Aquele semáforo demorava a mudar de cor e isso deixava os motoristas diante do sinal vermelho irritados. "Mas porquê demora tanto pra abrir...? Pra fechar é rapidinho...!" Alguns mais apressados ou nervosos teimavam em buzinar como se isso acelerasse a mudança de sinal. O negócio era alimentar o caos e o estresse...Em um dia qualquer, elas que já não se viam há um tempo, se emparelharam uma ao lado da outra diante do tal semáforo vermelho.
- Ei, ei, Kátia!
Acenos efuzivos, sorrisos. Vidros abaixados.
- Oi, amiga, que coincidência!
- E não é?
- Ontem mesmo pensei em você, precisamos marcar alguma coisa!
- O quê?
- Eu falei "e não é"? Coincidência...e temos que marcar um encontro!
- Ah, tá. Temos sim...
- A vida tá corrida, amiga, sem tempo pra nada! É uma coisa e outra...
- É, eu também fiquei presa esse mês todo numa coisa e outra...
- Soube do Arnaldo?
- Que Arnaldo, o marido da Silvana?
- Ele mesmo.
- Soube do quê?
- Morreu...
Um impaciente que estava atrás do carro da Kátia começou a buzinar na intenção de azucrinar a conversa das mulheres.
- O quê? Oh, desgraçado desse imbecil não para de buzinar...!
Olha pra traz e grita:
- Ô, seu corno, num tá vendo que o sinal tá fechado?
O tal lhe devolveu um sorriso sarcástico e mostrou o dedo do meio.
Indignação!
- Machista! Fascista!
Voltou a atenção para a amiga.
- Então, ninguém me avisou que o Arnaldo tinha morrido.
- Mandaram mensagem no grupo...
- Acho que não vi...quase não vejo grupo nenhum...uma coisa e outra, sabe...?
- Vamos marcar pra gente sair?
- Vamos! Que tal sábado que vem?
- Sábado que vem vou estar em Petrópolis para uma feira de tecnologia.
- Ah, podíamos nos encontrar amanhã, depois do expediente.
- Amanhã tenho academia à noite, sabe como é, tem que malhar, idade chegando...tudo despenca.
Mais buzinas do machista fascista.
- Desgraçado...Sei como é...
- Na quarta?
- Curso de inglês.
- Quinta?
- Reunião até tarde.
O sinal abriu e as duas na frente retardando o trânsito. Buzinas, muitas buzinas.
- O sinal abriu! Amiga, depois te ligo pra gente marcar!
O carro avança liberando o trânsito.
- Amiga, espera, espera, mudei de telefone...
Já estava longe. Parecia que ia tirar o pai da forca.
O machista fascista parou ao seu lado. Olhou para ela e sorriu. Um sorriso lindo...sedutor...
- Você não tem educação? Tá rindo do quê?
Os dois agora emparelhados impedindo o trânsito de fluir. Buzinas, buzinas, buzinas.
- Desculpa aí pelo gesto e por buzinar...Tenho uma reunião de negócios às treze horas e já são quatorze e quinze! Perdi a paciência e descontei em você. Qual seu telefone?
- O quê?
- Seu telefone! Estou hospedado no Fasano, vim ao Rio a trabalho. Vamos marcar alguma coisa? Que tal um jantar hoje lá no hotel?
Olhou para ele...para o machista-mostrador-do-dedo-do-meio-para-mulheres! Era bonito...um carrão...hospedado no Fasano...sorriso sedutor...
Ela lhe disse seu número, ele anotou no seu próprio celular.
Buzinas!
O sinal voltou a fechar.
Bom dia legal teu blog
ResponderExcluirKkkkkkkkkkkkkkkkkk.
ResponderExcluirDudu... Esse conto pode te trazer problemas. Kkkkkkkkkkkkkk.
Se alguma feminazi aparecer aqui, você está ferrado!!!
Eu respondi vc lá no blog.
Um abraço amigo.
BAH! Acontece mesmo e nessa hora, toocar a buzina é pouco,rs...E ela, teve tempo de fazer um levantamento mental sa situação e o convite aceito!rs..Corajosa!
ResponderExcluirGostei de ler! abração, chica, lindo fds!
Olá, Eduardo!
ResponderExcluirEu não teria a coragem da audaciosa mulher.
Mas tem homem que merece tal coragem que eu nunca quero ter.
Se com conhecidos e amigos pode não dar certo, imagina com um estranho cheio de coisas desagradáveis...
Um excelente conto bem narrado!
Tenha um final de semana abençoado!
Abraços fraternos
Muito bom!
ResponderExcluirO tempo, e o que fazemos dele...
Olá, amigo Edu, gostei muito desta sua crônica,
ResponderExcluirmuito divertida. Gostei muito da conversa das duas amigas,
quando o semáforo fechou. O machista que incomodava as duas amigas, com buzina e gesto agressivo, acabou se dando bem.
É a força da grana.
Votos de uma boa semana,
um abraço.
Olá, Edu, rssssssss, que loucura o papo das madames, ali na confusão!
ResponderExcluirFiquei um pouco ansiosa, sem querer fui parar no lugar de uma delas, e com aquela fila de carros esperando, buzinando...e aquele senhor educadíssimo atrás... e com ele mesmo outro episódio!!
Você estava inspiradíssimo nessa crônica, ri bastante, excelente!
Uma ótima semana, muita paz e mais crônicas deliciosas pra nós.
Grande abraço!
Oi, Edu!
ResponderExcluirQuase que no lugar do oi eu coloco vários kkkkkkk porque eu ri demais contigo, viu?! Então, me vi aí várias vezes e dei um tapa na testa porque no fim nada mais é que prioridades. Eu e minhas amigas já falamos que vamos nos encontrar quando ficarmos bem velhinhas, porque é um tal de não poder ou de desmarcar que misericórdia, mas aí... quando menos esperamos... percebemos que no fim tudo tem a ver de fato com prioridade. Parabéns pela crônica reflexiva com excelente toque de humor.
Beijo, beijo.
Boa tarde Edu
ResponderExcluirGostei demais da sua crónica.
Muito realista e cheia de humor.
Boa semana com saúde.
Um beijo
:)
Encontros com desencontros, rsss, lembrei da frase "O que dá p rir dá p chorar!". É isso mesmo que acontece no dia a dia no trânsito e nas convivências. Boa crônica e boa reflexão.
ResponderExcluirMeu abraço
Gostei muito.
ResponderExcluirQuantas "estórias" começam num sinal vermelho :)
Tudo de bom para esse lado **
Boa tarde Edu
ResponderExcluirUma crónica muito criativa, que pode ser ficção, mas também pode ter acontecido.
Bom trabalho.
Boa semana com saúde e harmonia.
Um beijo
:)