Não sou muito próximo de gatos. Não, não vou fazer a piadinha de que de "gata" eu sou próximo.... Minha relação com eles é de distância respeitosa. Aqui aparecem vários, já que meu vizinho é um gatólatra e disponibiliza ração gratuita. E eles vem aos montes. Pior quando resolvem ficar. Cocô de gato fede como os infernos. O Thor, meu cachorro vira-latas é de boa com gatos. Gosta de sair correndo atrás deles. Alguns carrancudos frustram sua brincadeira ficando parado olhando para a cara dele... Aí o Thor fica chateado o gato não quis correr vai se foder gato besta.
Tem coisa mais estranha do que gatos miando pelos telhados reproduzindo sons que hora parecem criança berrando, hora alguém sendo estripado?
Nem tão de boa eram meus cachorros anteriores Benji e Pequeno. Eles eram Cocker Spaniel, tidos como bons caçadores. E eram de fato. Ratos que se aventurassem atravessar o quintal estavam fadados ao estraçalhamento metódico com direito a virar refeição. Sim, eles eram nojentos.
Um dia um pobre bichano cometeu o erro de cair do muro no meu quintal(coisa rara acontecer acho que ele tava de porre e tal). Foi um Deus nos acuda! Benji e Pequeno disputavam a primazia e o direito de fatiar o gato primeiro. Numa cena bizarra, um abocanhou a cabeça o outro as pernas e ficaram fazendo Cabo de Guerra.
Tive que me virar salvar o gato. O pobre bichano ficou mal estatelado no chão agonizando. Pensei até em impetrar uma solução humanitária mas minha sogra não deixou. Cuidamos do gato e não é que ele sobreviveu? Deve ter deixado umas cinco vidas na boca do Benji e do Pequeno...
Meu pai odiava gatos porque os gatos comiam seus passarinhos. Meu pai amava passarinho na gaiola não voando livres por aí. Tinha vários e sua felicidade matinal era ouvi-los cantar. Passarinho bom é passarinho que canta. Hábito besta esse manter bichinho que tem asas preso numa gaiola, mas ficava curioso quando meu pai me descrevia com detalhes tal qual era aquele passarinho e quais tais eram suas características.
Morávamos junto com minha vô e tias e tios e sobrinhos e primos no mesmo quintal em Salvador BA, frequentemente meu pai entrava em litígio com os gatos da minha vô. Minha vô gostava de gatos, vários passeavam no quintal e pela casa. Meu pai torcia o nariz mas eram os gatos da mãe. Um deles certa vez comeu um dos seus pássaros. Meu pai era um colérico calmo. Não podia se vingar do gato como queria. Colericamente calmo conseguiu pegar o gato pelo rabo (não me perguntem como só sei que foi assim meu pai tinha coisa com o capeta), girou o gato girou o gato girou e tascou na parede para o desespero da minha vô. Devem ter ido ali umas três vidas...saiu cambaleante e refugiou-se em algum esconderijo.
Mas teve coisa pior envolvendo gatos e meu pai...
Quando morávamos em Angra dos Reis muito se indignava com um gato que perambulava pelo quarteirão caçando passarinho em gaiola. Já tinha perdido um Cantador que ele gostava muito pro tal gato e ficou furioso. Minha mãe apaziguadora o convenceu a esquecer aquilo. Teria até esquecido se o tal gato não tivesse atacado e comido outro passarinho seu...
Desta vez ele não me escapa e montou armadilha. Ficou de tocaia na janela olhando para o nosso porão atrás da casa onde o gato sempre aparecia. Eu ali, ao seu lado. A coisa ficou séria quando ele pegou sua espingarda de caçador...Pai, você vai atirar no gato? Fica quieto e observa, menino...obedeci. Minha mãe, sobre protestos ficou afastada. O gato apareceu. A distância não era muito mas mesmo que fosse, meu pai era campeão de tiro na Marinha...Ouvi o estampido e vi o gato cair durinho já morto.
Tive pena do gato, daquele, esvaíram-se todas as setes vidas.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi, Edu! Que texto interessante! Fiz boa leitura.
ResponderExcluirEu também prefiro manter distância dos gatos. É um pequeno trauma que trago comigo por causa de um gato doente que apareceu na minha casa certa vez na minha infância e me arranhou quando eu tentava brincar com ele. Prefiro os cachorros. Os mais dóceis, é claro. Acho que o bichinho estava tão doente (devia ser sarna ou qualquer coisa assim...) que me viu como ameaça e inimiga e não como apenas uma criança que queria brincar com ele. Era filhote, eu acho. Devia estar com fome também. Mas adoro admirá-los à distância. Eles são seres bonitos e inteligentes. Um pouco manhosos também. Adoro pássaros também e aprecio seus cantos; tento sempre adivinhar e conhecer qual é a espécie a que cada um pertence.
Grande abraço. 💝
Boa semana! 💐🎈