Clube de Detetives Pão de Queijo

sexta-feira, 28 de março de 2025

Meu Pet Bebê

 VOCÊS TÃO LIGADOS  nessa onda atual mas que vem de longe, de considerar animais domésticos como "Bebê". Meu bebê pra lá, meu bebê pra cá. Não sei se Freud explica mas acho que deve haver uma boa explicação psicanalista para essa dependência emocional que muita gente hoje tem com bichos e em muitos casos, em oposição ao convívio com gente. Sempre convivi e gostei de animais, principalmente cachorros. Na minha vida sempre houve um Totó em casa, desde a infância. Ah, alguém que tem "Pet Bebê" deve ficar ofendido de eu generalizar os bichos com o nome "Totó", nome genérico muito usado na antiguidade para todo tipo de cachorros. Nome de bicho hoje é outro nível. Conheci uma dona cujo nome da cachorrinha era "Stefanny" - assim mesmo, com dois enes e ipsolon no final. Chique pra caramba. No meu tempo de criança cachorro era Totó ou Rex, em sua maioria. Meu pai teve um pastor alemão misturado (vou contar sobre ele brevemente) que se chamava "Leão" e o nome condizia com o tamanho e atitudes. 

Houve tempo de eu ter cinco cachorros aqui em casa. Era uma zona cachorral incrível...meu sogro, aquele que me chamava de "Edualdo" não era chegado aos bichos. Contava que um cachorro tinha lhe mordido e seu destino foi o cemitério. No caso, um rio que passava perto da casa. Falando nisso, hoje tem hotel pra Pet, plano de saúde pra Pet, cemitério pra Pet, roupas para Pet, festas de aniversário para Pet. Tem muita gente por aí querendo levar uma vida de cão...Eu brinco e dou atenção aos meus três cachorros, dois viralatas (ops, olha o politicamente correto!!!! O nome agora é Raça Não Definida) e um labrador babão mas eles não são "meus filhos", eles são meus cachorros. Aliás, não pode mais dizer "eu sou dono de cachorro", não é politicamente correto, e sim, "eu sou tutor de cachorro" - mas o cachorro tá cagando e andando se tu é dono ou tutor. Os três não se dão. Se matam em rosnadas, patadas e mordidas se ficarem juntos. Assim, um fica no quintal de baixo e os outros dois ficam na varanda de cima. 

Quase não me contive quando vi na rua uma mulher levando um cachorrinho que usava sapatinhos...Ahh gente, que bonitinho...!!! Coisa nenhuma! Estão mudando a natureza canina com toda essa baboseira capitalista, no final das contas. Sim, olha quanto se gasta pra deixar o Pet bem tratado e alimentado! E como se não bastasse, dá beijo na boca do bicho e chamá-lo de "meu bebê"? Não dá, né? Desculpe-me se você é pai/mãe de Pet, não quero ofender mas talvez, já ofendendo...E pior, sempre que vejo esses Pets mais bem tratados do que muita criança pobre por aí, sempre me vêm à memória a debochada e crítica canção de Eduardo Dusek, "Rock da Cachorra" já lá nos idos de 1982.


E pro deleite de vocês, consegui tirar uma foto ruim do Simba e do Loki (olha os nomes...). Estavam ferrados no sono já que na madrugada ficam me acordando latindo pra qualquer barulho que ouvem. Não fotografei o Tor porque eu tinha que descer e procurá-lo lá no quintal e estou com preguiça. Tô pensando seriamente de trocar os três por uma tartaruga que dá menos despesas.






quarta-feira, 26 de março de 2025

SITUAÇÃO CRÔNICA!

 

O BRASIL está fadado a andar sempre pra trás. O bom no Brasil é que não tem marasmo, tem sempre alguma coisa interessante acontecendo. Brasil, país do futuro! O futuro tá correndo rápido demais e nós atrás...A política brasileira então, é sempre dinâmica, alvissareira, criativa, retumbante. Tal qual o brado do Hino.

A mídia alvoroçada. Julgamento do Bolsonaro e sua trupe. Advogados de defesa e um dos ministros julgadores, apontando falhas técnicas no processo. As mesmas falhas que levaram a anular a condenação do atual presidente. Descondenado é como chamam por ai. Que está no Japão junto com uma penca de políticos e com Janja-Sacode-As- Cadeiras-E-Manda-Elon-Se-Fuder. 

Ele precisa agradar, popularidade em queda, ano que vem, eleição. E tome dinheiro pra bolsa aquilo, bolsa isso, bolsa bolsa bolsa bolsa bolsonaro...cadê a bolsa pra cronista amador desenvolver seus talentos? Olha a cultura, presidente, olha a cultura...!!!

Quem lembra da festança da Zélia bloqueando a poupança de todo mundo e o Caçador de Marajás gritando com punho em riste que só tinha uma bala para matar o tigre da inflação?  E toma alta de juros! Mas o problema era o Campos Neto, que jogava contra o governo? 

Ah, Brasil, meu Brasil brasileiro...meu mulato inzoneiro..vixe Maria e José e Sandy e Júnior, que não pode mais falar hoje em dia "mulato" senão alguma ONG antirracista vem me cagoetar pro  Moraes. Guardião da nossa democracia relativa. Aliás, a palavra inzoneiro significa  enganador, trapaceiro, ardiloso...

Brasil, mostra tua cara! Brasileiras, pintai de baton nossas estátuas! Brasileiros de camisa amarela rezemos pra Deus e Malafaia, cadê o golpe que não veio? Faiô? 

O legado do Capitão foi isentar jet ski de imposto. Eu comprei dois e uso muito no rio aqui perto de casa! Do Barba foi a tomada de três pinos. Rá rá rá rá. Piada livremente inspirada no Ciro-Veja-Bem.

O legado de Figueiredo foi inflação alta. Sarney, hiperinflação. Itamar, se deixar fotografar ao lado de um mulher sem calcinha no carnaval. Atrás do Trio Elétrico só não vai quem já morreu...NOTA DEZ! NOTA DEZ! FHC, a compra de votos no Congresso. Lulinha inaugurou o Paz e Amor e depois seguindo FHC, comprou todo mundo, fez mensalão petrolão no Brasil é assim tudo ÃO ÃO ÃO.  Sítio de Atibaia deixa que a empreiteira de um amigo meu faz as reformas. Eu não sou coveiro, deixa de ser maricas, tem que enfrentar de cara aberta o Corona vírus! Tomara que chova três dias sem parar... o sol estava quente e queimou a nossa cara...alalá Ô Ô Ô...O CARNAVAL NINGUÉM NOS TIRA!!!!

Pois sim, 

Inspirado pelas emanações celestiais de Paulo Cézar Farias e Dorival Caymmi, compus gentis versos:


O Brasil é a esquizofrenia da repimboca da parafuseta

Descontrolada e magnânima.

O Brasil é um surto. É um furto. É um luto.

O Brasil é uma roupa tosca que não combina

E pra cerejar o bolo, perdeu de quatro ontem para a Argentina!

Nem falei da Caçadora de Ventos presidentA do banco dos BRICS que já tem tanto membro entrando (sem dupla intenção, por favor) que vai ter que virar sigla LGBTRFDETUYVXXX mais mais mais. Será que fui fóbico? Vou deixar como está. Valha-me patriota agarrado no para-choque do caminhão!!!!

NÃO NÃO NÃO NÃO NÃOOOOOO!!!!!!

Valha-me meu bom Senhor dos Aflitos e desanimados!! Valha-me meu Bom Senhor dos Patriotas Incansáveis, porque estou maldizendo este país tão lindo quando visto de cima?




sexta-feira, 21 de março de 2025

Fazer 80 anos

 


(crônica de RAQUEL DE QUEIROZ de 17/11/1990)


O QUE ME DIZEM com mais frequência é: "oitenta anos, quem me dera, com tanta vitalidade!". E a verdade é que não estou com essa bola toda, tenho lá meus achaques, vários. Em todo caso é mesmo um milagre de durabilidade este nosso corpo humano. Uma combinação aparentemente precária de músculos, ossos, nervos, vísceras, pele, que tinha tudo para não dar certo, e no entanto funciona ininterruptamente durante 80, 90, e às vezes passando dos 100 anos! As pernas, ainda serviçais, 80 anos cada uma! O sofrido coração, quantas vezes terá batido - milhões, bilhões de vezes? - nestas oito décadas sem interrupções, sem fadiga, tum-tum, tum-tum, consciencioso, fiel? E os pulmões, tocando os seus foles, na batida do coração, querendo competir com ele. E a cabeça meio louca, coitada, fazendo o que pode.

Um aparelho de TV é cem mil vezes menos complicado e vive dando prego. Mas o corpo da gente não. Trasteja, bate pino, se fere, enfrenta micróbio, fratura, desgaste, mas vai em frente. É mesmo um prodígio. Mas como dói" Aliás, a dor é o seu melhor sinal de vida. Só não dói depois de morto. Dói por dentro, dói por fora, emite invisíveis antenas por todo ele, procurando captar a dor - ou as dores.

E a alma? Embora muitos não acreditemos que ele seja movido a alma, como dói, ah, como dói também essa controvertida essência do corpo! 

Pois todo esse inventário de obstinações e misérias somos nós, com os nossos 80 anos de vida. Se empurrando, se medindo, lutando acordado ou dormindo para não parar de repente, pra não perder o famoso lugar ao sol. Gritando pra ser notado. Pente fiel de rebanho  ao mesmo tempo fazendo coisas incríveis para marcar uma identidade pessoal, um destaque. Uma superioridade! 

Quem quiser que goste. Eu não. Nunca fui fanática por esse ciclo de prantos e lutas que começa num grito de choro e termina num suspiro. O temido último suspiro. Embora a gente se iluda, pensando que monitora o próprio destino e comanda as suas ambições, na verdade somos um engenhoso, um resistente robô que Deus cria e apaga não se sabe por quê. Nem pra quê. A gente nasce sem ter ideia disso e em geral morre quando não espera ou quando não deseja. Se vinga das partidas do destino gerando filhos que perpetuem a nossa passagem, com um nome, memórias, amor e saudade. Tudo absolutamente ilusório, mas já é um lugar-comum dizer que a vida, suas glórias, suas conquistas, sua bravura e miséria, é tudo uma ilusão.

A gente vive um sonho de carne e osso que acaba no acordar que é a morte.

É isso aí.

Aos que me festejaram, abraçaram, felicitaram, telefonaram, escreveram, telegrafaram, agradeço de coração as palavras de carinho e de solidariedade. E, principalmente, peço perdão por este desabafo meio incoerente.

Mas, eu tinha o direito a ele. Afinal, fui eu que fiz 80 anos!


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A escritora Rachel de Queiroz morreu em 4 de novembro de 2003, aos 92 anos, no Rio de Janeiro. Ela é considerada uma das vozes mais importantes da literatura brasileira do século XX e uma das maiores autoras da segunda geração modernista no Brasil. Autora de destaque na ficção social nordestina, foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, em 1977.

A trajetória de Rachel de Queiroz na literatura começou cedo, quando ainda era adolescente, com a publicação de seu primeiro romance, "O Quinze", em 1930. O livro trata da seca no Nordeste brasileiro e suas consequências sociais, e é um retrato contundente das condições de vida na região. Com essa obra, Rachel ficou nacionalmente conhecida, conquistando um lugar de destaque na literatura brasileira.

Sou muito fã de tudo que Raquel escreveu, suas crônicas e romances. E para mim, seu romance Memorial de Maria Moura é uma obra-prima. 


domingo, 16 de março de 2025

Às Margens do Ipiranga

 


TENHO uma relação de amor e (quase) ódio com o nosso Hino Nacional. Junto com a Bandeira, o Selo e as Armas Nacionais, são os "símbolos da pátria". Fazer qualquer tipo de alteração nesses símbolos é uma contravenção, algo menor que um crime mas passível de multa que pode variar de quatro a oito mil reais. Vocês lembram de um evento do candidato Boulos à prefeito de São Paulo nas últimas eleições, em que alguém cantou um verso do Hino trocando partes da letra para a famigerada  "linguagem neutra"?  "verás que es filhes teus não fogem à luta"… sim, mandaram essa...coisa mais linda de inclusão e representatividade... SQN. (pra quem não sabe, "SQN" quer dizer "Só Que Não", meu filho me explicou há um tempo...). Houve protestos dos patriotas de direita e o próprio candidato apagou o vídeo das suas redes, e pôs a culpa na empresa contratada para fazer o evento. Sei, confia. Mas a verdade é que essa lei, criada em 1973, em plena Ditadura Militar, já não é tão levada em conta mas ainda está em vigor.  Por exemplo, não se pode aplaudir depois que o Hino é executado, e isso é o que mais acontece em eventos esportivos.

Já na pré-adolescência, eu achava o Hino uma coisa linda, maravilhosa, uma canção contagiante. A letra eu não entendia muita coisa, aliás, eu diria que 99% dos brasileiros não saberiam interpretar todos os versos do Hino.  Nas escolas, cantávamos o Hino antes do começo  das aulas. Ouviram do Ipiranga às margens plácidas...Não entendíamos o que cantávamos mas era lindo! Um evento me fez  ser obrigado a descobrir o significado de várias palavras do Hino por livre e espontânea pressão, fato que quase me leva a odiá-lo... De um povo o heróico brado retumbante...

Estávamos em horário de recreio. Aquele burburinho. Toca o sinal para o recomeço das aulas. fazia-se uma fila para subirmos as escadas para o segundo andar. Aquele empurra-empurra, eu ali no meio sendo vítima da balbúrdia alheia, já que eu era bem comportado até que...passa o diretor na hora e me puxa para fora da fila. Me pegou pra Cristo como se dizia antigamente. Levou-me até sua sala. O estranhamento de adentrar na sala do diretor da escola era indescritível. Tensão e suor. Quase lágrimas. Depois de ouvir um sermão de que eu tinha que me comportar na fila de entrada (meus protestos de inocência não lhe comoveram), ele me deu uma tarefa a ser cumprida em uma semana: Eu teria que escrever dez vezes a letra do Hino e procurar o significado das palavras desconhecidas (que para mim eram quase todas). Castigo desgraçado...castigo sem jeito, como diria o Chicó...munheca quase caiu....mamãe ajudou o diretor: É pra você aprender a não fazer bagunça! Mas mãe...nem mais nem menos!

Cumpri a tarefa em uma semana. Dedos quase tortos de calos. Levei o trabalho para o diretor conferir. Ele ainda criticou minha letra...mas a tarefa estava paga. Sim, eu poderia a partir de então, ter odiado o Hino; de fato o odiei enquanto o escrevia e escrevia e escrevia e procurava o significado daquelas estranhas palavras, mas como dizia minha mãe, não há males que não tragam bens, e depois de tanta labuta escriturística, eu podia me gabar de ser o único aluno da escola a saber o significado de ...O lábaro que ostentas estrelado...


* * * * * *

Bem, eu ainda não sei se vou manter o recém-criado InusitadoZ, mas deixei lá um resumo meio inusitado de como se construiu o Hino Nacional. Espia aqui.


quinta-feira, 13 de março de 2025

Deu Pricopó na Urucubaca Tecnológica!

 A TECNOLOGIA é uma coisa incrível. Já disseram,  não lembro quem foi, que para qualquer povo mais primitivo, nossa tecnologia atual seria "magia" - concordo. Sei que o termo "povo primitivo" parece não ser mais "politicamente correto" e eu não sei qual é o termo que seria então "correto". Talvez, "povo atrasado tecnologicamente"? Essas questões hoje em dia são bem complexas. Qual seja, fica "povo primitivo" mesmo. Eu, que vivo hoje neste século 21, tenho certeza que algumas coisas são magia mesmo, tipo a Inteligência Artificial. Vi um cientista baixando a bola da IA ao dizer que ela não é "inteligência" e nem é "artificial". Não vou entrar em detalhes, eu não entendi direito.

Isso posto, quase me vi outra vez perdendo esta minha conta do Blogger como já tinha acontecido antes. De repente, não sei bem porquê e nem sei bem como , minha conta sumiu! Eu não conseguia acessar este meu e-mail que está vinculado a este blog, logo, nada de poder entrar nas configurações do blogue. Ou seja, eu não estava mais podendo postar. Pelo menos continuava acessando o blog no navegador e podia ir aos blogues que costumo visitar e comentar (sem nenhuma obrigação cartorial) já que eles estão listados aqui.

Tentei mudar a senha do meu e-mail e não conseguia. Dava erro. Fiz isso por 4 dias. Já estava me achando fadado a não conseguir mais escrever por aqui e teria que deixar o Crônicas parado, flutuando por aí na blogosfera para logo, logo, ser relegado ao esquecimento total. Iria para o cemitério de blogues - tem milhares por lá. Quando pedi ajuda ao meu filho e nem ele conseguiu me ajudar, me convenci de que era um caso perdido. Perguntei ao GPT. O que ele me informou eu já tinha tentado e não tinha dado em nada - ou eu estava fazendo algo errado que não conseguia identificar. 

Bem, como não tenho lá muitos sentimentos pelos blogues que crio (como já disse por aqui, criei alguns e os mandei para o cemitério dos blogues sem constrangimento... não, isso não pode ser de todo verdade, algum sentimento eu devo ter sim por eles, me sugeriu um psiquiatra), já estava pensando em fazer outro blogue com uma outra conta de e-mail do google que eu tenho. E o fiz!! Já estava pronto para convidar os amigos blogueiros mais chegados que se inscrevessem lá para continuar lendo as inutilidades essenciais e necessárias que eu escrevo.

Mas eis que em uma epifania luminosa de algum Deus dos Logoritmos Sagrados do Perpétuo Socorro, consegui acessar meu e-mail sumido pelo tablet, entrou direto sem pedir senha!  Não sei qual foi o milagre. Ou magia. Pois veja, pelo navegador eu não conseguia entrar com a senha - dava erro - e nem conseguia mudar a senha - dava mais erro. Juro que não sei o que fiz, apenas fiquei clicando aqui , ali, acolá, alhures e....PAM!!! consegui mandar um link para o e-mail sumido pelo tablet para redefinir a senha pelo tablet... e pura magia, tudo voltou ao normal. Não entendeu direito o que aconteceu? Fique tranquilo, nem eu também. 

E agora não sei o que faço com o outro blog que criei na minha outra conta de e-mail. Achei o nome criativo: "INUSITADOZ". É, isso mesmo, um inusitado com Z no final. Por quê? Por nada, só achei que escrever a palavra "inusitados" com Z no final era muito criativo... 

Pra não disserem que estou inventando coisa, olha o link dele: https://inusitadoz.blogspot.com/

Até deixei lá uma postagem sobre MEMES. Ah, não vou deletá-lo (contradizendo-me). Deixa lá. De repente eu crio uma linha editorial totalmente diversa deste daqui já que meu estoque de inutilidades necessárias é grande. NÃO! QUEM ESTÁ LENDO AQUI NÃO PRECISA SEGUIR ESSE INUSITADOZ COM Z. Deixa ele lá para quem sabe, seja encontrado por pessoas outras. 

E como diria o filósofo, "Não sei, só sei que foi assim".

sábado, 8 de março de 2025

Anjo da Guarda

 



OUTRO DIA eu estava sentado em minha poltrona lendo um livro quando o meu anjo da guarda (que eu nem sabia que tinha) me apareceu. Parecia contrariado.

- E então, tá boa a leitura?

- Sim, o livro é muito bom.

- Pretende ficar sentado aí até quando?

- Uma meia hora pelo menos.

- Ótimo. E depois?

- Depois?

- É, homem, o que pretende fazer depois de tirar a bunda dessa poltrona?

Espantou-me o linguajar do anjo mas se confirmou sua contrariedade para com minha pessoa. 

- Bem, devo ir para o sofá, ligar a TV e  terminar uma série que estou acompanhando.

Percebi um revirar de olhos do Anjo demonstrando impaciência.

- E essa série aí, vai durar quanto tempo?

- Faltam dois episódios de quarenta minutos pra eu acabar de ver.

- Pretende ficar oitenta minutos no sofá depois de ter ficado meia hora na poltrona?

- Algum problema com isso, seu anjo?

- Não, seu anjo. Eu sou o seu anjo da guarda.

- Entendi. Você me parece contrariado...

- Como eu não estaria? Você não sai de casa. Você não anda de trem, de metrô. Você não sobe uma montanha, não entra em área de risco (e nessa tua cidade é o que não falta), não discute ou ameaça vizinhos...

Matutei.

- Mas por que eu deveria fazer tais coisas? 

- Ora, não é óbvio? Pra que eu tenha um pouco de trabalho! Ser seu anjo da guarda está sendo a coisa mais chata da minha vida de anjo da guarda. Você não se arrisca! Não se põe em situações perigosas! Você não se aventura! Você nunca quebrou um braço!

- Mas eu não gosto de me envolver em coisas perigosas...

- Percebi isso logo quando você nasceu.

- Você é meu anjo desde que nasci? Há quase sessenta anos? E por que só agora me aparece para bater papo...?

- Não estou batendo papo. Nem temos permissão para isso. Tomei uma medida desesperada pois não aguento mais o marasmo que é a sua vida. Quase nunca eu tenho que te salvar de uma situação perigosa. E você entende que o que dá sentido à minha vida de Anjo da Guarda é guardar? 

- Você não deveria ficar assim. Não é bom receber sem trabalhar?

- Receber?  O que Anjo da Guarda recebe é  pontuação por salvamentos. E minha pontuação até agora não chega a dez! No máximo eu te salvei de ficar engasgado com uma bala soft quando você era criança e na adolescência, não deixei você ser atropelado por aquele motorista de ônibus irritado por você ter invadido a contramão de bicicleta.

- Eu lembro disso...Foi você então? Valeu...

- Pois é, mas isso foram as coisas mais perigosas que você fez na vida! 

- Dez pontos é pouco? Pra quê você quer pontuar mais?

- Preciso chegar a mil pontos para ser  promovido a Arcanjo e então, ficarei só em trabalhos internos e não vou precisar ficar te acompanhando 24 horas por dia sem nada pra fazer. E as pontuações são baixas. Te salvar da bala soft e do atropelamento me renderam míseros 3 pontos...

Não sabia bem como resolver o problema do meu Anjo da Guarda que eu nunca soube que tinha, mas sua história me comoveu. Diante da aflição daquele ser angelical, aflição essa provocada pelo marasmo que era minha vida, como ele dissera, tocado por um senso de solidariedade celestial, envergonhado por deixar meu anjo coçando o saco o dia todo (não sei se blasfemei), resolvi entrar deliberadamente em uma situação de alto risco, que talvez lhe rendesse uns 100 pontos. Pedi para o anjo me acompanhar (nem precisava, ele era minha sombra). Fui até a cozinha onde minha mulher preparava o almoço e lhe falei, bravamente e sem medo:

- Eu não queria lhe  dizer isso, mas sinceramente, você está mesmo muito gorda...! 





Eduardo Medeiros, 

aos oito de março de 2025,

saído do fevereiro mais seco e quente das última décadas no Rio de Janeiro.

sexta-feira, 7 de março de 2025

Comentando o "Sem Comentários"

 




BEM QUE SE QUIS...lembrei Marisa Monte. Eu quis escrever uma crônica onde não houvesse a possibilidade de se comentar o que escrevi, como fiz no texto passado. Falei dos tempos áureos dos blogues e das regras que  todo mundo convencionou seguir. Como diz o imaginário político brasileiro, frase dita (ou não dita) por Jânio Quadros, "fi-lo porque qui-lo". Como sugeri, nós blogueiros, ficamos muito condicionados a comentar textos de autores que seguimos somente na intenção que o autor do texto também venha comentar os nossos próprios textos. Ou comentamos porque criou-se um elo de amizade virtual com alguém. Mesmo que você tenha detestado o texto do amiguinho. Aliás, vi poucas vezes alguém criticar negativamente um post de um amigo... Mas como assim não tem como comentar, agora ele não vai saber que eu vim aqui e ele não irá me visitar...como eu disse, deprimente. Voltam os comentários. Confesso que é triste ficar sem visualizar os mais de mil comentários feitos por leitores do meu blogue ainda em sua fase infantil. Mas me pergunto: foram comentários espontâneos? Continua o dito: Não comente se não quiser comentar, não visite se a intenção for apenas a retribuição de visitas e comentários.  Não gostou do texto? Diga que ele está ruim.  Ou ignore-o. Comentando ou não, não será isso que fará eu ir ou não ir ao seu blogue se eu gostar dele (e tenho a pretensão de convencer alguns). Se você retribuir um não comentário com outro não comentário, tudo bem, você está no fluxo da Regra. Que coisa deprimente - outra vez - ser obrigado a fazer uma coisa apenas porque todo mundo faz obedecendo a uma regra que ninguém sabe quem impôs. Eu gosto muitíssimo de pelo menos, 7 blogues onde sempre leio coisas interessantes e sempre comento pelo prazer de trocar ideias, apesar que essa troca raramente acontece. Outros leio e quase não comento. Se não for assim, a coisa fica xoxa. Não confundir com "a coisa fica xuxa". Pode parecer que estou me comportando como se fosse o centro da blogosfera. Não é isso, entenda minhas reflexões. Discorda delas? Acha todas essas questões irrelevantes? Beleza, quem disse que todo mundo tem que pensar igual?

Impôs me lembra "imposto". E nem me fale sobre. Luís Inácio disse que vai isentar todo mundo que ganha 5 mil reais de pagar imposto de renda. Eu acho justo. Só não sei se quem ganha cinco mil e um também vai achar...Lá rá rá lá. 



terça-feira, 4 de março de 2025

Sem Comentários

 




QUEM É BLOGUEIRO ANTIGO sabe. 

Quando os blogues eram febre (como são hoje essas outras redes sociais) e todo mundo queria ter seu "diário virtual", o modo de interação entre blogueiros foi sendo construído a partir de algumas regras que ninguém nunca soube quem criou. Elas foram brotando e todos aceitaram. A regra mais básica era: Eu te sigo, logo, você deve me seguir também. Eu comento no seu blogue, logo, você deve comentar no meu também. Durante um bom tempo achei a regra satisfatória. O pessoal levava tão à sério a Regra, que acontecia de blogueiros de sua rede de contatos virem se desculpar por não ter tido tempo de comentar aquela postagem da semana passada e você respondia, "ah, tudo bem" mas no fundo sentindo-se  chateado por ele não ter batido o ponto no seu espaço.

ACONTECE QUE com o passar do tempo eu seguia algumas boas dezenas e dezenas de blogues e nem todas as postagens me aguçavam o interesse de comentar nada. Mas a regra era clara, como dizia Arnaldo: Tem que comentar! É deselegante não comentar! Se não comentar no blogue do amiguinho, o amiguinho não irá comentar no seu blogue e você não queria que a frequência de comentários no seu blogue caísse. Ter muitos comentário em seu blogue era motivo de ostentação blogueira muito mais que o número de visualizações. Aconteceu de eu começar a não mais comentar todas as postagens de alguns blogues que eu lia e então, tive a paga devida: Esses blogueiros deixavam de comentar meus textos. Tudo certo, tudo justo, era a regra. Mas aí ficou a questão: As pessoas me leem e comentam só para serem lidas e comentadas? Achei aquilo chato e deprimente.

UMA OUTRA QUESTÃO blogueira é mais nebulosa e não há regra clara: É obrigatório e elegante você comentar o comentário feito no seu texto? Parece-me que não, apesar de soar estranho o autor ignorar por completo o seu comentário e você também ignorar algum possível comentário do autor ao seu comentário... Mas se fosse obrigatório comentários e contracomentários, isso geraria uma cadeia de respostas e contrarrespostas que iriam ao infinito e além! Seria meio impraticável e cansativo. Então parece-me que ficou subtendido que o autor do texto não tem nenhuma obrigação de te responder. Mas você tem de comentar!!

DURANTE  bom tempo  joguei dentro das "quatro linhas" , como gosta de repetir um certo Capitão. Foi então que meu blogue foi acometido de uma virose braba. Nada funcionava, e eu, já um pouco cansado da vida blogueira, principalmente com a obrigação de comentar tudo o que eu lia e irritado com o problema viral, deletei meu blogue. Coloquei minha viola no saco e me mudei para o Facebook que se impunha como o novo obrigatório. Detestei o Face pois não tinha o mesmo charme dos blogues para textos mais longos. Aliás, esta é A Regra do Face: Ninguém vai dar a mínima importância para o seu texto com mais de 5 linhas...

VOLTEI A TER um blogue em janeiro do ano passado porque a vontade de escrever crônicas tinha voltado e no Face era/é impossível. E agora, quero fazer um tipo de "experimento social bloguerístico": tirei os comentários deste Crônicas. Sim, você que está lendo agora, não é obrigado a comentar nada, e fique tranquilo, se você faz parte daqueles blogues que eu costumo visitar, continuarei a fazê-lo com todo prazer, porém, quero me dar o direito de um dia ler o seu texto e não comentar nada, e isso só vai querer significar que eu não quis comentar nada mesmo e  não necessariamente, devido à qualidade da sua postagem ou outro motivo qualquer. Só a sensação de liberdade de te ler (ou não ler tudo) e não ser obrigado a comentar e você, a liberdade de não precisar ficar magoado por causa disso e querer retaliar.

ESSA REGRA que ainda hoje impera no blogger (comente o meu que eu comento o seu) deve ser revogada! Quero começar a revolução do "Sem Comentários Obrigatórios" , porque às vezes o melhor é não dizer nada...Continue lendo as maravilhosas crônicas do Edu mas não perca seu tempo se sentindo obrigado a comentar. Apenas leia e só. Se realmente quiser dizer alguma coisa inadiável, impreterível e improrrogável sobre o meu texto, mande-me uma mensagem no box pertinente que certamente lhe responderei. Quero que você leia minhas crônicas só por lê-las, e se quiser lê-las, e não porque eu bati o ponto no seu blogue.  

Creio que isso deixará a vida blogueira mais leve, sem obrigatoriedades.