Clube de Detetives Pão de Queijo

terça-feira, 24 de setembro de 2024

O PASCÁCIO

 



DESDE SEMPRE fui um debatedor entusiasta de alguns assuntos: teologia, política e cultura eram meus temas prediletos. Lá pelos idos de 2006 até pelo menos 2015, participei de inúmeros debates em blogues e no Facebook sobre esses assuntos. E são assuntos intermináveis. Ora, como esgotar o assunto quando se fala de "Deus"? Os ateus eram minhas vítimas prediletas, pois eu gostava muito de provocá-los e mostrar muitas vezes que eles não conheciam de fato o livro que eles criticavam - no caso, a Bíblia. Porém, debatedor profissional não olha lado, pelo menos eu era assim; se gostava de debater com ateu, gostava mais ainda de debater com crentes...Sim, crentes devotos fideístas são pessoas em sua maioria muito boas, tenho alguns amigos de longa data que são assim, porém, são extremantes limitados por causa de suas dogmáticas. Em política eu criticava tudo: Direita, esquerda, centro, comunismo, liberalismo...eu gostava de debater por debater. Em cultura, gostava de discutir os filmes clássicos, os filmes atuais, peças de teatros, artistas, dramaturgos e personagens de quadrinhos.

Difícil era eu me definir politicamente, teologicamente e culturalmente. Até hoje muito de meus amigos crentes não sabem se eu sou ateu ou não; se sou de direita ou de esquerda; se prefiro cinema antigo ou cinema moderno ou se gosto mais de rock ou de MPB. Mas confesso que cansei de ser um debatedor profissional. De vez em quando a mosquinha da discussão ronda meu cérebro e meus dedos coçam...às vezes ignoro, às vezes, não. Mas na maior parte das vezes, agora, eu prefiro ironizar. Ironia é uma arte que poucos dominam e poucos entendem...Vai, não sou nenhum expert em ironia mas dou minhas cacetadas como dizia o filósofo Didi Mocó. Ironizo quem é bolsonarista, quem é lulista, quem é de direita ou de esquerda. Ironizo a existência de Deus e ironizo a sua ausência. Em plena pandemia, com o governo Bolsonaro imerso em polêmicas e balbúrdias, li um post de um amigo defendendo ferrenhamente o então presidente. Momento perfeito para um bom comentário irônico. Comentei assim:

Ó, deveras insensatez a tua, caro amigo! Depois de transverter o país em caos político, ainda teimas em acastelar tal presidente? Se ainda não removestes das tuas convicções tal despautério, perdoa-me a franqueza, não passas de um pascácio!!!

Desculpe o vernáculo rebuscado, mas agorinha mesmo, eu lia Machado...



4 comentários:

  1. Me alegro de descobrir que é muito parecido comigo. Acho extremamente saudável não ser dogmático, não radical nem fundamentalista. Como cantou o Raul, "prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo". Gostei muito do seu texto.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Temos que manter a mente aberta...saber defender o nosso ponto de vista e explicar o porquê....
    Acima de tudo, manter o respeito...
    Beijos e abraços
    Marta

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  4. Temas esses política, religião e cultura são difíceis de debater e só o podemos fazer quando a ceweteza dos debatedores têm no mínimo educação... Sem esa, tudo fica impossível e fracassa, cai na baixaria! Adorei o final, com Machado,rs...

    abraços, chica

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