Clube de Detetives Pão de Queijo

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

80 ANOS DA ROSA DE HIROSHIMA

 




HOJE VOU FAZER UMA POSTAGEM DIFERENTE. NÃO É UMA CRÔNICA, um conto, um poema. É uma postagem de pesquisa sobre o assunto: O ATAQUE AMERICANO AO JAPÃO COM BOMBAS NUCLEARES EM AGOSTO DE 1945. 

Deixo também umas reflexões de como vejo esses eventos, pois nesta época várias publicações COLOCAM OS EUA COMO O GRANDE IMPERIALISTA GENOCIDA, o vilão de toda a história. E não é bem assim.

* * * * 

O Japão recorda nesta quarta-feira (6) os 80 anos do lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima, que até hoje ainda é motivo de forte estigmatização contra os sobreviventes do horror do ataque nuclear. 

Em 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram uma bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima, matando cerca de 140 mil pessoas. Três dias depois, uma bomba semelhante atingiu Nagasaki, causando a morte de aproximadamente 74 mil pessoas.

Hoje, Hiroshima é uma metrópole próspera com 1,2 milhão de habitantes, mas as ruínas de um edifício com a estrutura metálica de um domo permanecem no centro da cidade, como lembrança do horror do ataque. 

Esses dois ataques, que aceleraram o fim da Segunda Guerra Mundial, são os únicos casos na história em que armas nucleares foram usadas em tempos de guerra. 

* * *

A decisão foi tomada por várias razões, mas a principal justificativa oficial foi:

1. Acelerar o fim da guerra e evitar uma invasão terrestre

O Japão ainda resistia mesmo após grandes derrotas, e os EUA acreditavam que uma invasão ao território japonês (a chamada "Operação Downfall") resultaria em centenas de milhares de mortes entre soldados americanos e milhões de civis japoneses.

As bombas, segundo os EUA, teriam o objetivo de forçar o Japão a se render rapidamente, evitando esse alto custo humano.

2. Demonstrar poder militar (especialmente para a União Soviética)

A guerra estava praticamente vencida pelos Aliados, e os EUA queriam mostrar sua superioridade militar, principalmente à União Soviética, com quem já havia tensões mesmo antes do fim da guerra (isso mais tarde se tornaria a Guerra Fria).

O uso das bombas também pode ter servido como um recado geopolítico.

3. Justificar os gastos do Projeto Manhattan

O Projeto Manhattan, responsável por desenvolver a bomba atômica, foi extremamente caro e secreto.

Usar as bombas seria uma forma de mostrar que o investimento "valeu a pena", do ponto de vista militar e estratégico.

* * * 

O JAPÃO FOI A GRANDE VÍTIMA DESSA HISTÓRIA? Senão vejamos um pouco da história bélica japonesa: 

 Expansão Imperial do Japão (século XIX–XX)

Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894–1895)

Japão invade a Coreia e a China, buscando se tornar uma potência imperial.

Conquista Taiwan após vencer a China.


 Guerra Russo-Japonesa (1904–1905)

Disputa pelo controle da Manchúria e Coreia.

Vitória japonesa surpreendeu o mundo.


Invasão da Manchúria (1931)

Japão invade o nordeste da China, criando o estado fantoche de Manchukuo.

Início da ocupação brutal chinesa.


Segunda Guerra Sino-Japonesa e Segunda Guerra Mundial

 Massacre de Nanjing (1937)

Após a captura de Nanjing, capital chinesa, o Exército Imperial Japonês matou entre 200.000 a 300.000 civis e prisioneiros.

Estupro em massa (estima-se 20.000 a 80.000 mulheres violentadas).

Um dos piores crimes de guerra do século XX.


Uso de Tortura e Armas Biológicas – Unidade 731

Unidade 731: instalação secreta japonesa na Manchúria.

Realizou experimentos humanos com prisioneiros chineses, coreanos e até aliados.

Vivissecção sem anestesia.

Testes com armas químicas e biológicas (antraz, peste bubônica, gás mostarda).

Tortura sistemática era prática comum.


Invasões no Sudeste Asiático (1941–1945)

Japão conquistou:

Filipinas

Indonésia

Malásia

Singapura

Birmânia (Myanmar)


Violência contra civis e prisioneiros de guerra.

Marcha da Morte de Bataan: mais de 10.000 prisioneiros filipinos e americanos mortos em marcha forçada.

O Japão se aliou à Alemanha na Segunda Guerra Mundial principalmente por interesses estratégicos, expansionistas e ideológicos comuns.

O Japão queria expandir seu império na Ásia e no Pacífico, enquanto a Alemanha buscava dominar a Europa.

Ambos os países viam as democracias ocidentais (como Reino Unido, França e EUA) como obstáculos aos seus objetivos expansionistas.


 Pós-guerra e consequências

Após a rendição do Japão em 1945, líderes japoneses foram julgados por crimes de guerra no Tribunal de Tóquio.

Muitos responsáveis, como os da Unidade 731, nunca foram punidos — alguns trocaram informações por imunidade com os EUA.


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O Japão nunca foi uma "pobre vítima" dos americanos. DESDE A ÉPOCA IMPERIAL, foi um Estado imperialista que promoveu guerras, invasões, assassinatos, estupros. Aliou-se a Hitler para partilhar o mundo com o ditador genocida alemão.

O episódio das bombas de Hiroshima e Nagasaki foi mais um capítulo negro da história da civilização humana que em momento algum da história, conseguiu viver plenamente em paz. E que isso traga reflexões a todos os líderes mundiais.


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Pesquisei os dados em: O Globo, G1, Aventuras na História, GPT

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

A Desculpa de Adão

 


HÁ POUCO PUBLIQUEI UMA CRÔNICA sobre Édipo e seu sentimento de culpa. Mas tem outro interessante personagem da ficção mitológica que tem coisas a nos ensinar e nos fazer refletir. Esse personagem é o Adão Bíblico...


A desculpa de Adão.

Ele  foi  severamente castigado por Deus que não quis saber de suas desculpas por "não saber" e por "ter sido enganado pela mulher". Diferente de Édipo, Adão não se autocondenou pois achava-se inocente. "Foi a mulher que tu me deste".

O cristianismo fundamentou aqui a culpabilidade de toda raça humana diante de Deus.  Sebastião, Anastácia, Roberto, Antônio, Claus, Richard, Pedro, Bhavya, Adongo, Esther, Mohamed... todos vocês, Humanidade, nada fizeram lá nas origens, vocês não comerem do fruto proibido, mas mesmo assim, vocês são culpados pois Adão é culpado! Herdamos sem saber, sem querer, o crime de Adão! 

E como são culpados, estão condenados e devem fazer como Édipo: reconhecer o seu erro ainda que não  tenham comido do tal fruto proibido, pois agora, como Adão, somos conhecedores do bem e do mal...

Saulo de Tarso, o maior teólogo cristão, criou um sistema onde você, condenado, pode se ver livre da culpa e da condenação divinas! Gratuitamente! Deus, em sua infinita misericórdia, oferece-se a si mesmo como sacrifício pelo pecado original (não cometido mas herdado) pela humanidade. Todos vocês, culpados, agora estão livres de condenação! 

Mas... só se reconhecerem o homem judeu Jesus de Nazaré como seu Salvador e como o próprio Deus. Todos os demais, justamente serão condenados se não reconhecerem o Salvador - único caminho para se pagar o débito não contraído mas ainda assim, estabelecido por toda a humanidade.

E é aí que a treta começa...

O Hindu dirá: "Cá acreditamos no karma, em morte e  renascimento, não acreditamos nisso de pecado original." O judeu dirá: "Cá não acreditamos que o homem judeu Jesus tenha sido o Messias que o Eterno nos enviaria." O muçulmano dirá: "Cá acreditamos que Maomé é maior que Jesus, e é a ele que devemos obediência e Jesus não é Deus, só Alah é Deus". 

Que tenho eu com Adão? 

Que culpa tenho eu do crime que ele cometeu? 

Como posso ser culpado por algo que ele fez e não eu? 

No máximo, eu seria culpado pelos meus próprios pecados, não pelo pecado de Adão. 

Devo, tal como fez Édipo, reconhecer meu erro ou devo como fez Adão, me isentar de culpa pelo erro "do destino"? Ou do erro da mulher? Ou pela astúcia da Serpente?

Nesse sentido, vejo Adão e Édipo como lados da mesma moeda. Ambos erraram mas foram vítimas de um maquinário existencial que pouco entendemos.  Édipo foi vítima da profecia; Adão, foi vítima da sua mulher, que foi vítima da Serpente,  ainda que eles pudessem rejeitar comer do fruto proibido. 

E o que teria acontecido se ele recusasse o fruto? 

Somente sua mulher seria castigada? 

Mas também ela não foi enganada pela Serpente? 

No tribunal celeste, todo mundo recebeu seu quinhão de culpa e de castigo. Adão, deveria laborar para se sustentar com o suor do seu rosto; Eva, deveria agora sofrer para parir seus filhos. E a Serpente, perdeu suas pernas a passou a rastejar no pó da terra.

Erros, acertos, intenções, destinos, culpas, condenação divina. Tudo nos pesa. Pobres Édipo, Adão e Eva, vítimas indefesas dos decretos celestiais que precisam lidar com as consequências de seus atos e que deveriam buscar mais leveza para suas almas.