PARE!!!
Olá, se estiver chegando por aqui agora,
esta é a terceira e última parte desse conto.
Leia as primeiras partes abaixo para se inteirar
do que está acontecendo no tempo...
Parte 1: Aqui
Parte 2: Aqui
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O TEMPO
Dez anos desde o encontro na biblioteca. Agora eles tinham uma filha, Giovana. Linda menina, tinha os olhos de Dora. Quatro anos. Num segundo ele estava em uma livraria tentando tomar uma decisão importante, dois anos depois, se casando. Percebeu o olhar dela em sua direção. Percebeu seu desvio de olhar. O tempo de meio segundo. Um minuto depois ela estava sentada ao seu lado. Aquela mesma Dora que ele admirava de longe na faculdade. Se ele imaginasse que ela o achava atraente pelo ar de mistério que ele carregava... Ele se retraiu um pouco com a impulsividade da moça. Oi, achei que você estava tendo algum ataque de paralisia. Você estava tão estático olhando para o teto da livraria...você está bem?
E agora já se foram dez anos. A filha crescia em um ritmo alucinado. Mamãe já passei da marca que você fez mês passado! Mas você está crescendo muito rápido, meu amor! Na livraria, falaram sobre o tempo. Sobre a falta de tempo e sobre contratempos. Um era quase inércia, a outra era quase raio. Se viram em outro dia e outro dia e mais outro, como tinha que ser como cantava Renato.
Trinta anos desde a livraria, estavam sentados na varanda de casa. Uma noite tépida de outono. Giovana mandara avisar que chegaria na segunda e que Rodrigo estava louco para rever os avós! Que bom, o neto era a alegria daqueles tempos que antecedia artroses e artrites. Há trinta anos naquela livraria, o magnetismo contagiante de Dora tinha laçado de forma indelével o coração de Francisco. Depois de algum tempo juntos, se via mais confiante, mais decidido, menos dado a depressões e elucubrações pelo sentido da vida. Ela tinha lhe dado uma dose forte de imanência que acabou por equilibrar sua fugaz transcendência. O sentido da vida está na própria vida! Tempos de descobertas.
Cinquenta anos desde a livraria, Rodrigo cursava medicina, tal qual a vó. Sentado em sua poltrona, quieto, Francisco se viu outra vez naquela livraria. ..Tinha ido pensar, folhear livros e resolver uma questão existencial. O que era ele no mundo, no tempo? Naquele dia estava profundamente deprimido. Via-se com vinte e três anos e sem perspectivas para o tempo futuro. Agora, aos setenta e três anos, olhava o tempo passado com Dora e tal qual Deus na criação, viu que era bom.
Ela nunca soube. Por quê tinha escondido aquilo? Ela deveria saber que naquele dia, naquela livraria, a decisão que ele tinha que tomar era de interromper seu tempo neste mundo? A vida lhe parecia tal banal, tão sem sentido. Uma bobagem. Era isso, a vida era uma bobagem. O raio que lhe aqueceu o coração chamado Dora mudou seus planos. Mudou seu tempo. A mesma Dora que tinha terminado com um namorado que vivia em matafísicas apaixonou-se por um homem trágico. Ele! Por quê? O mundo é tão misterioso... Afinal, a partir de Dora, o mundo e o tempo já não lhes pareciam tão banais. Misterioso sim, banal, não. Com Dora, depois de tanto tempo, a vida já não era uma bobagem.
FIM.
Ei Edu!
ResponderExcluirBrav[issimo!
Obrigada por compartilhar.
Bjins de boa nova semana.
CatiahoAlc.
obrigado, abraços
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