Clube de Detetives Pão de Queijo

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

BÉNÇA, VÓ

 


UMA FRASE COMUM  dita pelas crianças antigamente era "bénça, vó", "bença, vô", "bénça pai", "bença mãe". Não tenho estatísticas, mas creio que o hábito de se pedir "benção" aos mais velhos vem caindo de uso a cada década, principalmente nas grandes cidades. Não tínhamos a mínima ideia do real significado de se pedir uma benção. 

Lá em casa meus pais não nos ensinaram tal costume, imagino porque minha mãe deveria achar que era coisa de católico. Minha mãe, protestante, não queria nada com o catolicismo. Mas eis que ao nos mudarmos para Salvador BA e irmos morar no mesmo terreno da minha vó paterna, um amplo espaço onde havia casas de três tios e suas famílias (sim, muitos primos), tive que aprender a petição. Todos meus primos logo de manhã, ao verem pela primeira vez qualquer adulto já iam pedindo:

- Bénça, vô.

- Bénça, tio.

- Bénça, tia.

Tive dificuldades em incorporar ao meu vocabulário a tal petição. Meus pais não se opuseram, acho que minha mãe não queria causar uma discussão em família. Aos poucos fui me acostumando a pedir benção pra todo mundo. Se eu sabia do que se tratava? Se eu sabia do porquê ter que pedir benção? Se eu sabia o que significava? Nada nadica de coisa nenhuma. Nunca ninguém me explicou, só disseram que eu tinha que pedir a benção para os mais velhos. Eu apenas pedia, assim como meus primos. Como se diz, eu ia na onda. 

Tinha mais, o pedido completo da benção, incluia beijar a mão do adulto que nos brindava muitas vezes, com um carrancudo "Deus te abençoe" - acho que até mesmo alguns deles não gostavam muito da tradição...

Sou meio laico na criação do meu filho, jamais lhe ensinei tal tradição. Aqui em casa o hábito é o bom e velho "bom dia, pai", seguido por um abraço, um beijo e um cheiro. (Essas três coisas são obrigatórias).  Minha sogra trouxe o costume da sua mãe católica. Todos os filhos, filhas e netos lhe pedem benção, porém, sem o beijo, abraço e cheiro porque ela é daquelas que gostam de manter distância física. Os filhos lhe beijam quase à força. E meu filho, claro, se acomodou ao ritual sem nenhum problema. Ele com seus dois ou três aninhos, viu a vó lhe decretando: "cadê a bénça da vó?, tem que pedir a bénça..." Nunca me opus. 

Todos os meus cunhados mantiveram a tradição que aprenderam com a mãe, e seus filhos,  também fazem a petição da benção. Meus  sobrinhos porém,  já desistiram de me pedir, pois eu nunca dei a mínima importância a ela. Quando me pediam benção eu, brincando, respondia:

- Alá, te abençoe.

- Oxumaré esteja contigo.

- Tupã ilumine sua vida.

Claro, a estranheza pela quebra do protocolo os deixava sem saber  o que dizer. Alguns riam e diziam "que isso, tio..."; outros mais carolas, me repreendiam com um "o sangue de Jesus tem poder" ou "Eduardo, para de dizer isso para meu filho!"

Ué, me pedem benção mas não especificam de qual deus querem a benção. Eu apenas escolho um, gosto de diversidade. 


* * * *


Preciso esclarecer que não sou um intolerante contra a religião de ninguém e me dou muito bem com todos meus cunhados e cunhadas e seus filhos,  mas meu espírito meio irônico e gaiato, me levaram à tal brincadeira com meus pobres sobrinhos. Mas todos gostam muito de mim e a maioria já aprendeu: comigo é no "oi, tio", beijinho e abraço.


sábado, 25 de janeiro de 2025

O Envelhecimento do Japão

 



ONTEM LI UMA matéria que me fez pensar: Como um país como o Japão, um gigante tecnológico, uma economia forte, um país rico, que eu sempre  soube que tratava com muito respeito e até honrarias os mais velhos, pode estar passando por isso? "Isso", no caso, é o envelhecimento acelerado dos japoneses que está provocando uma situação no mínimo, bizarra. Segundo dados, um em cada 10 japoneses têm 80 anos ou mais. Ou seja, as mulheres jovens não querem mais ter filhos, e isso é um problema também na Europa.(não vou aqui me deter nesse assunto pois ele é bem extenso e complexo).

Muitos idosos japoneses sofrem com a solidão e privação econômica, e estão preferindo cometer algum pequeno crime para serem presos, principalmente mulheres. Isso indica uma crise social grave no país do sol nascente. Cito abaixo, um trecho da reportagem:

Nos últimos anos, os crimes cometidos por pessoas acima de 60 anos no Japão cresceram drasticamente. Em 1990, eles representavam menos de 5% do total; hoje, ultrapassam 20%. A maioria dessas infrações são pequenos furtos, como roubo de alimentos, frequentemente motivados pela precariedade econômica. Para muitos idosos, a prisão se tornou uma forma de garantir moradia, refeições regulares e cuidados médicos, vantagens que a vida fora dos muros da prisão não oferece.

Deveras curiosa essa situação. Os presos japoneses estão sendo bem mais tratados do que seus idosos. Ainda bem que aqui no Brasil não temos isso, somos isonômicos: tratamos MAL tanto nossos idosos quanto nossos presos.


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li em IGN Brasil

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Cinco Dias Off




CINCO dias off. Sem rede social e sem blog. Senti falta? Só um pouquinho...Partimos quarta-feira passada para uma viagem de 6 horas de carro do Rio para São João da Barra, terra do famoso conhaque alcatrão, o "conhaque do milagre". Destino: O SESC de Grussaí, um lugar que eu adoro visitar e desta vez levei minha irmã e meu cunhado junto. Inaugurado em 1979 pelo Sesc Minas Gerais, a Unidade passou a ser administrada pelo Sesc RJ em 2022. Em sua grande área(um milhão e oitocentos mil metros quadrados) encontram-se diversos equipamentos de lazer, as famosas réplicas do Taj Mahal, Pagode Chines e Casa de Chá japonesa. Sem falar nas três piscinas, várias quadras esportivas, biblioteca e espaço quase infinito para crianças brincarem. Há programações diárias como caminhadas, passeio de bicicleta, hidroginástica, aula de danças, shows musicais...uma verdadeira terapia mental. Eu estava devendo um passeio desses à minha esposa que por conta de mudanças de empregos, já estava sem férias e sem viajar há dois anos. olhem aí algumas fotos. 


Réplica da Agora grega.


Pagado chinês (templo)


Refeitório


Réplica do Taj Mahal 


Réplica da Esfinge egípcia



Réplica das pirâmides do Egito.


Igreja histórica em São João da Barra


A turma toda (a sorridente da frente é minha esposa)


A turma toda 2 (Lá atrás minha irmã e meu cunhado)


Beira do rio Paraíba que corta a cidade de São João da Barra


Réplica do Taj Mahal


Dentro da réplica da Agora



Mandei um beijinho pra macaca. Acho que ela gamou. (Exposição de carnavais em São João)


Eu e Ela




Eu e o outro eu, fazendo exposição libidinosa em uma das praias de São João.



Um menino muito reflexivo, gosta de tirar fotos olhando pro nada.


Nós três


Ela.






Meus amores





Pra não perder o pique, uma corridinha ao som dos passarinhos...



Horas depois,  uma aulinha de hidroginástica. 



É isso aí.


segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Um Certo Réveillon

  



Escrevi essa "crônica-conto" no início do ano passado com o título "Caetano e Elis". Tinha algumas inconsistências. Dei uma repaginada e estou republicando com novo título mas com o mesmo teor: uma reunião de amigos onde estão presentes Caetano e Elis na chegada do ano de 1974. Resolvi brincar com alguns versos de canções gravadas pelos dois e os coloquei em algumas falas e narrativas, eles estão em itálico. Resolvi não colocar os diálogos em parágrafos com travessão para que o texto do pequeno conto fosse mais fluído.


* * *


Festa!  Alegria, alegria! 1974! Expectativas de um tempo melhor do que já foi. Gente, depois do Tri, depois de Londres, depois das guerrilhas, Parece que o tempo do chumbo grosso já passou. Afrouxaram o laço do pescoço....E essa tal guerrilha, minha gente, pra quê? Vamos vencer com a poesia e a canção...

Elis vê o amigo no recinto festivo. Ai, caêtano, como vai indo meu rei? Tô caminhando sem lenço e sem documento, minha deusa, como sempre!. Elis, com largo sorriso na cara, abraçou o amigo e lhe afagou os caracóis. Aquela noite de dezembro estava quente e aconchegante. Festa da vida, da música, do encontro. O natal passara quase agora e os próximos dias anunciavam um novo velho ano mas que poderia ser um novo tempo, de fato. Talvez. O que será, será que será desse ano que se impõe? Esperanças, meu amigo, esperanças...

 Alguém soltou uma gargalhada quase indecente. A piada foi boa? Sorrisos largos apesar dos choros de Marias e Clarices nunca esquecidas. Caê, lembre-se que o show de todo artista tem que continuar e sei que uma dor assim pungente, não há de ser inutilmente...a esperança dança na corda bamba...Minha rainha, isso é bonito demais...Foi o Aldir e o Bosco. Estão escrevendo. O Henfil e todo mundo precisavam voltar...

 Os homens serão melhores no futuro, Caêtano? No porvir tudo pode ser pra nascer novo ser ou não... Enquanto os homens exercem seus podres poderes, tudo se repete, não é Elis? Isso também dá música... Elis sorriu, divertida e carinhosa. Opa, me passa uma bebida! Preciso afogar as mágoas da saudade...  Do quê ou de quem estás falando Caê? Uma tigresa de unhas negras e íris cor de mel. Uma mulher, uma beleza que me aconteceu... Elis, pega outra bebida, vou trazer o violão... Eu sei que o amor é uma coisa boa, Caê!

    Alguém no outro lado cantou Joplim seguido por outros ao redor  "A Woman left loney will soon grow tired of waiting..." 

O que foi a passeata contra a guitarra elétrica, Elis, perguntou o anfitrião olhando de rabo de olho.  Amigo, não dava pra ficar impassível diante do rock! Eu só queria preservar nossas raízes, respondeu Elis risonha. Vocês queriam mesmo era fazer propaganda do Fino da Bossa que você ia apresentar na TV - disse Caetano trazendo o violão. Vamos cantar Joplim ou beetles? Ou João Gilberto? Eu achei aquilo tudo brega, aquela passeata...querer limitar as possibilidades de experimentação musical da MPB, decretou, já dedilhando as cordas do violão.

Elis sorriu.

Viva a Tropicália!, gritou uma jovem de cabelos cheios e embolados sentada no chão e encostada na parede onde  jazia um quadro de João Gilberto, onde o bossa nova aparecia em um banquinho com um violão. Viva! gritaram outros. Elis não arredou. Soltou uma gargalhada debochada e vaticinou, ora, seus tontos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais.. Caetano sorriu. Tu és mesmo uma pimentinha...ouve essa: Quero você com a alegria de um pássaro em busca de outro verão..

     Uma sirene lá fora. Seria bombeiro, ambulância ou polícia? 


terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Não tenho amigos de infância (Desilusões amorosas infantis)

 



ACHO TÃO LEGAL quando alguém diz sobre alguém: "Ah, ele é meu amigo de infância". Eu não posso dizer o mesmo, pois todos os meus amigos de infância estão perdidos nas areias do tempo... Areias do Tempo é o título de um dos livros de Sidney Sheldon. Acho a expressão tão poética, tão forte, tão...areosa e temporal! Aproveitei para usar aqui...com  reticências para ficar legal. Adoro reticências... 

Desde que nasci em 1964, até meus 14 anos, minha família morou em Aracaju, Salvador, Angra dos Reis, outra vez em Salvador, depois definitivamente no Rio de Janeiro. Coisas de pai militar.  Ou seja, um monte de amiguinhos de escola com os quais convivi nesse período, estão perdidos nas areias do tempo...olha, usei o termo outra vez. É redundância que se chama? 

Dos oito aos doze, estava em Angra dos Reis. De lá lembro bem de um único amigo, meu vizinho, filho do seu Zezinho Caçador (que já apareceu por aqui na crônica Olha a Cobra!) de nome Rose. Rose era um nome bem estranho para um menino dos anos 70. Mas minha lembrança do Rose é muito mais por causa da sua irmã, Regina: Uma belíssima galega no auge dos seus 16 anos que minha mãe contratou para me levar e trazer da escola. Regina tinha cabelos amarelos encaracolados até os ombros e longas pernas que sempre estavam vestidas(ou desnudas?) em minissaias coloridas. Eu ia de mãos dadas ao seu lado. Ao lado daquelas pernas...o doce movimento do seu andar  polvilhava meus sentidos de vastas emoções... 

Quando fiz dez anos, me vi já um homem. Disse à minha mãe que eu não precisava mais da companhia de Regina. Tinha começado a pegar mal ir `a escola acompanhado quando ninguém mais ia. A pressão social juvenil escolar, que é uma das mais ferrenhas que existem, me fez abandonar a proximidade com as poéticas pernas de Regina. Depois soube que ele arranjara um namorado. Aquilo para mim foi uma grande traição. Minha primeira desilusão amorosa...

Eu tinha doze anos quando Soraya entrou em minha vida. Era uma belíssima morena de cabelos longos e cheios. Para mim, a garota mais linda da escola, a própria encarnação da beleza. Nem Vênus chegava aos seus pés. Soraya me fez esquecer Regina. Meu coração disparava quando a via. Ir à escola era o momento mais feliz do meu dia. Ela correspondia, pois sempre me lançava olhares e sorrisinhos cativantes...porém, trocávamos poucas palavras. Era quase amor platônico... o que eu tinha de coração agitado, tinha de tímido. Quando meu pai anunciou que íamos nos mudar para o Rio de Janeiro minha vida terminou. Chorei, arrazoei, discuti, sugeri ficar morando com seu Zezinho...Não teve jeito. Tive que me despedi de Soraya sem nem ao mesmo ter coragem de lhe dizer "eu te amo". 

Soraya foi minha segundo desilusão amorosa. 


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Eduardo Medeiros

Janeiro de 2025

sábado, 4 de janeiro de 2025

POUCAS E BOAS

 

PARA COMEÇAR 2025 SUAVE E AMENO,  VOU COMEÇAR COM AMENIDADES...




ALGUM FANTASMA QUE PERDEU A MÃO?

OU SERIA O MÃOZINHA DA FAMÍLIA ADAMS?


A misteriosa foto de Belfast

Essa misteriosa foto, foi feita em um antigo moinho na cidade de Belfast (Irlanda do Norte, Reino Unido)por volta de 1900. Na imagem, você pode ver um grupo de 13 funcionárias de pé e com os braços cruzados  em seu local de trabalho, no entanto, a foto contém um detalhe estranho...Na parte direita da imagem, no ombro direito de uma das meninas, está algo estranho: Uma mão que não pertence a nenhuma das meninas na foto. A mulher com a mão no ombro, foi reconhecida a alguns anos por sua neta, e chamava-se Ellen Donnelly. A neta de Ellen ficou feliz de rever a imagem de sua vó ainda jovem, mas ficou impressionada com a aparição da mão "extra" na foto. 

Vários especialistas em fraudes digitais ao analisaram a imagem concluíram que ela é genuína, livre de edições. Até hoje, ninguém conseguiu explicar o ocorrido e a "mão "Fantasma" na foto, se tornou um dos maiores mistérios entre os investigadores paranormais no mundo inteiro.


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SERÁ QUE ISSO ACONTECE???
ACHO QUE NÃO....




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ACHEI CRIATIVO.




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PERSPECTIVA É TUDO!!


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OLHA A CARA DE ÂNIMO DO CIDADÃO PARA COMEÇAR O ANO NOVO...


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NÃO DEU PRA LIGAR PRA TUDO MUNDO, NÃO.



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O GATINHO TÁ CERTO...



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E PRA COMEÇAR UM ANO BOM MESMO, 
NADA COMO UMAS BOAS RISADAS INFANTIS.



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E PRA FECHAR, UM POEMA BELÍSSIMO QUE APRENDI NA ADOLESCÊNCIA. CERTAMENTE ALGUNS LEITORES DEVEM CONHECER. O AUTOR, QUE DESCONHEÇO, É UM GRANDE POETA...


A lua vem nascendo
Redonda como um tamanco
Se você é meu amigo
Por que furou o pneu da minha bicicleta?

Naquela Mesa (Crônica de Pai, Filho e Avô)

ANO PASSADO eu e meu filho conversávamos sobre o avô Diogo, meu pai. Como não teve uma relação muito extensa de neto-avô, já que meu pai fal...