NÃO PROCUREI ESTATÍSTICAS mas afirmo sem medo de errar que todo leitor tem algum cacoete em relação aos livros. Tem aquele conservador que não admite que o livro não seja em formato físico, de papel, com cheiro, tinta e tato. Aliás, cheirar livros é um cacoete bem conhecido na comunidade literária. Da minha parte, considero os leitores de ebooks como KINDLE e KOBO, um extraordinário salto evolutivo. Milhares de livros em um só lugar. Ler um calhamaço de mil páginas de três quilos sem o menor esforço! Possibilidade de manipular o texto, aumentar fonte, mudar fonte. Sim, o Kindle se tornou meu novo cacoete.
Tem aquele leitor limpinho que não admite rabiscar, dobrar páginas, comentar no livro. Sua tara é deixar o livro exatamente igual como veio da livraria depois de tê-lo lido. Meu filho é assim. Me intimou a ler uma trilogia da qual ele é fã e foi logo me dizendo: "Pai, não rabisca meus livros...". Que chato!
Não tenho tal cacoete de tratar o livro físico como uma pedra preciosa (apesar de que em certo sentido, ele o seja). Eu rabisco, sublinho, faço anotações, ponho símbolos como "!", "?" em partes que me chamam atenção, etc. Meu filho fica horrorizado com tamanha falta de respeito e devoção ao objeto.
Tem o leitor disciplinado que tem hora marcada para ler e que só lê um livro de cada vez, dando toda atenção a ele. Eu sou o oposto. Leio em qualquer hora (até sentado no trono do meu banheiro) e não consigo me concentrar em uma única leitura: Leio vários livros ao mesmo tempo. Às vezes embola? Quase nunca. Ainda não chamei um personagem de Machado de Assis pensando estar citando Dostoiévisk, mas não acho que seja impossível acontecer em futuro próximo.
Tem leitor ciumento que não empresta livro seu de jeito nenhum. Pode ser um amigo a lhe pedir que a resposta será sempre "não"! Não os julgo, livros emprestados costumam ter destinos sombrios. Eu empresto mas como dor no coração, fazendo a novena do livro-emprestado-volte-são-e-salvo. Quase nunca dá certo.
Tem leitor distraido que consegue ficar horas dentro de uma livraria folheando um livro aqui, outro acolá, e vai embora com um livro na mão sem nem mesmo perceber que não pagou por ele e está prestas a se tornar um leitor que roubava livros. O oposto também pode acontecer, e aconteceu com um escritor famoso, Fernando Sabino. É o caso de você entrar em uma livraria já com um livro na mão e depois ter que explicar que o livro é seu na saída. Conta Sabino em uma crônica que ele naquela agonia por ter entrado numa livraria com um livro, sem querer ter que se explicar depois, simplesmente largou o livro lá e foi embora.
Tem muitos outros tipos de leitores, mas por ora, vamos ficar por aqui para essa crônica não virar um livro.
Oi Eduardo!
ResponderExcluirAgradeço a visita no blog.
Bem, realmente temos vários tipos de leitores e tem alguns com 'cacoetes' bem diferentes.
Gosto dos livros físicos, entretanto, sou como seu filho, nem um risco neles; costumo ter um caderno para as anotações, mesmo porque, faço resenhas, então, o melhor é anotar.
Depois que descobri o kindle, tenho lido muito mais e com mais facilidade, pois como falou, posso levar para qualquer lugar.
Sou das que não gosta de emprestar, prefiro dar logo de presente, assim não fico ansiosa.
Leio em qualquer lugar, a qualquer hora.
FEliz 2024!
cheirinhos
Rudy
sempre dou uma passadinha no seu blog, só não estava consigo comentar. Valeu,abraços.
ExcluirOi, Edu.
ResponderExcluirObrigada pela visita e comentário em um post do meu blog. Volte sempre.
Adorei seu texto em questão, exceto pela parte do banheiro! Eu não gosto de comer, nem beber, enquanto leio livros, com receio de sujá-los, e nem de levá-los pro banheiro! Até porque eu não conseguiria me concentrar em duas coisas ao mesmo tempo. Mas respeito o seu lado.
Só no ano passado eu consegui me entregar de verdade à leitura de livros eletrônicos e li 4. Comecei a ler um 5° que ainda não terminei e espero terminar nesse ano. Mas eu gosto mesmo é dos físicos. Marco algumas passagens importantes do livro a lápis (nunca à caneta!) para apagar posteriormente depois de transcrevê-las pra outro lugar, mas nunca volto pra transcrever, nem apagar as marcações! Já emprestei livros que nunca mais voltaram, nem deram notícias, e por causa disso hoje em dia eu não tenho a pretensão de emprestar mais os meus livros. Se alguém me pedir emprestado eu vou ficar com um pé atrás, receosa de emprestá-los, pronta pra correr. Então eu sou ciumenta. Consigo ler mais de um livro ao mesmo tempo. No máximo três. Talvez eu tenha lido até 4. Nunca saí de livraria com livro sem pagar, mas morro de medo de entrar em uma livraria ou uma biblioteca com um livro meu e na saída ter que explicar ou provar que aquele livro é meu!
Bom fim de semana! 💐🎈
~Cartas da Gleize. 💌💕
ri com seu comentário. Não tenho tanto "respeito" assim com meus livros. há 3 anos aconteceu um incêndio aqui em casa (esqueci um celular carregando e o carregador explodiu de madrugada.) foi um sufoco. o fogo ficou só na sala mas a quentura saiu derretendo tudo na casa, inclusive uns 300 livros meus que ficaram pretos e manchados. Não deu pra aproveitar. Aproveitei e fiz uma limpa na minha biblioteca, doei mais uns 300 que ficaram apenas manchados. Mas hoje leio muito mais no Kindle. valeu, abraço.
ExcluirNossa! Eu espero que tenha ficado tudo bem apesar dos pesares depois do incêndio.
ExcluirA tecnologia tem, por um lado, esse problema de nos colocar em perigo às vezes. Os celulares, principalmente das últimas gerações, são como uma bomba prestes a explodir a qualquer momento. Temos bombas dentro de casa prestes a explodirem e isso me assusta um pouco, mas o que tiver de ser será. Numa casa anterior onde eu morava eu colocava os meus celulares pra carregarem afastados de mim quando eu ia dormir, sempre pensando nisso de pegarem fogo ou explodirem e eu perceber já tarde demais, se percebesse, já sabendo de casos de celular que explodiu nas mãos de criança que o usava enquanto estava ligado na tomada, carregando, e de gente que morreu enquanto dormia ouvindo músicas com fones de ouvido conectados ao celular também carregando; o celular explodiu junto com os fones dentro dos ouvidos de uma moça... e agora morando numa nova casa com uma tomada também perto da minha cama, onde eu não posso afastar muito o celular de mim enquanto carrega e eu durmo eu prefiro desligá-lo pra não descarregar muito, tirá-lo da tomada e só ligar e carregar de novo no dia seguinte quando eu estiver acordada e por perto. Pra preservar a vida um pouco mais a gente tem que ir fazendo esses dribles. Por mais que dormir com fones de ouvido nos ouvidos e conectados ao celular na tomada seja tentador mesmo. E, inclusive, ir trocando e substituindo, sim, o papel pelo eletrônico para não perdermos tão fácil assim objetos materiais que temos e queremos conservar pelo menos um pouco mais.
Bom fim de domingo pra você e família! 🎈
oi, Rose, nos recuperamos bem da tragédia. dizem que os celulares mais modernos são mais seguros, mas se deve usar sempre carregadores originais, mas aqui depois do susto, desligamos tudo antes de dormir, não fica mais celular carregando de jeito nenhum.
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