Já aconteceu com você, tenho certeza.
A cena é típica. Você está escolhendo uma roupa para sair e pega aquela camisa que há tempos você não usa e aí sente que tem alguma coisa no bolso. Aí é que a mágica acontece! Você achou em um bolso aquela nota de cinquenta ou de cem reais que você nem sabia mais que existia... Aquela nota que você deixou ali para guardar mais tarde e esqueceu completamente. Pior destino terá a nota esquecida quando a peça de roupa vai para a lavadora e só depois você percebe que lavou a roupa com a nota dentro...mas quase sempre dá para salvar. É preciso medidas de emergência: Pegar com muito cuidado a nota toda molhada e retorcida, secá-la com um secador ou deixá-la quarando no sol e depois se quiser, passar um ferro para desamassar. Se a nota já era velha, a coisa é pior, ela pode rasgar e ficar muito prejudicada. Coisa para UTI mesmo...
Nunca achei cem reais perdido em algum bolso mas já encontrei dez, vinte e até cinquenta, sem falar nas moedas. Um dia encontrei um bilhete todo amassado e desbotado no bolso de uma bermuda. Aquele certamente tomou banho sem ser notado. Era uma lista de compras: Ovos, pão integral, leite desnatado, cebola...manchas, manchas, borrados....não dava para ler tudo.
Não sei porquê é tão emocionante achar coisas perdidas em bolsos! Deve ser a alegria do reencontro. Mas isso não acontece só com bolsos, acontece também com gavetas quase nunca abertas, em pilhas de papéis que um dia você vai dar uma olhada e nunca dá, naquela caixa de "arquivo morto"... Um dia encontrei uma foto minha e da minha esposa de quando éramos namorados. Nossa, olha só essa foto...como você era magra....Não, melhor não dizer isso se não quiser começar uma briga. Melhor optar pelo mais simples e comovente: Olha, amor, como éramos tão jovens nessa foto...
Essa semana mesmo encontrei no fundo de alguma gaveta, misturado com várias papéis velhos, algo que me deixou deveras emocionado. Minha mãe era uma leitora voraz. Não tinha muita cultura, tinha cursado até a antiga (muito antiga quem nem sei qual era o nome que dava!) quinta série. Mas lia muito bem e lia tudo que lhe caia às mãos. Em outra hora escrevo sobre seus hábitos literários. Mas lá estava ele: Um caderno já bem velho com todas as páginas escritas. Ela tinha o hábito de anotar o nome dos livros que ia lendo. Folheei o caderno e sorri ao ver sua letra inconfundível e dezenas e dezenas de títulos anotados. Um dia ela me disse que fazia isso para não ler um livro duas vezes...ela era meio esquecida.
Tem coisas perdidas que precisam e merecem ser encontradas.