Clube de Detetives Pão de Queijo

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

MINHA MELHOR VERSÃO

 




PODE PARECER CLICHÊ mas de fato, ele é minha melhor versão. Quando ele nasceu eu tinha 45 anos. um amigo me disse que eu já "seria velho" para ser pai. Não discordei. Mas o que posso fazer se antes dele, eu nem queria ter filhos? De fato, não tive "filhoS", tive um só. E ele já me basta. 

Quando namorava a mãe dele, sutilmente assim como não quer dizer nada, comentei como muitos casais hoje não querem mais ter filhos por várias razões. "Eu quero muito ser mãe" - foi o comentário dela. Nunca mais toquei no assunto. Depois de 12 anos do meu primeiro fracassado casamento, eu tinha encontrado uma mulher que me fez outra vez desejar estar casado - e não ia perder a oportunidade.

Casei velho, me disse também outro amigo. Eu tinha 40 e ela 29. Aí eu discordei, pois pra casar não tem idade. Mesmo porque, me casei novo (o que reputo ter sido um dos motivos para o fracasso) aos 23 e ela 17 e não deu certo. Que posso fazer? Penei para entender que para estar casado, é preciso ter um mínimo de maturidade emocional - coisa que eu não tinha - por isso me dei um longo tempo sozinho. Curti muito a solteirice por 12 anos. Eu tinha muitos amigos. Eu era diretor de um grupo de teatro amador. Uma ficada ali, outra lá, sem nenhuma consequência mais séria. Até que a encontrei por puro acaso ou por puro destino. 

Demovido da ideia de não ter filhos, combinamos que teríamos ao menos um. Uma, eu dizia. Se era pra gerar um rebento, que fosse uma menina. Eu achava que me daria muito bem sendo pai de menina, mas qual foi minha decepção quando no exame de ultrassonografia, o médico disse: "parabéns, pai, olha lá o pintão dele..."

Depois de dois segundos de decepção, já estava apaixonado por ele. É isso aí, eu vou ser pai de um pintudo!! 

O blogueiro-cronista-escritor-desenhista-chargista Jotabê, escreveu uma crônica que achei bem legal no dia dos pais. Para ele, dia dos pais é o dia "do fã", pois se diz fã dos seus quatro filhos. Achei isso muito bacana ( https://blogsoncrusoe.blogspot.com), pois também sou fã do meu. 

Eu tive a benção de poder ver de perto seu crescimento full time, pois quando ele nasceu eu já estava reformado da Marinha. Ou seja, existem os "pais ausentes" e eu fui o oposto, fui um "pai presente até em excesso". Conto depois essa minha experiência de ficar com ele em casa desde os 7 meses para que a mãe voltasse a trabalhar - ela não seria feliz ficando em casa, pois trabalhava desde os 15. Essas coisas de mulher independente.

A foto acima, tiramos em abril passado, na páscoa. Moramos ao lado de uma igreja católica e eles estavam representando a paixão de Cristo. Quando vi a procissão passando na rua pela janela, chamei-o para ir ver a representação. Dois meses depois, fiz 60 anos. Ninguém até agora me disse "você tem 60 e um filho de 14?" - Se me perguntarem eu direi: Sim, com muito orgulho. 

2 comentários:

  1. Bacanaço o seu texto! E obrigado pela citação. Alguns idiotas certamente pensarão que viajar e ter carrões são a melhor coisa, mas estão enganados. A melhor coisa do mundo é ser pai e entregar ao filho um amor impossível de imaginar se você não tiver filhos (e se não for idiota, claro).

    ResponderExcluir
  2. Querido Eduardo,

    Lendo sua crônica, sinto uma beleza tranquila nessa história de paternidade tardia. Há algo muito humano e verdadeiro em se apaixonar por um filho em segundos, mesmo quando a expectativa era outra. É como se a vida dissesse: “não se preocupe com planos, apenas viva o que surge”.
    Gosto da honestidade com que revela seus medos, suas experiências passadas e a escolha consciente de ser um pai presente. É emocionante perceber que o amor não tem idade, nem regras rígidas só se manifesta, pleno, quando permitimos que aconteça.
    E há algo também na forma como valoriza o cotidiano: estar junto, acompanhar cada descoberta, compartilhar pequenos momentos, como a procissão na Páscoa. Isso me lembra que a paternidade
    (e qualquer amor verdadeiro) não é feita de grandes gestos, mas da presença constante, do cuidado silencioso que constrói lembranças e confiança.
    No fim, o que nos mostra é simples e profundo: o tempo certo do amor é aquele que nos encontra de corpo e coração abertos.

    Abraço
    Fernanda

    ResponderExcluir

Oi. Se leu e gostou,
Obrigado e volte sempre!
Se não gostou, perdoe-me a falta de talento "escriturístico..."