Clube de Detetives Pão de Queijo

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Cacoetes

 


EU JÁ TIVE, E VOCÊ? Acho que todo mundo teve, pelo menos na infância. Refiro-me a CACOETES. Para deixar o significado mais correto possível, me servi do dicionário para expor todos os seus significados:

CACOETE.

Movimento muscular involuntário do rosto ou do corpo; tique. Mau hábito; hábito vicioso que alguém faz por costume. Costume próprio que caracteriza alguém; mania, trejeito, momice.[Linguística] Tendência para preferir ou usar repetida e automaticamente certas palavras, expressões etc.Comportamento da pessoa que repete uma ação por hábito. [Popular] Habilidade, jeito, vocação para algo: escritor sem cacoete para a escrita. Etimologia (origem da palavra cacoete). Do latim cacoethes.is; pelo grego kakoethes.es, "enganador".

Outro aparentado do cacoete, é o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo - só o nome já dá medo).  Este mais grave, pois geralmente, permanente. Também fui buscar no dicionário o significado certinho:

TOC.

Transtorno Obsessivo-Compulsivo que se caracteriza pelo aparecimento permanente de crises obsessivas, de pensamentos, ideias e imagens que aparecem na mente de alguém sem que esta pessoa consiga evitar, sendo aliviadas somente por rituais compulsivos.

Eu passei a infância manifestando vários cacoetes, por exemplo, ficar lambendo a manga da camisa. Minha mãe vivia reclamando e me passando sermões mas não adiantava, os cacoetes precisam se manifestar em seu tempo próprio pois do mesmo jeito que vêm, vão. Eu tinha um toda semana mas não consigo me lembrar de muitos. Minha irmã também era uma cacoeteira de mão cheia. Ela teve cacoetes mais bizarros que os meus, como fazer um movimento de colocar os lábios superiores pra cima expondo os dentes utilizando os dedos indicadores de cada mão. 

Os cacoetes da infância geralmente estão relacionados a imaturidade neurológica, ansiedade, excitação, imitação de comportamentos ou até fadiga e falta de sono.  Talvez ou fosse ansioso. É isso, eu era. O TOC, como já disse, é algo bem mais complexo e permanente mas até pode ser controlado. Não tem um causa única e pode estar relacionado a fatores genéticos, psicológicos e ambientais.

Quando ainda estava na ativa na Marinha, conheci um cabo que tinha um TOC prá lá de estranho. Ele trabalhava de motorista - e quando o conheci me perguntei quem fora o doido que tinha lhe dado aquela função. Ele tinha movimentos involuntários das mãos e braços. Enquanto dirigia, um dos braços subia ora pra frente, ora para trás. Quando mudava a marcha do carro, tensionava totalmente o braço que chegava a tremer. Eu não o conhecia até um dia pegar uma viatura com ele. Até hoje não sei se ele tinha TOC ou algum outro problema neurológico. Ele devia ser muito considerado por algum comandante para estar na ativa daquele jeito. Perguntei a colegas que o conheciam e todos me disseram que era um ótimo motorista, nunca tinha batido nenhuma viatura apesar dos espasmos espetaculares dos braços.

De repente imaginei um maestro diante da orquestra com esses movimentos aleatórios...

E você, confessa pra mim: Quais foram teus cacoetes?

 



27 comentários:

  1. Edu, tive que rir dos teus cacoetes.
    Sabesm, não sei se o "velho alemão" em mim chegou, mas não lembro de ter tido algum cacoete! Estranho! Devo ter tido, claro, mas...
    E coitado desse motorista !
    Mas tu bem lembraste um maestro assim! AFFF! Só tu mesmo!rs abração, chica

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  2. Eduardo, que delícia de leitura! 😂
    Ri sozinha lembrando dos meus próprios cacoetes e dos dos meus irmãos de rua teve uma fase em que meu irmão Laercio franzia o nariz de três em três minutos, e jurava que não percebia! Eu mesma passava os dedos nas pontas do cabelo como se estivesse afinando violino… Adorei como você costurou o humor com a explicação técnica, sem perder a leveza. E esse motorista da Marinha? Uma personagem pronta pra virar conto! Obrigada por trazer à tona essas memórias tão humanas. Confesso: ainda tenho uns tiques escondidos por aí… mas esses a gente só revela em confiança! 😉🙃

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  3. Olá grande Eduardo!

    Olhe... sinceramente acho que nunca tive cacoetes! Pelo menos que me tenha apercebido ou me tenham dito 😅

    Li tudo muito tranquilamente mas... mais uma vez... me fez rir imenso nesta parte! “De repente imaginei um maestro diante da orquestra com esses movimentos aleatórios..." 🤣🤣🤣

    Admiro mesmo imenso a sua criatividade 😁

    Abraços! 🤗

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  4. Uma vez vi um cara assim, com esse negócios nos braços. É estranho, mas não afetava em nada a coordenação motora dele. Era estranho mesmo. Você foi marinheiro? Hummm...

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  5. Olá, Eduardo!
    Confesso que não tive cacoetes, mas um filho teve na pré adolescência... acabou há decadas. Foi no cabelo, botando para o lado a franja... rs...
    Quanto ao TOC, dá mesmo medo só de pensar. Tenho na família alguns com TOC que me veem como bagunceira porque eu não sou paranoica com nada como eles. Deus me livre. Falo de TOC mesmo. Não meço com fita métrica as coisas, por exemplo. Mas nada em minha casa está fora do lugar nem torto, só não faço questão de que seja milimetricamente medido nem colocado...
    Gosto de leveza e vejo o quanto eles sofrem e muito... perdem toda qualidade de vida.
    Foi bom trazer o tema para cá.
    Uma certa vez, uma pessoa deu o testemunho de que precisou abrigar onze pessoas numa casa pequena. Já imaginou se ela tivesse o tal Do TOC?
    Tenha dias abençoados!
    Abraços fraternos de paz

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    1. Você teve, só não lembra....rss

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    2. Cacoete não é pecado algum, lhe garanto que, se tivesse algum que fosse pequenino, eu nunc ame esqueceria porque quem me criou me jogaria na cara até fosse grande e eu não teria como me esquecer... garanto-lhe, Eduardo, rs..

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  6. Eu tenho cacoetes e TOC moderado, mas estou com dificuldade de lembrar. Quando vou calçar sapatos nunca ponho pé esquerdo primeiro. Tenho a mania de bater três vezes na madeira, só subo escada ou entro em elevador com o pédireito primeiro. Isso é Toc ou cacoete? Minha mulher é melhor (um de seus irmãos também era assim): na época em que as placas de interruptores e tomadas eram fixadas com parafuso, a fenda dos parafusos tinha de ficar totalmente alinhada. Ela tem a mania (Toc?) de contar orelhas, nariz e olhos de pessoas com quem está conversando. Uma de minhas noras só toma água aqui em casa em um copo de vidro que ganhamos de brinde e que tem um desenho específico. Outra de minha mulher. Ao chegarmos no caixa de uma drogaria, com aqueles chocolates bem à mão, enquanto eu pagava ela arrumava os chocolates nas caixas. Chega?

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  7. Olá, amigo Edu, gostei muito desta ótima crônica. Eu também já tive meu cacoete por alguns anos: sempre que levantava da cama,
    tinha de ser com o pé direito. Quando me levantava com o pé esquerda, me deitava novamente, para levantar com o pé certo. Um ótimo final de semana, com muita paz.
    Grande abraço.

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  8. Eu tenho TOC.
    Ultimamente está controlado, mas tem dias que eu faço coisas absurdas repetidas vezes.
    Eu tenho mania de conferência, provavelmente começou quando eu trabalhei em uma farmácia de manipulação.
    Meu pai tinha TOC tb, eu lembro que íamos para um aniversário de família na cidade vizinha (30 min de distância) e chegava no meio do caminho, ele voltava para conferir se o ferro estava desligado e depois voltava por outra coisa.

    No entanto, eu acho que o motorista que vc conheceu não tinha TOC. Eu acho que ele tinha síndrome de Tourette. Dá uma pesquisada sobre isto e veja se é parecido com o que vc viu. Tem de movimentos involuntários, tem de falar palavrão.

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  9. Bom dia:- Meu Deus, afaste de mim esses... Cacoetes, 😁😁😁😁😁😁😁😁😁😁😁
    ..
    “” Saudações poéticas – Feliz Sexta Feira ““
    .

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  10. Ah que legal sua crônica. Eu tive e tenho alguns.
    Quando pequena gostava de enrolar os dedos nos cabelos. E ate hoje tenho TOC, gosto de tudo arrumado na minha casa, roupas, bijou, livros e etc,,,
    feliz dia

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    1. Meninas costumam ter esse de enrolar os dedos nos cabelos.

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  11. Oi Edu! Ri pq é algo tão comum, mas que raramente paramos pra pensar kkk- Me vi em algumas partes do texto principalmente quando você falou de estalar os dedos ou mexer no cabelo. Meus amigos dizem que TODA VEZ que vou contar uma mentira, eu mexo no cabelo. Bom, quem sou eu para negar?! kkk-

    Obrigada por compartilhar essa postagem, ótimo final de semana.
    Ju's Reads

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  12. Olá, Edu!
    Gostei de sua crônica e puxando pela memória é claro que tive cacoetes. Lembro de "piscar os olhos", que tristeza, mas ainda bem que o tal cacoete escafedeu-se! E tive um vicio de linguagem que era um horror: eu falava duas ou três palavras e vinha com aquele "né?", coisa horrível. Mas ainda agradeço aos deuses que não foi o gerundismo nem o tal de "tipo".
    Quanto aos TOCs, tenho alguns, bem moderados, e consigo conviver bem com eles. Por sorte meu marido também adquiriu as mesmas manias minhas e nossa casa anda sempre com tudo e limpo e perfeitamente em ordem. (Somos dois velhos, 75 e 81 e vivemos sozinhos e cuidamos de nossos TOCs, rsrsrsrs)
    bjsssssss

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  13. Boa tarde, amigo Edu.
    Acho que todos nós, ou quase todos, temos estes tiques.
    São como dizes e bem involuntários. Mas é inevitável não acontecer.

    Abraço e bom fim de semana.

    Mário Margaride

    http://poesiaaquiesta.blogspot.com
    https://soltaastuaspalavras.blogspot.com

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  14. This is such an interesting and relatable topic. It's funny how those little "cacoetes" appear, especially in childhood. Licking your shirt sleeve sounds pretty common for kids. Your sister's lip-pushing habit is quite vivid.

    It's clear you've thought a lot about the distinction between a simple habit and something more complex like OCD. Your story about the corporal in the Navy is fascinating and a testament to how people can adapt and excel despite challenges. It really makes you wonder about the intricacies of the human mind.

    I definitely had my share of childhood habits, too. I used to twirl a piece of my hair around my finger constantly. Did you have any favorite theories about why your habits appeared or disappeared?

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  15. Adorei esse texto tão pessoal e bem-humorado — e me vi em várias passagens! Também tive meus cacoetes na infância (quem nunca?), e é curioso como essas manias vêm e vão com uma naturalidade própria. A forma como você equilibra informação e memória afetiva torna a leitura leve e deliciosa. 💭💫

    Com carinho,
    Daniela Silva
    🔗 https://alma-leveblog.blogspot.com
    Vem partilhar tuas manias comigo — prometo não contar pra ninguém! 😉

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  16. Confesso que não os conhecia como "cacoetes", mas sim, já tive! Acho que todos nós já tivemos pelo menos uma vez na vida!

    Bjxxx,
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  17. kkkkk, eu tinha na infância, mas nunca me atrapalhou, bobagens de criança. O problema é hoje!
    Quando deito, pergunto ao Pedro se fechou todas as janelas, ele diz que sim, tudo sob controle...mas levanto e vou conferir - no décimo andar!!! 😄
    Agora estou conferindo antes de deitar, e eu mesmo fecho! Isso se deu porque um dia ele disse que fechou tudinho, levantei e tinha esquecido de fechar uma! 😏
    Quando estou na porta para sair, volto e vejo se não deixei o carregador na tomada ou outra coisa qualquer! Excesso de vigilância! 😄
    Mas vou levando sem problemas, tenho de aprender a conferir antes! E não vou mudar mesmo!!
    Bom fim de semana!

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  18. Olá, olá, cheguei! Antes tarde do que nunca... rsrs
    Nossa TOC é algo que eu tenho, tipo ver se a porta está fechada trezentas vezes, se o filtro não ficou aberto, se o fogão tá desligado, se não me esqueci de tirar o note da tomada quando tá carregando antes de sair, se está tudo dentro da bolsa que vou precisar... e deve ter mais rsrs Socorro!
    Beijo, beijo!
    She

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  19. Como Chico e Gil, afaste de mim cacoetes e TOCs. Quem não os teve, atire a primeira pedra. Mas independentemente de lembrar-me deles, não sairia agora me denunciando (dedo duro de si mesmo não tem perdão, é condenação dobrada), bom mesmo é ter o "cacoete" de reler suas crônicas. Reler é o melhor que fazemos para não perder nada. E você conduz seus leitores como um maestro sem movimentos aleatórios. E agradecemos!
    Grande abraço,

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  20. Oi Edu, um cacoete meu é ajeitar os óculos no rosto. Mas é normal ajeitá-los quando estão fora de lugar, não? Sim, muito, o problema é que faço isso mesmo quando estou sem óculos.. hahahaha...

    Até breve;
    Helaina (Escritora || Blogueira)
    https://hipercriativa.blogspot.com (Livros, filmes e séries)
    https://universo-invisivel.blogspot.com (Contos, crônicas e afins)

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  21. Realmente estamos sempre a aprender. Desconhecia a palavra :)

    Eu acho que tenho... Tremer a perna! Mas agora até tenho andado sem ele vício. Talvez fosse da ansiedade e agora também tenho andado mais calma, apesar de tudo :)

    Boa semana

    Cláudia - eutambemtenhoumblog

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