E habemus papam!
Os católicos do mundo comemoram a eleição do seu novo líder, o Papa Leão 14. Um líder espiritual mas também político. Bom lembrar que o Vaticano é um Estado. O Papa politicamente mais ativo do século 20 foi João Paulo II, que junto com Ronald Reagan e Margaret Thatcher, trabalharam para implodir o comunismo no mundo.
Isso não quer dizer que outros papas do século 20 foram somente iminências pardas politicamente falando. O Papa Pio 12(1939–1958) é criticado até hoje por seu silêncio em relação ao Holocausto, porém, teve uma posição anticomunista firme e muito fez pela diplomacia do Vaticano no mundo.
O Papa João 23 (1958–1963) que governou o mundo católico nos tempos quentes da Guerra Fria, convocou o Concílio Vaticano II, que trouxe impactos políticos e sociais na Igreja. Trabalhou muito pela paz e teve papel crucial na Crise dos Mísseis de Cuba em 1962, ocasião em que o mundo esteve ao aperto de um botão para que começasse uma Terceira Guerra Mundial.
O Papa Paulo 6 (1963–1978) foi o primeiro a discursar na ONU em 1965, ano em que este que vos escreve nascia de parto natural no bairro da Tijuca no Rio de Janeiro... (sim, comentário totalmente desnecessário). Paulo VI travou diálogos com regimes comunistas da Europa Oriental e defendeu o desenvolvimento econômico como condição de paz mundial.
E aí chegamos a João Paulo 2 (1978-2005), sem dúvida o papa mais politicamente ativo do século 20. Apoiou o movimento Solidariedade na sua Polônia que contribuiu para a queda do comunismo no Leste Europeu. Foi um duro crítico tanto do capitalismo selvagem quanto do comunismo marxista. Mediou conflitos tanto na América Latina quanto no Oriente Médio.
E ainda tivemos Bento 16(2005–2013), que foi menos ativo politicamente mas teve impacto nas questões culturais e das relações entre fé e razão. Não tinha vocação para Papa, sua vocação era a teologia. Foi ele quem impôs um "silêncio obsequioso" quando ainda era cardeal a Leonardo Boff que o proibiu de falar, escrever ou ensinar publicamente sobre alguns temas. Boff era ligado à Teologia da Libertação, de cunho marxista e tinha escrito um livro chamado "Igreja, Carisma e Poder" no qual criticava a estrutura hierárquica e autoritária da Igreja Católica e defendia uma Igreja mais voltada aos pobres, como fez Francisco, que foi ativo em questões de justiça social, meio ambiente, imigração e fez críticas ao capitalismo, tinha um discurso de acolhimento à comunidade LGBT...daí ter sido taxado de "comunista". Trabalhou para a reaproximação dos EUA com Cuba.
E O MACHADO?
POIS ENTÃO, LEIAMOS MACHADO.
O que há de política? É a pergunta que naturalmente ocorre a todos, e a que me fará o meu leitor, se não é ministro. O silêncio é a resposta. Não há nada, absolutamente nada. A tela da atualidade política é uma paisagem uniforme; nada a perturba, nada a modifica. Dissera-se um país onde o povo só sabe que existe politicamente quando ouve o fisco bater-lhe à porta. O que dá razão a este marasmo? Causas gerais...
Assim Macho de Assis falava sobre nossa política em uma de suas crônicas. Incrível como de lá pra cá, nada mudou. O que há de política com P maiúsculo hoje em Brasília? Absolutamente nada, como disse Machado, "nada a modifica". Continuaremos sendo politicamente medíocres enquanto formos cidadãos medíocres.
Habemus Papam em Roma , mas cá, não habemus politicam!! (é, ficou ruim e desnecessário também)
E o Machado, heim? Que coisa... Seu texto está muito legal e instrutivo, não se menospreze.
ResponderExcluirUau!!! Que baita texto informativo, bem suturado e com aquele toque jocoso que prende do começo ao fim. Adorei a forma como você traçou a linha histórica dos papas politicamente mais relevantes e mostrou que, sim, o Vaticano é também um ator de peso no cenário global, mesmo quando se finge neutro. E a virada final com Machado… foi tiro certo. Ele descreveu com precisão esse marasmo que parece fazer morada permanente por aqui. Séculos depois, a sensação é a mesma: pouca política real, muita encenação. O povo continua existindo politicamente só quando é para pagar a conta. Habemus Papam em Roma com influência, discurso e até uma visão de mundo. Por aqui, seguimos órfãos de política séria, e pior, muitas vezes de cidadania crítica também. Parabéns pelo texto Eduardo, necessário e provocador na medida.
ResponderExcluirEu acho que o Papa Leo XIV vai ser mais discreto e conservador do que o querido Francisco. Vai focar em missões como ele mesmo já disse e não se envolver tanto (se é possível isso) em causas políticas e ideológicas, apesar de ser americano.
ResponderExcluirAdorei o texto! Uma verdadeira aula de história com leveza e bom humor. Impressionante ver como o papel político dos papas foi, e ainda é, tão relevante em momentos decisivos da história mundial, e é curioso como, mesmo dentro da Igreja, há esse equilíbrio (ou conflito) entre fé, poder e ideologia.
ResponderExcluirromashka
Eduardo, Habemus Papam e me animei a voltar com um só blog! Obrigadão! abraços, chica
ResponderExcluirPor incrível que pareça, o que mais me chamou atenção na sua postagem foi o ano do seu nascimento! 😂😂😂
ResponderExcluirVocê é mais ou menos da época dos meus pais, mesma década. A minha mãe é de 1961 e o meu pai é de 1963.
Bom fim de semana e um feliz Dia das Mães pra sua esposa! 💝💐🎈
Habemus Papam em Roma, mas cá, não habemus politicam!! (é, ficou ruim e desnecessário também). Como Eduardo, não se pode perder a oportunidade para se dizer que somos um animal político e não devemos nos omitir, ainda que saibamos que com tanta mediocridade não se vai longe. Mas não podemos desistir, é preciso sempre levantar a bola para o cidadão brasileiro, apostando que a mediocridade pode ruir, embora a classe política não o queira. Quanto maior a mediocridade, mais ela se locupleta. E a justiça brasileira é cega, exceto para pretos e pobres.
ResponderExcluirAbração,
Great post. I was born in Montreal, Canada ❤️ 🇨🇦 in 1956.
ResponderExcluirQue belo texto cheio de informação que já vai ficando esquecida na minha mente. Só desejo que este Papa Leão XIV tenha um pontificado que ajude o mundo a tornar-se mais pacífico e solidário.
ResponderExcluirTudo de bom.
Um beijo.
Não é só em Brasília que nada muda, isso acontece um pouco por toda a parte. E não vai ser o Papa Leão XIV que altera ou ajuda a alterar coisas que significam muito para a humanidade (as guerras e a pobreza, por exemplo).
ResponderExcluirMagnífico post, gostei de ler.
Um abraço.
Espero que seja tão bom como o Francisco. Que aproximou muita gente, não digo da Igreja, mas da religião.
ResponderExcluirEu gostava muito dele.
Em relação a este, ainda não tenho opinião. Mas já li umas coisas que me pareceram bem :)
Boa semana
Cláudia - eutambemtenhoumblog
Post interessantíssimo. Gostei muito.
ResponderExcluirBoa semana!
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