domingo, 21 de setembro de 2025

Decisão

 





ELE TINHA chegado aos 60 e se ressentia de não ter se aventurado mais na vida. Sempre fora certinho demais,  cumprindo as regras e  se preservando, evitando atitudes impensadas que pudessem lhe trazer dores de cabeça. Ele não gostava de dores de cabeça.  Gostava da sua vida calma, sua vida de sentar-se na varanda e ver o sol se pôr. Quem não queria tal tranquilidade? Ele já não queria. Não agora em que entrava em um período da sua vida que logo, logo, lhe levaria à velhice plena. Precisava dar uma oxigenada na sua existência fleumática. Tomou decisão. Iria aventurar-se sem medos, sem se importar com julgamentos ou mesmo com a moral hipócrita da sociedade. A primeira coisa que resolveu fazer foi saltar de bungee Jump.  Começaria logo com algo radical. Marcou o local e data. Recebeu atentamente as instruções. Já fiz mais de 500 saltos, pode ficar tranquilo, disse-lhe o instrutor. Ao chegar à beira do precipício, sentiu-se mais vivo do que nunca. A adrenalina se espalhou pelo seu corpo, antevendo o prazer de por alguns momentos, voar livre  como um pássaro que finalmente, sai da gaiola. Depois de segundos de hesitação, abraçou o espaço pensando que só se vivia uma vez...Não se sabe bem o que aconteceu, mas o elástico que deveria segurar sua queda, partiu-se e ele de alma lavada, foi ao encontro da sua maior aventura. 

3 comentários:

  1. Olá, amigo Edu, gostei muito deste seu elaborado conto.
    O homem, aos 60 anos de idade e quis refazer sua vida,
    deixando de lado a vida calma.
    Morreu em sua primeira e última aventura.
    Parabéns pelo ótimo conto!
    Uma ótima semana, com muita paz.
    Abraços.

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  2. Querido Eduardo,

    Penso, seu texto mexe com o modo de pensar porque ele escancara uma verdade incômoda: viver sem se arriscar pode ser uma morte lenta, e às vezes a coragem de um único gesto vale mais que anos de acomodação. Ao mesmo tempo, me faz refletir que a busca tardia por aventura pode trazer tanto libertação quanto perigo e que o essencial talvez seja não deixar a vida passar até que reste só um salto desesperado.

    Fernanda

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  3. Ótimo texto, mas eu tenho medo até de andar de avião. Adrenalina muito cara. Altair

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