Clube de Detetives Pão de Queijo

terça-feira, 31 de dezembro de 2024

A FESTA É SUA!

 

Dia primeiro de janeiro o Crônicas faz um ano. Vou republicar a primeira postagem que fiz - uma historinha sobre o réveillon em Copacabana(com algumas modificações). E claro, fazia tempo que eu não mexia na cara do blog. 


* * *

Vamos passar o Réveillon na praia de Copacabana, pergunta meu amigo bem animado e cheio de expectativas. Não sei porquê dessas expectativas, já que ele sabe que sou avesso a multidões, nunca nem pensei em passar réveillon em Copacabana, sem falar que estou em um momento complexo da minha existência.

Diante da minha cara de nojo, ele tenta acrescentar positividade ao convite: 

- Imagina! Ver de pertinho aquele show pirotécnico, saltar as sete ondas como manda a tradição... (porque diabos eu deveria seguir tal traição ridícula?), azarar a mulherada vestidas de branco e com calcinhas douradas que chamam dinheiro no ano novo....

Interrompo seu discurso motivacional com um deixa disso, são esses teus argumentos? Calcinhas douradas? Isso é deprimente! Ele não se dá por vencido e lista o nome da galera que vai: O Tião, o Zé Carlos, a Magali, a Soraya... 

- A Soraya vai? Mais um motivo para eu não ir....

- E falando em Soraya, Como vão as coisas com a Catarina? 

- Ainda não foram, mas tá indo...

- Pior de tudo que tu é frouxo e nem tem coragem de se declarar. 

Me ofendeu. 

- Não é questão de coragem, é questão de cozinhar em fogo brando... 

- Esse teu fogo brando não queima ninguém...

Outra ofensa. 

Eu já querendo por ponto final à conversa. 

- Não vou, não vou, não vou, já falei! 

- Que isso parça, não precisa ficar nervoso...! Tu tá mesmo é precisando beijar na boca...

- Oras, tu sabe que eu nunca fui pra Copacabana receber o ano novo, pra quê tá me convidando agora? 

- Porque estou vendo tua situação. Recém saído de um namoro de dois anos, sei que chifre dói, mas é preciso resiliência e superação... e agora, recém tentando fisgar um novo amor... realmente você precisa passar uma borracha no caso Soraya... 

Quero que Soraya vá pros quintos dos infernos, replico com veemência e indignação. Acabo aquela conversa dizendo que ia passar o ano novo com minha mãe.

Depois, já em casa, liguei pra Catarina. 

- E aí, vai passar o Réveillon aonde? 

- Ah, eu vou pra Copacabana com umas amigas, ia te chamar...

Minha hesitação durou dois segundos.

- Sério, que bom, uns amigos também vão, a gente poderia ir juntos, que tal? 

E ainda esfrego na cara da Soraya que já estou em outra, penso. 

- Ah, legal, você gosta de passar ano na praia? 

- Sim, sim, claro...vai ser a sétima vez que eu vou pra Copa, pulo sempre as sete ondinhas...olha, sete e sete, deve ser um sinal! 

- Certamente, os astros estão favoráveis...Ouvi dizer que esse ano serão dois milhões de pessoas! 

- Verdade, também ouvi dizer. Dois milhões...

- Sabe que eu gosto de ficar no meio da multidão, aquele aconchego celebrativo, todo mundo de branco... é tão lindo...tão ...socialista...todo mundo igual...! 

- Que coisa, eu também adoro ficar no meio da galera, aquela animação toda...

- Também gosto de pular as sete ondas como manda a tradição... 

- Pularemos juntos, então. Que horas te pego?


Eu sou uma besta. E ainda fico matutando se Catarina estará com uma calcinha dourada. 


* * * * * * * * * * * * 


COMO JÁ TENHO DITO E ESCRITO,

NÃO TEMOS CONTROLE NENHUM SOBRE 

O ANO QUE CHEGA. E ANO NOVO NÃO É,

É O MESMO VELHO ANO-NOVO-VELHO DE SEMPRE...

NOVO MESMO, É SEMPRE NOSSO DESEJO

QUE O NOVO PERÍODO DE TEMPO DE 365 DIAS

QUE CHAMAMOS DE "ANO" SEJA

MELHOR DO QUE O QUE PASSOU.


ABRA SUA CHAMPANHE E CELEBRE. ENQUANTO AINDA ESTAMOS AQUI. 


réveillon de Copacabana de 2020.



AH, E EU TAMBÉM ODEIO MULTIDÕES E NUNCA FUI 
PASSAR RÉVEILLON EM COPACABANA...




quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Quase Se

 

"QUASE" E "SE" SÃO DUAS palavras pequenas mas poderosas. Podem nos aprisionar em um novelo  embaraçado de eventos e não eventos que  de uma forma ou de outra, para o bem ou para o mal, nos deixam a um eterno remoer e lamentar por coisas que foram "quase" e por coisas que poderiam ser outras se apenas se.  

Quase o carro capota. Quase eu consigo a vaga. Quase o meu candidato ganha. Quase o tijolo caiu na minha cabeça. Quase consegui chegar em primeiro. Quase falei o que não devia. Quase acertei na Mega-Sena. Quase caio no buraco. Quase perdi o horário. Quase faço uma loucura. 

O quase pode nos ser lamento por nos deixar a um fio daquilo que queríamos ou alívio e regozijo por nos deixar a um fio daquilo que poderia nos  prejudicar. 

O "SE" pode ser ainda mais perturbador. Quantas vezes paramos para pensar nos "se" das nossas vidas?

E se eu tivesse me casado com Regina e não com Patrícia? E se naquele dia eu não tivesse saído de casa? E se eu tivesse chegado mais cedo ou mais tarde? E se eu tivesse estudado mais? E se eu não tivesse ido? E se eu tivesse desistido antes de perder tanta coisa? E se eu não tivesse desistido antes de tentar de tudo? E se eu não publicar este texto? 

Tendemos a ver a vida como uma possibilidade aberta de eventos que poderiam dar em um lugar ou em outro conforme nossa livre vontade e livre ação,  mas e se na verdade, tudo o que fazemos e não fazemos, todos os nossos quase e se, forem determinados pela física e pelos nossos condicionamentos ao escolher uma coisa e não outra? E se onde estamos agora é onde teríamos que estar de qualquer forma e necessariamente, diferente não poderia ser? 

Pensar demais nesses possíveis acasos e determinismos, podem nos deixar de cabeça tonta... Seja como for,  O QUASE E O SE nos afetam de forma indelével, mas sempre podemos escolher livremente (podemos?) cantar junto com o Pagodinho: "Deixa a vida me levar..." 

Mas é a vida que nos leva ou nós que levamos a vida? O que será que será?



segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

QUASE NASCEU NO NATAL

 


O EDUARDINHO quase nasceu no Natal mas acabou vindo antes (mesmo atrasado) no mesmo dia que nasce o verão: 21 de dezembro. Teimoso, demorou para sair. A mãe conta entre desolada e exultante que foi quase uma via crucis. O menino não queria  descer e acabou subindo...acho que praticava alpinismo na barriga da mãe. Praticava futebol também porque o que chutava...e hoje, mal consegue parar uma bola com o pé, totalmente inapropriado para jogar futebol. Seu negócio é água: joga ele numa piscina que ele vira peixe.

Por ter demorado a nascer e ter que ser tirado do ventre de onde não queria sair à força (digo, à Cesariana), acabou engolindo água com resíduos inapropriados na barriga da mãe. Já no quarto, não queria mamar. Já nasceu com dor de barriga, tadinho. Uma diligente enfermeira notou o problema e comunicou a uma médica que o levou para fazer exame e anunciou que ele teria que ficar em uma incubadora até que toda a água tivesse saído do seu organismo.

Isso levou cinco dias. Foi o nosso primeiro Natal e ele aconteceu no hospital. Depois dos cinco dias, tudo certo, já mamando normalmente, fomos para casa. O resto é uma história de 14 anos que de vez em quando eu publico por aqui. 

Como sempre faz,  reuniu os melhores amigos e fizeram a festa particular deles, que praticamente se resumiu a muito falatório, gargalhadas, jogos eletrônicos, ida à quadra para jogar vôlei, tomar sorvete na sorveteria ao lado da quadra, voltar pra casa, comer salgadinho, comer bolo e claro, ouvir aquela musiquinha chata que ninguém gosta, especialmente adolescentes....

Com quem será

Com quem será

Com quem será 

Que o Edu vai casar...

E o pai, claro, dando corda no constrangimento protocolar.









quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

OUTROS NATAIS

 


COMO FEZ O PARÇA blogueiro Jotabê, costuro dois dedinhos de prosa sobre meu relacionamento com o Natal. Não tenho lembranças de festas e comemorações na infância. Não lembro de meus pais serem muito afeitos a comemorar o que quer que fosse: Natal, Páscoa, Fim de Ano. Só lembro do meu pai comemorando o Natal bem depois, eu já adulto. 

A partir de algum momento perdido em minha memória, me vejo em casa com meus dois irmãos, e depois indo todo ano à sua casa (depois que voei do ninho) comemorar o Natal. Ele gostava de cozinhar. Fazia o tradicional peru, fazia salada de bacalhau, fazia doces, espalhava frutas da época sobre a mesa, montava árvore, enfeitava a sala e colocava para tocar a noite toda uma musiquinha irritante de Natal que minha irmã sempre pedia para que ele abaixasse o som.

Durante minha experiência como membro de igreja evangélica, tínhamos sempre Cantatas de Natal. Um coral que se formava para cantar hinos natalinos. Tinha também representações teatrais. Eu fui diretor de um grupo amador de teatro de igreja durante 8 anos. Sempre fazíamos uma peça sobre o Natal. Era bem divertido. E trabalhoso.

Depois que meus pais partiram, e eu já não era membro de igreja, passei a ignorar o Natal. Não faço questão de armar árvore nem de  colocar luzes coloridas e pisca-piscas na entrada da casa, mas gosto de ver os vizinhos fazendo isso. Ano passado, minha esposa resolveu retomar a tradição e fez uma ceia e foi bom. A comida principalmente. 

Sem dúvida o clima natalino é diferente. De repente todo mundo começa a falar de paz, harmonia, felicidade... Tudo isso que não temos sobejamente durante o ano. Mas a intenção e o desejo, contam. O que seria de nós sem a perspectiva de um futuro melhor, mesmo não tendo nenhum controle sobre ele? 

Sempre desejamos "feliz Natal" igualmente como desejamos "feliz aniversário" ou "feliz ano novo", mas não sei porquê isso me soa tão vazio...são frases feitas, repetidas automaticamente.

O Facebook todo dia nos lembra o aniversário de algum nosso seguidor. Eu nunca parabenizo ninguém. Me recuso a replicar a artificialidade de desejar feliz aniversário a alguém que eu não sei a data de aniversário e só fiquei sabendo porque o Face me alertou. Coisa minha, podem discordar a vontade.

Aliás, aniversário é outra coisa que eu ignoro. O face nunca lembra ninguém quando eu aniversario porque eu baguncei lá os campos da data de nascimento. O dia do meu aniversário é um dia como qualquer outra para mim. Já teve anos de alguém em casa me dizer: "parabéns",  e eu..."ah, é hoje"?

Voltando ao Natal. Várias músicas de Natal já foram compostas, tanto católicas quanto evangélicas. Uma em especial sempre me tocou. Foi gravado no disco  de uma dupla muito famosa no meio evangélico desde os anos 80: Edson e Telma. 




Edson Coelho é um grande compositor de dezenas e dezenas de músicas gravadas tanto por ele e sua esposa Telma, quanto por outras dezenas de cantores evangélicos.

Nos anos 90 em um dos seus discos, sua filha ainda criança, gravou uma participação com uma música de Natal. Eu gostei tanto da música e da interpretação da menina que a música ficou na minha cabeça e sempre lembro dela nessa época.  Compartilho com vocês: O Natal é Vida.





segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

MITRAÍSMO E NATAL

 


Mitra (à esquerda) investe Shapur II (centro), imperador do Império Sassânida, tendo à sua frente Ahura Mazda, o deus supremo. Sobre seus pés, o imperador romano Juliano morto. Alto relevo do século IV em Taq-e Bostan, no oeste do Irã


25 DE DEZEMBRO é o dia em que a cristandade comemora o nascimento de Jesus Cristo. Porém, muitos cristãos sabem que Jesus não nasceu nesse dia e há grande divergências entre os pesquisadores sobre a data real em que teria nascido. 

Então porque se convencionou o 25 de dezembro como seu nascimento? Essa é uma boa história.

O nome MITRA está ligado à divindades tanto da Índia, da Persia (atual Irã) e também Síria. No antigo persa tinha o significado de "luz, sol, misericórdia, amizade, amor". Divindade guardiã da verdade. Na Índia antiga também havia um deus com nome de Mitra que significava "contrato", "amigo". Era mais que uma divindade, era um harmonizador e construtor da beleza e da perfeição.

No Zoroastrismo persa, Mitra era descrito como "os olhos de Ahura Mazda" (Ahura era o deus do bem supremo). Mitra observava os atos dos humanos e garantia que os que honrassem seus contratos e seguissem o caminha da verdade fossem recompensados.

No Império Romano, o mitraísmo se desenvolveu entre soldados e mercadores romanos. Era um culto de mistério, fechado para os iniciados. Em Roma, Mitra era representado como um deus solar e guerreiro. Era famosa sua iconografia onde aparecia sacrificando um touro. O sacrifício do touro era tema central que simbolizava a renovação da vida e da manutenção da ordem cósmica. O sangue do touro era visto como fonte de toda vida, fertilizava a terra e garantia a continuidade do mundo. O mitraísmo romano tinha uma visão complexa sobre o ciclo eterno de morte e renascimento.

FOI O IMPERADOR AURELIANO quem erigiu templos ao Sol Invictus e tornou o culto oficial em um dia de 25 de dezembro: Natalis del Sol Invictus. Instituiu também jogos em homenagem ao deus sol a partir de 274 dC. O Dia do Sol Invencível, que triunfa sobre a escuridão. A data marcava a virada do solstício de inverno, quando a luz do dia começava a aumentar de forma gradual.

O culto ao Sol Invicto foi celebrado até o ano de 380 dC, quando o Édito do imperador Teodósio, estabeleceu o cristianismo como a única religião do império e proibiu todas as outras.

 

MAS E AÍ, O QUE MITRA TEM A VER COM JESUS?

SABEMOS QUE O CRISTIANISMO se alastrou pelo Império Romano e isso veio a decretar o declínio do culto a Mitra (e de outros cultos), especialmente quando o cristianismo passou a ser a religião oficial do Império. A partir do século IV dC, os templos de mitra foram abandonados ou convertidos em igrejas cristãs. Mas o mitraísmo não morreu sem deixar influências no culto cristão.

PARECE-ME BEM PLAUSÍVEL que o 25 de dezembro, antes o dia de Mitra, tornasse o dia do novo deus do Império Romano, Jesus. A imagem de Mitra sacrificando um touro cujo sangue era purificador, tem ressonância na fé cristã de que o sangue de Jesus purifica os humanos dos pecados. O culto de Mitra eram praticados em  templos subterrâneos. Supõe-se que os fies se reuniam para uma refeição comum sentados em bancos que revestiam a parede (vide imagem abaixo). Essa reunião para refeição comum também se tornou ponto central no cristianismo que ficou conhecido depois como a Eucaristia.



ESTA ERA A REPRESENTAÇÃO do deus Mitra na Pérsia - parece-me que tal figura depois ficou bem associado à figura de Jesus Cristo.



ENFIM, sendo o cristianismo feito a única religião do império em 380, não é absurdo que houvesse compartilhamento e ressignificação de temas pagãs em temas cristãos. 


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Algumas fontes para aprofundamento do tema: 

 Ensinar história

a12 

Mitos e Lendas



Eduardo Medeiros,

dezembro de 2024.

Alguém que não se pode dizer ser cristão de dogma mas é cristão de coração

sábado, 14 de dezembro de 2024

O INTELECTUAL ALEATÓRIO

 



ROBERVAL Amarildo de Menezes Silva Nepomucemo Congonhas Olegário era seu nome. Seu pai gostava de nomes extensos. Impositivos. Nome de senador. Sua irmã chamava-se AMARANTINA Josefina Menezes Silva Nepomucemo Congonhas Olegário. Amarantina nunca gostou do seu nome. Roberval até gostava de ostentar dizendo que só pessoas da realeza tinham nomes tão grandes. Não vê Dom Pedro? Aquilo que era nome...

Desde jovenzinho Roberval foi apelidado pelo amigo Zacarias de "O Aleatório". Bastou Zacarias ouvir o nome dito pelo pai para espalhar para todo mundo que Roberval era O Aleatório. O pai dissera:

— Roberval? Filho do Petrônio? Aquele que não fala coisa com coisa? Ele é totalmente aleatório...

— Meu pai disse que você é o aleatório.

— E o que é isso? Amanhã vamos na represa jogar xadrez na chuva?

— Aleatório é coisa sem sentido, aleatório, tendeu? Que nem tu fez agora. Que tem a vê ir pra represa  jogar xadrez na chuva? Coisa mais aleatória...Aleatório é coisa que aparece do nada onde não devia aparecer. Coisa que você diz sem dizer nada. Igual tu fala! 

— Você soube da professora de português e do carro do Juvêncio que bateu aquele trem de carga, precisamos entrar nele de novo. Não sei o que minha mãe fez para o almoço. Viu o vestido da Sandrinha como tava curto? Eu já passei de ano minhas notas bem altas. Eu te enganei, eu sabia que aleatório era aleatório. A amiga da Sandrinha me deu mole e o macarrão com molho da minha mãe é o melhor.

Zacarias dizia que Roberval falava assim tudo misturado, tudo aleatório para tirar onda de intelectual. Seu pai lhe dissera que intelectuais eram uma raça que não falava coisa com coisa e não serviam pra nada. Roberval não falava coisa com coisa. Era intelectual ou aleatório? Ou os dois?

— Roberval, porque você não fala igual todo mundo? Uma coisa com início, meio e fim? E uma coisa só de cada vez que tenha sentido?

— Não sei. Que sentido faz o sentido se não for sentido? No quartel eles falam "Sentido!" tem que ficar todo duro assim...meu irmão falou. Falo sério, a amiga da Sandrinha me deu mole mas faz tempo que minha mãe não faz lazanha.

— Eu que sou seu amigo quase não entendo o que tu fala!

— Eu entendo tudo o que eu falo...meu pai disse que eu sou normal, só tenho uma incrível capacidade de pensar rápido. Meu carro vermelho você ouviu aquela música no rádio? Eu gosto mais do Roberto Calhambeque bibi, o seriado novo do Tarzan deve ser bom. Me empresta dois cruzeiros?

Roberval cresceu, se formou com brilhantismo nas área da oratória e se tornou o maior senador da República do seu tempo como seu pai desejara. Os invejosos o chamavam de "intelectual aleatório" mas era exatamente isso que fazia de Roberval, um excelente senador.



Eduardo Medeiros,

Dezembro de 2024.

Faltam dois anos para as eleições...



quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

TRINDADE

 



ALGUÉM PODERIA SUPOR  ao ler o título que estarei a falar sobre o curioso e enigmático dogma cristão da SANTÍSSIMA TRINDADE por conta das últimas publicações em espírito natalino ou "transcendental" - mas não. Quero falar de outra Trindade, de uma ilha.

Mas não vou discorrer sobre a ilha, quero convidar-vos a assistir a um Globo Repórter de 1984 e conhecer sobre o que estou falando. Só para pontuar, Trindade é uma ilha ocupada pela Marinha do Brasil, já que fica em posição estratégica para o país. Em 1983 meu pai, então sargento da ativa da Marinha, iria compor a guarnição que ficaria na Ilha por 4 meses. 

A produção do Globo Repórter iria fazer uma reportagem sobre Trindade (depois dessa creio que já fizeram mais 3) e contatou meu pai (Carlos Diogo) para que ele fosse um dos personagens da reportagem. Convite aceito - meu pai adorava um palco - a equipe do repórter Hermano Henning marcou o dia e foi lá em casa filmar a participação dos meus pais. 

Foi um acontecimento para a família tanto no Rio, quanto em Natal e Salvador ao ver meus pais saindo na GLOBO!! 

Somente anos depois consegui uma cópia do programa e fiquei indignado que o formato analógico da cópia  do programa tinha cortado metade do meu corpo em uma das cenas onde eu apareci por uns segundos. Só apareço depois na janela dando adeus para o meu pai, simulando uma despedida.

O Globo Repórter fez um belo trabalho, com participação de outros militares e com a história triste de um sargento que morrera afogado em um dos pontos perigosos da ilha naquele mesmo ano.

13 de dezembro é  dia do Marinheiro, então fica a postagem como homenagem.  À época da reportagem eu também já estava na Marinha e um mês depois também fui à ilha em um navio de abastecimento e fiquei lá por três dias com meu pai. Foi um momento que guardo com carinho na lembrança.


Papai Diogo

Eu e a paisagem de Trindade


Eu pegando uma carona na tartaruga gigante. Acho que ela não gostou. Acho que se fosse hoje eu seria multado pelo IBAMA...


Assistam até o fim, é um programa legal.







terça-feira, 10 de dezembro de 2024

ÉS - VICTORINO SILVA

 

E COMO ESTAMOS EM DEZEMBRO, Natal, Jesus, Papai Noel (geralmente mais Papai Noel do que Jesus), aproveito para compartilhar coisas do tempo em que eu "era crente". Digo crente, assim, de ter cartão de membro de uma igreja, de ter compromisso com várias atividades, de ter sido diácono quase pastor, etc. Hoje não frequento mais nenhuma igreja (mas se me convidam, dependendo da igreja, eu vou).

Como não seria diferente, muito das minhas crenças nas doutrinas cristãs foram ressignificadas na minha cabeça (e isto aconteceu há décadas, ainda membro ativo de igrejas). Lideranças cristãs não gostam de gente que pensa fora da caixa. Eu entendo, eles precisam manter a "unidade" sem barulhos ou tensões, por isso me retirei, mas ainda me considero no mínimo, um cristão evangélico cultural. No campo da teologia (campo onde me meti muitas vezes), diferentemente do campo devocional,  admite sem problemas novas visões para velhos dogmas. Admite a discussão. Admite a controvérsia. Não se faz teologia sem controversas.

Mas não é disso que quero falar. Quero falar de Natal, de Jesus e...de música gospel boa que eu ouvia e ainda ouço, mesmo não sendo mais "evangélico padrão". Muita música boa no campo gospel foi composta por vários cantores, cantoras, grupos e bandas nos anos70 até os 90 - época em que estou mais familiarizado. Não conheço quase nada do que se faz hoje na música gospel no Brasil. Acho que como todo o resto - piorou.

E quero deixar para vocês, para quem conhece e para quem vai conhecer agora, um dos maiores cantores cristãos do Brasil, VICTORINO SILVA.  Dono de um voz potente(mesmo tendo só um pulmão), afinada, bonita, Victorino Silva fez muito sucesso no meio nos anos 70-90. Não sei se ele ainda canta hoje como outrora, pois já está em idade avançada, mas pela potência vocal que tinha, creio que cantará até no túmulo.  ÉS.




Autor: Victorino Silva


És o orvalho que nutre a rosa

És a rosa que enfeita o jardim

És o jardim que ornamenta a campina

És o campo radioso se fim

És um raio de luz entre a sombra

És a sombra suave e fiel

És o manto azulado do espaço

És o braço que me une aos céus


És o sonho ideal da poesia

Que irradia na rima do verso

Na candura do meu dia a dia

O segredo total do universo

És o berço que embala ao que nasce

És a face da alma remida

És degrau para eterna subida

És a vida meu Deus

És a vida


És a ponte que jaz sobre o abismo

És fonte dos mananciais

És o doce barulho das águas

No deserto és descanso de paz

Tú que reinas acima da morte

És o forte que sustenta a cruz

És o norte que orienta os filhos

És o brilho no olhar de Jesus



Eduardo Medeiros

Recordações musicais em pleno dezembro de 2024. Faltam 11 dias para meu filho nascer.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

JESUS DE NAZARÉ

 



Certo dia me propus a escrever um pequeno texto sobre Jesus de Nazaré que tivesse a aceitação tanto de crentes quanto de ateus. Tentei mas acho que não consegui. Para lograr a aceitação dos crentes, foquei não no "Jesus Cristo" (o Jesus da teologia, divinizado) mas sim no Jesus de Nazaré (homem histórico), já que a doutrina cristã vê Jesus como Deus e como Homem. Focar no homem não seria então um erro. Aos ateus, permiti-lhes até dizer que ele nunca existiu, não importa. O personagem é que é importante. Não acho que o texto agradou aos crentes mas talvez tenha agradado a algum ateu.


* * * 

JESUS É UM PERSONAGEM FORMIDÁVEL. 

NÃO, NÃO ME INTERESSA se ele teve existência histórica (como eu acredito) ou se ele foi uma invenção dos romanos (tese também sem nenhuma comprovação). 

JESUS É FORMIDÁVEL pelo o que ele é nos Evangelhos - livros muito mais teológicos do que biográficos. Não interessa como foram escritos, quem escreveu, isso não interessa agora. O importante aqui é a mensagem e o impacto dela na história.

NÃO PRECISA acreditar se ele andou sobre as águas ou ressuscitou mortos (eu acredito que não, mas se você acredita que sim, tudo bem). Tais relatos apenas  deixam o personagem mais interessante, mais "MÍTICO" no sentido positivo do termo: "ah, aquele cara foi tão grande, tão grande, que virou mito..."(como o Bolsonaro...NÃO, NÃO, NÃO, DESCULPEM, EU NÃO DEVIA FAZER PIADA AQUI).

COMO DIZ LEONARDO BOFF, numa construção teológica cheia de significados, "Jesus era tão humano, tão humano, que só podia ter sido Deus..."

O PERSONAGEM JESUS É TÃO PODEROSO que mesmo que não tenha existido, dois mil anos depois da sua "não existência", pelo menos 2 bilhões de pessoas no mundo hoje acreditam nele e tantos outros bilhões creram nele no passado desde que a notícia da sua "ressurreição" (que eu não creio ser histórica, apenas teológica já que outros deuses antigos também "ressuscitaram") começou a correr pela Palestina e depois ganhou o mundo grego e chegou a se tornar a única fé do Império romano. 

O HOMEM QUE EMERGE das narrativas evangélicas é um homem pobre, simples, talvez carpinteiro, que passou por todos os dramas de crescer e se tornar homem igual a todos os meninos do seu tempo mas que ainda muito cedo se viu com uma missão (impossível?): TRAZER O REINO DE DEUS À TERRA, esperança milenar de todo o seu povo judeu.

TOMOU PARA SI A TRADIÇÃO PROFÉTICA MESSIÂNICA, somou isso ao seu espetacular caráter carismático e alguns dons de cura (e nisso eu acredito historicamente já que há outros exemplos desses curadores à época), INCORPOROU AO SEU DISCURSO POLÍTICO-RELIGIOSO o essencial da TORÁ, afirmou-a (não a negou) e estava certo que o povo judeu somente poderia confirmar seu DESTINO  ao mundo ao se curvar ao essencial da TORÁ e não ficar "coando mosquitos" como faziam os fariseus, apesar destes também poderem entrar no REINO mas somente depois das prostitutas...

SEU  OLHAR ERA DE PURA COMPAIXÃO PELO QUE SOFRIA. Não era inflexível. SUA MISSÃO ERA PARA OS JUDEUS mas quando não judeus  atravessaram seu caminho lhe pedindo ajuda, ele não se furtou a ajudá-los. A mulher fenícia e o centurião romanos são bons exemplos. 

RELATIVIZOU a soberba judaica de ser "povo escolhido, filhos de Abraão" dizendo que Deus poderia fazer filhos de Abraão até de pedras...

SEU GRANDE  EXEMPLO ÉTICO não foi o sacerdote, nem o levita, e sim, o" Bom Samaritano" (judeus miscigenados desprezados pelos "judeus puros").

O SEU SERMÃO DO MONTE, não de todo original dele mas a partir dele se tornou mensagem universal, É A MAIS PODEROSA MENSAGEM DE CONVIVÊNCIA SOCIAL JÁ ESCRITA(se soubermos entendê-la de fato)

O SERMÃO DO MONTE é tão poderoso, tão "além do homem" que na prática é impossível praticá-lo sem que o homem se torne um NOVO HOMEM. 

A ESSÊNCIA DESSE NOVO HOMEM SERIA O AMOR. Não aquele amor meloso, bonitinho, choroso que vemos em um filme romântico tipo Romeu e Julieta. O amor é tudo menos isso. Amor é uma atitude. É uma decisão de se fazer de um jeito e não de outro. É ação que zela pelo o que é importante - Jesus açoitou cambistas no Templo de Jerusalém. Criou um grande tumulto  mas fez aquilo por zelo pela "Casa do Pai".

O AMOR-AÇÃO-ATITUDE FOI O ÚNICO CRITÉRIO que Jesus estabeleceu para se viver no novo REINO DE DEUS, tudo o mais seria descartável e sem VALOR EXISTENCIAL. E como nesse sentido é estranho como durante os séculos posteriores, o cristianismo tenha posto tão pesados fardos nas pessoas que quisessem entrar no Reino de Jesus!

 NÃO INTERESSA SE VOCÊ NÃO ACREDITA NA SUA EXISTÊNCIA, se você ler os Evangelhos sem preconceitos, SE APAIXONARÁ POR JESUS DE NAZARÉ. 

SEU FIM TRÁGICO condiz com sua vida vivida autenticamente em um mundo não autêntico. 

FOI O FIM TRÁGICO DE UM HERÓI TRÁGICO. 

ELE NÃO VIU O REINO CHEGAR...desesperou-se na cruz pois viu tudo ruindo, sua missão chegando ao fim sem o fim desejado por ele. Bradou que seu Pai tinha lhe abandonado...

NAZARENO, o mundo continuaria o mesmo...você tocou milhões de pessoas mas não conseguiu mudar a essência do mundo. OS PODEROSOS OPRESSORES CONTINUARAM NO PODER.

SIM, TEU PAI TE DESPREZOU...A história continuaria a ser trágica mas todo aquele que um dia foi tocado pela tua mensagem, pelos teus atos, pela tua solidariedade, pela tua autenticidade, pela tua dor, recebeu um impacto de vida. 

COMO NENHUM OUTRO VOCÊ PÔS A RODA DA HISTÓRIA PARA GIRAR, mas como disse acertadamente um grande teólogo, VOCÊ COLOCOU A RODA DA HISTÓRIA PRA GIRAR MAS FOI ESMAGADA POR ELA...

OU, SE VOCÊ acredita que a cruz não foi seu fim...

A ressureição de Jesus tenha sido histórica ou só construção teológica, representará sempre a possibilidade de transformação da humanidade para algo superior a ela mesma. 

Como queria Nietzsche.  



Eduardo Medeiros, dezembro de 2024.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

VOCÊ NÃO CONTROLA SUA VIDA

 



                   É VÃ NOSSAS CERTEZAS. 

É vã acharmos que controlamos 

O rumo 

               de 

                      nossas  

                                vidas... 

Ei, vida, tá indo pra ONDE?


                   Não sabemos se vamos chegar no mercado, 

              Ou se vamos trilhar aquela trilha combinada para as próximas férias.

Se vamos subir na escada e de  lá de

                                                  cima não 

                                                                  cair... 

Não sabemos se o trajeto nos levará ao destino querido

só nos resta 

                  caminhar...

                                     caminhar...

                                                     caminhar... 

                                                  Ai, meu pé!

                                                      Ah, Drummond, olha essa pedra no meio do caminho!


Eu planejo.

Tu planejas.

Ela planejará. 

Se vai sair conforme o previsto

Não há nenhuma 

Certeza nisso

Só resta FAZER e se EMPENHAR e

                                esperar ...

                                             esperar ....

                                                       esperar...

.

Ah, TOQUINHO

deixa-me usar um pedacinho

                 Da sua aquarela

Porque eu também sei

que 

            O futuro é uma astronave

                        que tentamos pilotar...   

                                                     TURBULÊNCIA! TURBULÊNCIA! APENTEM OS CINTOS!


O Piloto continua em sua cadeira

Mas se o pouso será suave

É sempre uma questão de espera.

                                        

EI, FUTURO! Mostra-me tua cara!

DIGA-ME, suplico, qual é a minha quimera 

Que eu reputo ser CERTEZA?


Vai, Futuro, põe as cartas na mesa.


* * * * * 

Eduardo Medeiros,

Aos dois dia de dezembro, outono de 2024.


Meu Pet Bebê

 VOCÊS TÃO LIGADOS   nessa onda atual mas que vem de longe, de considerar animais domésticos como "Bebê". Meu bebê pra lá, meu beb...