PAULINHO SOARES. Quem lembra dele?
Lembro eu garoto de ter visto o Paulinho Soares em um programa dos Trapalhões e fiquei com a música "O Patrão Mandou" (1978) na cabeça por muito tempo. Essa música é uma boa e humorada crítica ao excesso de americanismos em nossa cultura. Não acho que a enxurrada de cultura americana por aqui prejudicou nossa música ou nossa cultura - eu gosto da cultura americana! - Filmes e músicas americanas, principalmente, estão quase no mundo todo e só me resta aplaudir a sua poderosa indústria cultural, mas Paulinho deixou sua crítica bem humorada porque tudo deve e pode ser criticado.
O patrão mandou cantar com a língua enrolada.
Everybody macacada. Everybody macacada
E também mandou servir uísque na feijoada.
Do you like this, macacada? Do you like this, macacada?
E ainda mandou tirar nosso samba da parada.
Very good macacada. Very good macacada.
Não sei o que é que o patrão tem debaixo da cartola
que a gente não se solta, ta grudado feito cola.
No fim das contas o patrão manda e desmanda
e ainda faz do Rei Pelé mais um garoto-propaganda.
O patrão mandou cantar com a língua enrolada.
Everybody macacada. Everybody macacada
E também mandou servir uísque na feijoada.
Do you like this, macacada? Do you like this, macacada?
E ainda mandou tirar nosso samba da parada.
Very good macacada. Very good macacada.
O patrão é fogo! Ele é quem dá as cartas quando o jogo
Tá metendo sempre o bico no fubá, qual tico-tico
No troca-troca o patrão que é mais rico, já levou o Rivelino e vem depois buscar o Zico.
O patrão mandou cantar com a língua enrolada.
Everybody macacada. Everybody macacada
E também mandou servir uísque na feijoada.
Do you like this, macacada? Do you like this, macacada?
E ainda mandou tirar nosso samba da parada.
Very good macacada. Very good macacada
Paulo Soares da Costa (Belém, PA, 9 de agosto de 1944 – Rio de Janeiro, RJ, 6 de maio de 2004), compositor popularmente conhecido como Paulinho Soares.
Em 1968, começou a trabalhar na área publicitária, compondo jingles para a produtora Planisom, de Chico Feitosa.
Dois anos depois, participou, como compositor, do V Festival Internacional da Canção (TV Globo), com “Quebra-cabeça” (c/ Marcello Silva), interpretada por Antônio Adolfo e o grupo A Brazuca.
Venceu, no ano seguinte, a fase nacional do VI Festival Internacional da Canção (TV Globo), com “Kyrie” (c/ Marcello Silva), interpretada pelo Trio Ternura. A música foi classificada em 3º lugar na fase internacional do evento. Nesse mesmo ano, gravou seu primeiro disco, produzido por Ian Guest, um compacto simples contendo suas canções “Roda-roda-roda” e “Vitória”.
Em 1972, gravou suas músicas “Elizabeth” e “Bate-boca” para a trilha sonora de “Uma rosa com amor” (TV Globo).
Na década de 1990, realizou shows em diversas casas noturnas cariocas.
Em 1999, fundou, com Gilberto Cortez, a “Confraria do Kareca”, roda de samba que costumava se reunir semanalmente no Bar Severina, em Laranjeiras (RJ), com a participação de oito músicos e de artistas convidados.
Paulinho Soares faleceu em 6 de maio de 2004, vítima de enfarte, aos 59 anos, em sua casa, no Rio de Janeiro.
Confesso não me lembro da música, nem do compositor. A breve biografia permite fazer um rastreamento e incorporar outras informações e (re)conhecer outras letras. Gosto dessa recuperação da memória cultural brasileira. Da redescoberta, da escavação. Letra bem humorada e crítica. Há, sim, um pedestal para a música americana, como não?
ResponderExcluirhahahaha, adorei, não lembrava disso, que música joia!
ResponderExcluirOs trapalhões era um programa muito joia.
Gosto da música americana, e muito! ontem estávamos ouvindo aqui em casa.
Tua postagem está um show, Edu!
Um boa quinta e sexta, depois venho e te desejarei um bom fim de semana pra arrematar!! 😁😄🙋♀️
Olá Eduardo, que delícia de resgate mesmo não sendo do meu tempo, deu gosto de ler! Paulinho Soares pode até ter ficado fora do radar das gerações mais recentes, mas que tiro certeiro esse dele: uma crítica bem-humorada e atualíssima. A letra de “O Patrão Mandou” parece profética com jeitinho de samba debochado, ela acerta em cheio nas contradições culturais que a gente vive até hoje. O uísque na feijoada continua sendo servido com sotaque forçado e filtro gringo nas redes sociais, né?
ResponderExcluirNão conhecia Paulinho, mas agora vou atrás. Obrigada por me apresentar a ele com esse olhar generoso e cheio de memória boa. E que ironia elegante ele carregava! Um cronista com ritmo.
Abraço,
Fernanda
Confesso que não conhecia!
ResponderExcluirBjxxx,
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Olá, amigo Edu, os Trapalhões marcaram época,
ResponderExcluirquem não os viu? Quanto à cultura Americana também
tem o meu aplauso, pois muito devo a ela, romances, contos,
poemas. Além disso, os americanos nos deram grandes filmes,
são clássicos até hoje. E na música, nem se fala, se temos de citar Elvis Presley, Frank Sinatra, Ray Charles, Stevie Wonder, Tony Bennett etc. sem falar no Jazz do qual sou um dos grandes fãs.
Bela postagem, Edu!
Grande abraço, bom fim de semana.
Bah, tempinho bom o dos Trapalçhoe3s e suas piadas inocentes ou nem tanto,rs...Gostei da musica e do teu post! abração, chica
ResponderExcluirQuem ficou conhecido como o patrão foi o Silvio Santo... Que já não está mais entre nós, pois foi apresentar seu show de calouros no paraíso dos gatos. rsrsrsrs
ResponderExcluirNova tirinha publicada.
Abraços 🐾 Garfield Tirinhas.
Edu,
ResponderExcluirAdorei essa boa lembrança
de um tempo muito bom onde
o humor era ingênuo e sem
restições.
Penso que era um tempo
muito bom de verdade.
Identifiquei a canção
na hora e agora ela está
aqui na minha cabeça.
Bjins
CatiahôAlc.