Clube de Detetives Pão de Queijo

quinta-feira, 4 de julho de 2024

CRÔNICA DA CANNABIS EMPODERADA

 



- E aí, Tonho, viu que o STF liberou a maconha?

- Acho que Vi ...

- Então, agora dá pra comprar 40 gramas da bichinha de boa, sem polícia ficar te perturbando.

Odorico, que estava próximo e ouviu a conversa interpelou:

- Calma lá, Anastácio, não é bem assim..

- Como não?

- O STF resolveu legislar e aprovou que você pode carregar 40 gramas de maconha mas o tráfico continua ilegal e proibido. 

- Ué, então vou  comprar maconha onde? Na farmácia? Lá no bar do Tião?

- Não, tu vai ter que ir na Boca...

- Na Boca? Repetiu Tonho. Na Boca eu não vô, é perigoso...vai que na hora que eu tô lá pinta os poliça?

- Mas então deixa eu vê se entendi, interviu Anastácio: O meu traficante pode me vender 40 gramas, certo, Odorico?

- Bem, sim e não...

- Tonho coçou a cabeça.

- O traficante que te vende maconha ainda está fora da lei, pode pegar cana se for pego.

- Mas se me vender só 40 gramas?

- Aí ...ele deve ser usuário que vende maconha...

- Ué -  coçou a cabeça outra vez Tonho - mas quem vende maconha não é traficante...?

Os três amigos se calaram por um tempo, refletindo se podia ou não podia ir na boca comprar 40 gramas.

- Olha - por fim interviu Odorico - melhor a gente ligar lá pro Moraes para tirar essa dúvida.


segunda-feira, 1 de julho de 2024

A MAIOR AVENTURA DA MINHA INFÂNCIA

 



VOCÊS DEVEM TER VISTO PELO MENOS UM DOS FILMES DA FRANQUIA "Férias Frustradas". A história de uma família que sai em férias na maior empolgação, principalmente do pai, Clark, vivido pelo ator Chevy Chase, mas que precisam lidar com vários contratempos na viagem até chegar ao seu destino e curtir suas merecidas férias.

A maior aventura da minha infância foi uma viagem de férias com a família. Eu deveria ter uns onze anos. Morávamos em Angra dos Reis e meu pai decidiu que iríamos de carro até Natal, Rio Grande do Norte. Três dias e duas noites de viagem. Eu vibrei. Minha mãe ficou apreensiva. (não lembro das reações, mas durante os anos conversamos muito sobre essa viagem). Meus dois irmãos menores, Vlanger, oito anos e Shirlene, cinco, embarcaram na minha empolgação.

Diogo,  meu pai, tal qual o personagem do filme, era o mais empolgado. Aventura era com ele mesmo. Tinha trocado seu Fuscão por uma imponente Brasília zero quilômetros. Aquele carro para nós, crianças, parecia enorme! Aliás, espaço nunca foi problema para meu pai, um dia ele colocou dez pessoas no seu Fuscão (não me perguntem como) e vinha pisando fundo. Foi até parado pela polícia.  O policial olhou para dentro do carro, pediu os documentos e perguntou: - tá com presa? Meu pai respondeu: - Estou...(nessa hora eu pensei, putamerda, meu pai vai ser preso...). Não foi, mas depois eu conto essa história. 

Meu pai, muito meticuloso, preparou todos os detalhes da viagem. O carro estava ok, não precisava de revisão, estava novinho em folha ainda com aquele cheirinho de carro novo. A maior dificuldade seria levar três crianças em um carro em uma viagem de três dias. Meu pai resolveu isso fazendo uma cama  na parte de trás da Brasília, que era bem largo e cabia bem três crianças magrelas. O soninho estava garantido. 

Meu pai catalogou todas as paradas que fizemos. Era o momento que eu mais gostava. Almoçar nos restaurantes, ficar olhando as lojinhas dos postos e olhando o vai e vem de gente. Antes da viagem ele tinha comprado um gravador, que era um luxo lá em casa. A família toda ficou fascinada por aquele negócio que gravava nossas vozes. INCRÍVEL! Estamos falando aqui da década de 70. Minha mãe, que cantava muito bem, gravou dezenas de músicas naquele aparelho. Meu pai, falante e teatral que era, em cada lugar que parávamos ele ligava o gravador e dizia, imitando uma voz de locutor: - Chegamos às treze e trinta em ....(foram dezenas de cidades), abastecemos com vinte litros de gasolina, e vamos agora almoçar para depois continuar nossa viagem...fala aí Valda (minha mãe falava alguma coisa)...fala aí crianças...(aí era festa, nós três falávamos ao mesmo tempo na maior algazarra).

Não passamos por muitos sufocos na viagem como acontece com a família do filme mas lembro especificamente de um. Meu pai dirigia à noite, já estava cansado e com sono, minha mãe tinha a missão de não deixá-lo dormir, já que falava muito, a todo momento coisas do tipo "Filho, tá muito rápido, vai mais devagar.."; "olha a carreta grande aí na frente, cuidado, cuidado, não passa agora..." Chegava a ser chata mas meu pai não ligava, gostava até. Antes do ocorrido, eu e meus irmãos dormíamos.

 Acordamos com um baque, um freio brusco e uma balançada no carro...

Quando eu abri os olhos, o carro estava parado no acostamento, no meio do nada, um breu que só dava pra enxergar os faróis dos carros quando passavam na direção contrária. Minha mãe muito alterada, agradecia a Deus por alguma coisa; meu pai parecia extático segurando forte o volante. "O que aconteceu, pai"? Perguntei. Quem respondeu foi minha mãe. Meu pai tinha por um segundo, cochilado no volante; o carro deu uma saída para a pista oposta e logo à frente, dois faróis vindo em nossa direção apitando muito...Minha mãe deu um grito! Meu pai despertou. Foi só um nanosegundo para ele abrir os olhos, entender a situação e levar o carro de volta para sua pista num solavanco e indo direto para o acostamento.

Durante anos foi  divertido parar para ficar ouvindo todo o registro que fizemos daquela viagem e minha mãe sempre apontava que fora Deus quem não deixara a família toda morrer naquela noite. Não lembro de quase nada da nossa estadia em Natal, em casa de familiares da minha mãe, mas a viagem em si, foi sem dúvida, minha maior aventura na infância. E não ficou só nessa. Anos depois meu pai fez outra viagem similar na mesma Brasília, agora indo do Rio até Salvador. O registro está aí abaixo. Meus pais, minha irmã e irmão. Eu tirei a foto.





CRÔNICA DA CANNABIS EMPODERADA

  - E aí, Tonho, viu que o STF liberou a maconha? - Acho que Vi ... - Então, agora dá pra comprar 40 gramas da bichinha de boa, sem polícia ...