Clube de Detetives Pão de Queijo

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

CARTAS - PARTE 1




Ninguém manda mais cartas e não quero ser saudosista mas já sendo quero ser sim... Os jovens hoje usam "Discord" para papear entre si. Temos hoje o e-mail (que já está meio ultrapassado para essa função), temos as facilidades do Instagram e do Whatsapp. Não quero negar de forma alguma as facilidades do presente, eu uso muito o Whats para muita coisa, inclusive comercialmente, mas eu escrevia cartas, e isso é uma lembrança boa. Era adolescente ainda, tinha pretensão a ser poeta e escritor, coisa que não se concretizou por pura falta de talento literário. Antes da adolescência, minha diversão sem celular, TV a cores, nem internet, era ler gibis e desenhar e inventar super-heróis. Inventei vários e criei várias histórias que ficaram perdidos no tempo em algum papel de pão que eu usava como caderno de desenho.

Mas as cartas! Na adolescência tinha uma amiga que amava o que eu escrevia, era minha única leitora, praticamente, tirando meus professores de redação, mesmo porque, eu tinha vergonha de mostrar meus escritos. Morávamos distantes e nos encontrávamos na igreja que meus pais frequentavam e nos comunicávamos por cartas. Era uma aventura escrever para ela e receber cartas dela. Ela também era uma poeta! Me mandava sempre seus versos. Um dia, sem minha autorização, inscreveu um poema meu em um concurso na sua escola que ganhou o segundo lugar. Só não ganhou o primeiro porque ela não era a autora. Ah, ela até poderia ter roubado o meu poema e ter colocado seu nome nele, eu não iria me importar.

Helena era seu nome. Lúcia Helena. Suas cartas eram personalizadas. Eduardo chegou uma carta pra você mas no remetente só está escrito "Eu"... Tudo bem, mãe, eu sei quem é... Era Lúcia Helena. Meus pais também tiveram uma relação incrível com cartas, mas essa história eu conto outra hora. Falávamos sobre tudo: escola, programas de TV, sobra amores e sobre a vida...Eu não sei por onde anda a Lúcia Helena. Nos mudamos de Estado e não sei porquê motivo, perdi o contato com ela. Tai uma coisa que só pensei agora, enquanto escrevo essas lembranças. Porque perdi o contato de Lúcia Helena? Será que ela um dia vai ler isto aqui, 45 anos depois? Quem sabe, existe muitas sincronicidades por aí.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Na minha época de escola, no começo dos anos 2000, eu comecei a trocar cartas com as minhas colegas de turma mais chegadas por iniciativa minha. Guardo até hoje todas ou quase todas que eu recebi.
    Mas para tentar fugir um pouco da tecnologia, do eletrônico, que muitas pessoas hoje em dia tentam cultivar de novo ou pela primeira vez, os mais jovens, para experimentar, o gosto, o ato e o hábito de escrever e enviar, trocar, cartas por correio. Então eu conheci alguns grupos no facebook e um blog voltados para isso. Do blog eu até participei alguns anos atrás ou tentei participar, mas não deu certo e eu parei. Entretanto, foi isso, a vontade de me corresponder, que me fez abrir o meu primeiro blog, intitulado Cartas da Gleize, que inicialmente era voltado para o mundo da correspondência, mas com a minha "saída" dele eu me voltei a falar da minha outra área, que é a literatura, além de incluir assuntos diversos, como televisão e música, por exemplos, entre outros.
    Bom sábado! 💐🎈

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    1. infelizmente eu não guardei nenhum dessas cartas da adolescência.

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