Jó "impaciente" era ponderar e elucubrar sobre o sofrimento de pessoas justas e por que muitas vezes, pessoas ruins e injustas se dão bem. A intenção da história do "Jó paciente" é que devemos aceitar tanto o bem quanto o mal vindo de Deus sem reclamar ou fazer perguntas.
Nos herdamos essa ideia de que se você planta o bem, você vai colher o bem; se você planta amor, você vai colher amor. Isso nem sempre é verdadeiro. Muitas vezes semeamos amor e colhemos incompreensões, injustiças, indignidades. Vejam a própria história de Jesus...
A vida boa de ser vivida é aquela que busca caminhar sim, nos trilhos do amor, da compreensão, da empatia, da justiça, mas não há nenhuma garantia de que você receberá tudo isso de volta e nem sempre quem "semeia vento colhe tempestades". E não adianta você questionar a Deus, ele não te responderá nem lhe dará satisfações.
Regra geral é isso mesmo que acontece.
ResponderExcluir.
Saudações cordiais e poéticas.
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“” DEIXA QUE O AMOR SE SOLTE ““
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Infelizmente nem sempre é verdadeito. Podemos fazer o bem, colher indiferença, maldades. Mas por outro lado, há quem faça o bem apenas esperando algo ganhar... Daí é dose também! Melhor mesmo é agir como nosso coração e princípios mandares. abraços, linda semana! chica
ResponderExcluir"A vida boa de ser vivida é aquela que busca caminhar sim, nos trilhos do amor, da compreensão, da empatia, da justiça, mas não há nenhuma garantia de que você receberá tudo isso de volta e nem sempre quem "semeia vento colhe tempestades". E não adianta você questionar a Deus, ele não te responderá nem lhe dará satisfações."
ResponderExcluirExcelente parágrafo, Eduardo. Só alguém com maturidade para escrever algo assim.
Olá!
ResponderExcluirFaça, sem esperar nada, pois nem todos irão retribuir.
Pois aquilo de mau que fizermos hoje retornará para nós mesmos, mais dia, menos dia.
Suave semana Eduardo Medeiros
Lúcia, sim, fazer sem esperar nada em troca mas não há nenhuma certeza do que o que fizermos hoje retornará para nós.
ExcluirOi, Edu, o negócio não é esperar alguma retribuição, ou pensar que Deus é isso, Deus aquilo... ou por que Ele fez assim e não fez assado...
ResponderExcluirPenso que temos de agir certo, pensar antes de fazer bobagens e agir sabendo o que é certo ou errado. Temos toda a liberdade para sabermos. E no mundo há justiça!
Agir certo e fazer o bem, não são moedas de troca. Sermos recompensados pelo bem que fazemos nunca vai dar certo. E mais, já fiz muitas vezes o bem e não voltou o bem... rss
Boa reflexão esse seu texto, gostei muito.
Uma feliz semana, abraços daqui do Sul!
Taís, esse é o tema do livro de Jó. A doutrina da retribuição. Que Deus sempre premia os bons e castiga os maus, porém, Jó demonstra que ele nada de mal fez para ser castigado por Deus.
ExcluirOlá, Eduardo!
ResponderExcluir"Muitas vezes semeamos amor e colhemos incompreensões"
Tenho certeza de que é assim e não só pela minha vida, mas pela vida de outros familiares que me antecederam.
Entretanto, a fé é um Dom... com ou sem compreensão humana.
Hoje mesmo estive pensando sobre se não tivesse a fé, eu viveria num estado vegetativo.
Tenha uma nova semana abençoada!
Abraços fraternos
Rosália, ter fé é algo pessoal. Conheço pessoas que "tem fé", são religiosos e são pessoas bem questionáveis. Mas sem dúvida, a fé é o esteio das pessoas em momentos de dor. A fé é importante. Mas a questão de Jó não era a fé, e sim o pensamento da época de que Deus sempre premia os bons e sempre castiga os maus. Isso não é verdade.
ExcluirConcordo plenamente.
ExcluirFazer o mal mesmo tendo fé é questionável.
Deus, para mim, é extremamente Misericordioso e cuida na medida da necessidade.
Quem tem já a força que Ele deu, pode ser mais provado sim.
No final, tudo e Graça.
Abraços fraternos
Oi, Edu.
ResponderExcluirAcho a frase do título do seu post relativa e aleatória igual como você considera no final da postagem.
Ótima terça! 💐🎈
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAplaudo o seu texto e análise.
ResponderExcluirRecordo vagamente o livro de Jó, mas lembro bem de mamãe
reclamar das travessuras do seu terceto ''haja paciência de Jó!».
Não conheço bem a Bíblia, mas sei que há versículos em que
Deus promete tratamento especial aos 'seus'...
E é bem verdade que quem trata bem, espera ser bem tratado...,
Uma excelente 'Crónica do Edu''...
Ótima semana.
~~~~~
Boa tarde Edu,
ResponderExcluirGostei imenso desta dissertação sob a paciência de Job.
No entanto penso que devemos fazer o bem, sendo nós mesmos, sem esperar recompensa.
Tudo o que diz é verdade. Muitas pessoas boas têm imensos revezes, mas há que ser resiliente e paciente.
O tempo de Deus não é o nosso e no tempo certo Ele nos recompensará.
Grata por visitar meus Blogues.
Beijinhos e uma boa semana.
Emília
Boa tarde Edu
ResponderExcluirUma crónica muito assertiva e muito bem escrita.
Gostei!
Ah e é verdade as mães tem sempre razão.
Semana abençoada com saúde e harmonia.
Um beijo
:)
Olá Eduardo, é muito interessante o que você escreve sobre o Jó bíblico e quais conclusões você tira dessa história.
ResponderExcluirMesmo tendo vivido muitas coisas boas e ruins em minha vida, acredito que ser bom e empático é mais difícil e, de acordo com os ensinamentos das obras de Shakespeare, tenho um lema: “Pratique a virtude se não a tiver. ", então tento ser uma versão boa e melhor de si mesmo, apesar das adversidades.
Atenciosamente, tenha uma boa semana!
Olá, Eduardo
ResponderExcluirA "paciência de Jó" entrou na nossa linguagem como um daqueles ditados populares que dizemos sempre e que trazem uma boa dose de verdade...
Gostei de ler a segunda versão, isto é, a impaciência de Jó, que desconhecia. Li a Bíblia numa fase púbera e trago daquela altura uma visão dos pontos que se consideram mais importantes e que se citam amiúde.
Obrigada.
Abraço
Olinda
Eduardo,como estudante desse livro que se diz sagrado,há bastante tempo... aprendi que momentos como os que Jó viveu é um sacode para que se questione tudo, inclusive a fé.
ResponderExcluirEsse livro é o que mais promove o pensamento de que ter Deus é ter em dobro o que o diabo tira.
Pra começar o diabo é tudo que se opõe a algo a alguém.
Ter consciência disso não é fácil,mas muito possível.
Boa noite.
Olá, Valdelice. O tema central do livro de Jó é questionar a doutrina da retribuição que era muito forte entre os judeus. A doutrina dizia que Deus sempre castigava os ímpios e abençoava os fiéis, e isso claramente não condizia com a realidade. Já o salmista autor do Salmo 73 já dizia:
Excluir"porque eu invejava os perversos vendo prosperar os ímpios...para eles não há dissabores, seu ventre está sadio e roliço...então, para que purifico minha consciência e lavo minhas mãos como inocente?..." porém, o salmista, apesar do "mistério da prosperidade dos ímpios", continua confiando em Deus e espera que os que estão longe de Deus, um dia se perderão.
Mesmo que não pareça, este caso tem a ver com o final do seu texto. Na década de 1970 eu estava voltando para casa em um sábado à noite. Estava puto da vida, mas tive a sorte de pegar o taxi de um senhor idoso que com sua tranquilidade me fez esquecer a raiva. Ao descer do taxi ele me disse: “tudo o que tiver de fazer, procure fazer da melhor forma que conseguir, Depois não se preocupe mais. Este é o segredo de uma vida longa e feliz”. Quanto ao Deus do AT, existe alguém mais sacana que ele?O Deus do AT é cruel demais, passional demais, humano demais.
ResponderExcluirCreio que o caso se encaixa no meu texto, sim. O Deus do AT é o Deus que o povo do AT precisava, ainda assim, houve homens como o autor do livro de Jó que questionaram algumas crenças arraigadas sobre ele.
ExcluirUn brano davvero avvincente, di grande realtà, su cui porre profonde osservazioni. Un caro saluto
ResponderExcluirSim é verdade, quando nos tornamos adultos percebemos que fazer o bem nem sempre nos leva aos melhores resultados, porém aprendi que apesar dos resultados, fazer o bem (sem que possível) ajuda a manter a vida mais calma e bonita!
ResponderExcluirBeijos e Abraços,
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No fundo, o que se conclui, é que devemos ser capazes de aceitar tudo quanto o destino nos reserva, seja o bom seja o mau, e de uma forma paciente,.
ResponderExcluirAbraço de amizade.
Juvenal Nunes
Gostei muito desse texto, muito bom e bem criativo.
ResponderExcluirArthur Claro
http://www.arthur-claro.blogspot.com
O texto é bem interessante.
ResponderExcluirSó que na minha perspectiva de vida não encaixa completamente.
Bom Novembro !
Estoy de acuerdo en lo que dices, Eduardo, aunque siembres amor a veces recibes todo lo contrario. Pero bueno lo importante es intentar hacer el bien aunque no recibamos lo que esperemos.
ResponderExcluirUn placer estar en tu blog.
Que tengas una feliz tarde.
Un abrazo.