NA POSTAGEM ANTERIOR lembrei de Ariano Suassuna e dos dez anos da sua partida. E hoje, um outro grande artista nordestino popular também nos deixou: J. BORGES, poeta e mestre da xilogravura. Faleceu aos 88 anos em casa, em Bezerros, no agreste de Pernambuco onde morava.
Borges foi um ícone da cultura popular brasileira e ficou conhecido pelos seus trabalhos em xilogravuras. J. Borges nasceu em 1935, na zona rural de Bezerros, em Pernambuco. As histórias contadas pelo seu pai, Francisco Borges, teve papel fundamental no envolvimento do filho com a arte, principalmente com a poesia de cordel e com a xilogravura.
A Xilogravura é uma técnica de pintura que se caracteriza por um dos métodos de impressão mais antigos. Essa técnica se baseia no corte de uma figura em superfície de madeira que, em seguida, é coberta de tinta e, assim, impressa em outro local. É feita em três etapas. Trata-se de um processo bastante minucioso, que requer atenção, habilidade e alto detalhamento.
J.BORGES era reconhecido até no exterior como um mestre da sua arte.
Xilografias de J.Borges
Um poema de Cordel de Borges.
HISTÓRIA DO HOMEM DO PORCO
Um matuto muito otário
que nunca aprendeu a ler
criou uma casa de porco
dizendo ser pra comer
matou a porca e o porco
e foi pra feira vender.
Chegou na feira cedinho
arranjou uma barraquinha
colocou a carne em cima
e gritou a carne é minha
um freguês pergunta o preço
da carne da bacurinha.
Disse ele: a porca é da mulher
e o porco é todo meu
o preço do porco é o da porca
passou o dia e não vendeu
e já pela tardezinha
um comprador apareceu.
O comprador lhe falou
a carne é do meu agrado
eu compro a porca e o porco
se o senhor vender fiado
o meu nome é Sou-Eu
o negócio está fechado.
O matuto disse: está
você é um bom freguês
o homem disse: eu comprei
toda carne de uma vez
e garanto lhe pagar
daqui para o fim do mês.
O pobre homem foi embora
sem a carne e sem dinheiro
em casa disse à mulher:
encontrei um companheiro
que comprou-me a carne toda
e paga no fim de janeiro>
A mulher disse: tu és
um otário convencido
depois de tanto trabalho
dá o ouro ao bandido
mesmo assim eu quero o meu
para comprar um vestido.
Quando passou mais de um ano
numa noite calma e fria
o matuto viajou
e passando uma travessia
na mata escura ele viu
gente que vinha ou que ia.
E com medo gritou
de lá alguém respondeu
não tenhas medo colega
quem está aqui sou eu
o homem encostou e disse:
eu quero o dinheiro meu.
Disse o homem: qual dinheiro
que o senhor diz que quer
ele disse: do meu porco
e da porca da mulher
você agora me paga
dê o caso no que der.
A quem eu vendi a carne
disse: que era sou eu
você respondeu agora
que esse é o nome seu
e por isso me pagas logo
a carne que tu comeu.
O homem pagou a pulso
sem comer e sem beber
apertado no punhal
sem poder se defender
deu o dinheiro que tinha
pra se livrar de morre.
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Foto publicada no jornal Folha de Pernambuco
Cordel publicado no site Antonio Miranda
Boa Noite. Obrigado por sua visita e comentário. Aproveitei a oportunidade de lhe seguir, se possível, te agradeço também. J. Borges está com uma exposição no Museu do Pontal, Barra da Tijuca. Quero vê-la antes que termine, fazer uma matéria e prestar uma homenagem para ele. Bom final de semana.
ResponderExcluirMais uma perda.Grande o trabalho dele e gosto dos cordéis! abraços, lindo fds! chica
ResponderExcluirAgradeço a visita ao meu espaço e , sinceramente, gostei de conhecer o seu.
ResponderExcluirPaz para esse artista agora falecido.
Cordiais saudações , bom fim de semana.
Apesar de gostar muito da técnica de execução das xilogravuras usadas nos cordéis, não conhecia desenhos multicoloridos. O cara esra mesmo um mestre. E o poema é muito divertido.
ResponderExcluirBom dia. Tem muitos lugares do Rio, que são desconhecidos, até dos cariocas. O mês de agosto será dedicado ao Rio. Gostaria de ter o privilégio de vc seguir o meu Blogger e acompanhar o meu simples, trabalho.
ResponderExcluirEm Campos do Jordão tem o museu da xilogravura, muito legal, eu recomendo.
ResponderExcluirRealmente esses artistas partindo são uma pena.
Tenha uma linda semana Dudu.
Oi, Edu.
ResponderExcluirAgora ele provavelmente está onde o Ariano está. Eu gosto de pensar assim. Ainda anteontem nas homenagens prestadas devido ao falecimento do J. Borges eu vi uma foto dos dois juntinhos em preto e branco. Se houvesse o recurso de partilhar imagens nos comentários do Blogger eu partilharia aqui. São perdas irreparáveis as mortes desses que podemos dizer que são mestres. Estão deixando, não por quererem, mas seguindo o curso natural da vida, um vazio e um silêncio nas artes que representam.
Boa semana de escrita e de leitura pra você! 💐🎈
Edu!!!
ResponderExcluirAmo essa Arte.
Tenho aqui em casa
uma coleção que retrata
po Folclore Brasileiro.
Não é colorido.
Qualquer dia publico fotos delas.
Quanto a perda de
artistas geniais, eu sempre
digo que são perdas irreparáveis.
Adorei a publicação.
Bjins de ótima nova semana.
CatiahoAlc.