ELE TINHA chegado aos 60 e se ressentia de não ter se aventurado mais na vida. Sempre fora certinho demais, cumprindo as regras e se preservando, evitando atitudes impensadas que pudessem lhe trazer dores de cabeça. Ele não gostava de dores de cabeça. Gostava da sua vida calma, sua vida de sentar-se na varanda e ver o sol se pôr. Quem não queria tal tranquilidade? Ele já não queria. Não agora em que entrava em um período da sua vida que logo, logo, lhe levaria à velhice plena. Precisava dar uma oxigenada na sua existência fleumática. Tomou decisão. Iria aventurar-se sem medos, sem se importar com julgamentos ou mesmo com a moral hipócrita da sociedade. A primeira coisa que resolveu fazer foi saltar de bungee Jump. Começaria logo com algo radical. Marcou o local e data. Recebeu atentamente as instruções. Já fiz mais de 500 saltos, pode ficar tranquilo, disse-lhe o instrutor. Ao chegar à beira do precipício, sentiu-se mais vivo do que nunca. A adrenalina se espalhou pelo seu corpo, antevendo o prazer de por alguns momentos, voar livre como um pássaro que finalmente, sai da gaiola. Depois de segundos de hesitação, abraçou o espaço pensando que só se vivia uma vez...Não se sabe bem o que aconteceu, mas o elástico que deveria segurar sua queda, partiu-se e ele de alma lavada, foi ao encontro da sua maior aventura.
Olá, amigo Edu, gostei muito deste seu elaborado conto.
ResponderExcluirO homem, aos 60 anos de idade e quis refazer sua vida,
deixando de lado a vida calma.
Morreu em sua primeira e última aventura.
Parabéns pelo ótimo conto!
Uma ótima semana, com muita paz.
Abraços.
Querido Eduardo,
ResponderExcluirPenso, seu texto mexe com o modo de pensar porque ele escancara uma verdade incômoda: viver sem se arriscar pode ser uma morte lenta, e às vezes a coragem de um único gesto vale mais que anos de acomodação. Ao mesmo tempo, me faz refletir que a busca tardia por aventura pode trazer tanto libertação quanto perigo e que o essencial talvez seja não deixar a vida passar até que reste só um salto desesperado.
Fernanda
Ótimo texto, mas eu tenho medo até de andar de avião. Adrenalina muito cara. Altair
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