NESSA TEMÁTICA DOS SONHOS,
É BEM CONHECIDA a música do metamorfoseado ambulante, Raul Seixas, "O Dia Em Que a Terra Parou". No sonho do roqueiro, naquele dia, nada aconteceu, tudo parou: a dona de casa, o patrão, o trabalhador, o médico, o professor, o padeiro...é um cenário digno de filmes destópicos que mostra a interdependência das ações humanas.
HÁ TAMBÉM o excelente filme Origem, cuja mensagem central seria demonstrar que realidade e sonho não são planos opostos e inconciliáveis. Ao contrário, são partes de uma mesma existência e, para cada um de nós, são igualmente importantes.
O MEU SONHO não teve a grandiosidade narrativa da música do roqueiro nem a complexidade do filme, mas foi um sonho que me deixou meio perturbado depois que acordei.
FOI ASSIM...
EU CHEGAVA ao lugar onde aparentemente era meu trabalho. Eu carregava uma pasta preta e subia umas escadas. Na outra mão carregava um saco de laranjas. Quando abro a porta sinto algo diferente. As pessoas estão estranhas. Eu nunca tinha visto nenhuma delas. Começo a andar procurando minha mesa mas não a encontro. Vejo em um canto um jovem casal conversando. Nunca os tinha visto antes. Penso que entrei no andar errado. Volto outra vez buscando as escadas para sair dali e quando estou prestes a descer as escadas trombo com uma senhora e uma laranja cai da sacola. A laranja vai rolando até que a senhora de abaixa e a pega. A laranja está com sua casca parcialmente cortada. Pergunto à mulher se ela quer ficar com a laranja mesmo ela estando daquele jeito e ela diz que sim, me dá um sorriso estranho e vai embora. Fico indeciso se desço a escada ou se volto para a sala que não reconheço sendo minha. Volto e procuro um banheiro. Entro e lá dentro veja a jovem que estava num canto com um rapaz. Ela está lavando as mãos na pia e me olha com cara de poucos amigos. Saio do banheiro e dou de frente com o rapaz que estava com ela. Constato que entrei no banheiro feminino. Saio dali sem dizer nada procurando o banheiro masculino. De repente eu paro. Me encontro em uma parede e começo a pensar..."isto é um sonho, tá tudo muito doido, eu estou sonhando...tenho que acordar..." Começo a fazer força para acordar do sonho dentro do sonho e acordo em um quarto. Estou deitado em uma cama e vejo meu filho deitado em um colchonete no chão. Ele parece acordado. Eu o chamo: "Filho, filho, eu estava tendo um sonho esquisito.." Meu filho se mexe e me responde "É, estava sonhando..?" Tento falar com ele mas não ouço minha voz. Grito mas estou afônico. Começo a pensar no sonho que eu vim de um sonho e cai em outro sonho...minha cabeça gira, gira, gira...abro os olhos e enfim, estou no meu quarto.
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Levanto. São seis horas da manhã. Mesmo sendo um domingo, resolvo não dormir mais, não quero voltar a sonhar que estou sonhando. Na verdade, nem tinha certeza se de fato, eu tinha acordado ou se estava em outro sonho... Vou à cozinha, bebo água. Volto pelo corredor e confiro se minha esposa está dormindo na mesma cama que eu estava. Ela está. Vou até o quarto do meu filho e ele dorme. Ligo o computador e escrevo tudo isso para tentar dissipar os últimos resquícios da experiência mórfica.
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Há cientistas que digam que a nossa realidade é construída por alguma inteligência artificial avançadíssima e nós não sabemos disso. Sim, eles acreditam que vivemos em uma simulação da realidade, tal qual no filme Matrix. Será? Meu sonho dentro do sonho parecia sim, uma vertente de Matrix. Será que sonho que estou agora escrevendo sobre o que sonhei?
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Ilustração: Morfeu, o deus grego dos sonhos
