MEXENDO em uns papéis velhos da escola do Eduardinho, encontrei um já rasgado com uma história escrita. Perguntei-lhe quando tinha escrito o texto. "Faz tempo, pai, foi antes da casa pegar fogo..."(depois eu conto essa história). Então ele tinha dez anos.
Muito se discute hoje como fazer os jovens gostarem de ler e muitas opiniões são dadas mas para mim uma coisa é básica: Uma criança terá o gosto pela leitura em uma razão proporcionalmente direta ao quanto ela encontra de livros em casa e quanto os pais leem. Desde que ele aprendeu o alfabeto em casa com vídeos educativos e começou a ler com 4 anos, comprei uma penca de livros infantis para ele. Eu lia para ele antes de dormir. Quando fez 8 anos, comprei a coleção completa dos livros de Monteiro Lobato e lhe pedi que a cada livro que lesse, fizesse uma anotação em um caderno do que ele tinha achado. Hoje em dia ele confessou que achava aquilo muito chato mas fazia porque eu mandava...pô, eu só pedia com carinho...mas creio que isso facilitou sua leitura e escrita. Ele já escreveu um livro de 200 páginas aos 13. Está escrevendo um conto e vai escrever a continuação do livro. Depois eu posto aqui em uma "Crônica Literária".
Vou deixar aqui o continho que ele escreveu com dez anos. (como ele não deu um título, vou deixar sem e digitar exatamente como ele escreveu)
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O mundo está uma loucura: Ondas irregulares, a falta de água, a temperatura beirando os 70 graus...estava tudo um inferno e tudo culpa de uma ideia idiota de um menino prodígio chamado Rick.
- Eu vou consertar - dizia ele para si mesmo eufórico. - Só preciso voltar alguns dias antes, a liberdade ainda deve ter um pouco de carga.
Liberdade é uma máquina pequena, mas engenhosa capaz de levar o usuário a qualquer lugar de qualquer data, porém ela está um pouco danificada e quase sem carga, forçando Rick a voltar apenas há um dia atrás.
Ele apertou uma série de botões na Liberdade que resultou num portal de coloração esverdiada. Rick se apressou e entrou no portal, deixando o mundo de caos e desespero para trás; o portal se fechou.
Rick sentiu o seu corpo se esticar e um mal estar gigante, mas o momento ruim logo passou e ele se viu no dia 03/09/2123 num quintal bonito com um garoto de 15 anos idêntico ao Rick dando uns toques finais numa máquina que concede ao usuario a proeza de ir a qualquer lugar de qualquer data, que apelidou o protótipo de Liberdade; a máquina de Rick quebrou na viagem.
- 30 minutos- pensou Rick - tenho apenas 30 minutos para mim impidir de tentar pegar algumas pedras de marte para fazer pesquisas.
- Esta feito! - gritou o menino quando terminou a máquina - eu só preciso revisar meu plano antes de começar. - O garoto abriu um caderno que estava ao lado dele e em uma página qualquer tinha anotado um plano relativamente simples para pegar um pouco do solo e rochas de Marte para fazer algumas pesquisas sobre vida nele.
Subitamente ele vira para o lado e vê um vulto indo em sua direção. - Quem é você?! gritou o menino com uma voz tremula - eu...sou você - respondeu Rick, chegando um pouco mais perto dele. O garoto começou a reparar que a pessoa que estava em sua frente era identica à ele.
- Como você chegou aqui? - Perguntou o garoto - não tenho tempo para explicar, agora eu só preciso da sua máquina - disse Rick, pegando a Liberdade e dando meia-volta. Ei, - gritou o menino- demorou um ano para eu terminar! - desculpe Rick, mas se eu deixar isso com você vai acabar com a lua cortada na metade. disse Rick: Como assim? perguntou o garoto meio assustado. Rick deu um suspiro de ódio - se eu te contar a história você me deixa ir com a máquina? - sim - respondeu o garoto.
Rick calculou que ainda tem 10 minutos restantes e começou a contar: Você irá errar as coordenadas e o portal vai surgir em volta da lua, fazendo parte dela ficar para o seu lado do portal, quase não te atingindo por pouco e quebrando o teto e parede da sua casa. Você, no momento do choque, vai por instinto apertar o botão de fechar o portal, que resultará no portal se fechando e cortando a lua como se fosse de papel. Nas primeiras horas, nada de diferente acontecera, apenas parte da lua dentro de sua casa, mas depois de mais ou menos 15 horas, a mudança de peso na lua irá fazer ela se desgrudar do campo gravitacional da terra, resultando no fim do mundo...
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Quando eu achei o manuscrito e mostrei pra ele, sempre crítico falou: "Isso tá uma bosta, eu era uma criançinha...nem cheguei a acabar a história.." Eu ri. Disse que ainda assim, estava bem legal e que ia publicar aqui. Ele fez cara feia. Então tá, filhão, dá cá um abraço.
A historinha é confusa mas valeu pelo exercício de escrita e criatividade.
O manuscrito
Teu filho tem futuro! Coordena a ideias e as escreve, descreve muito bem! Valeu o achado! Parabéns! abraços, chica
ResponderExcluirPara a pouca idade, achei sensacional. Espero que ele continue a escrever e a criar, e que não precise disso para se sustentar, pois assim fará com mais gosto. Você tem um filho muito inteligente e talentoso.
ResponderExcluirÓtimo exemplo e incentivo destes ao seu filho, Edu
ResponderExcluirUm grande abraço.
Verena.
Super criativa e interessante a história criada pelo teu filho.
ResponderExcluirEspero que ele continue a escrever as aventuras do Rick.
Meus parabéns para ele e para si, pelo estimulo e gosto que lhe transmitiu, em relação à leitura e à escrita.
Abraços e boa semana
Boa tarde:- um bom exemplo. Belo texto
ResponderExcluir.
Saudações poéticas.
.
Os meus parabéns pela iniciativa!
ResponderExcluirBjxxx,
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Ola, Eduardo!
ResponderExcluirSempre gostei de incentivar a leitura nos meus porque a mim aconteceu assim desde pequenina. Dou livros aos netos que também apreciam ler.
Um dia sairão escritores pois a veia literária na família é forte.
Quanto ao seu garoto, é modesto. Compreendo quando fala do que escreveu antes, em pequeno...
Estou numa fase de reescrever escritos antigos também.
Quando ele escrever mais, pois leva muito jeito, fará maravilhas. Dará continuidade ao dom que recebeu do pai.
Parabéns ao pai e filho!
Tenha dias abençoados!
Abraços fraternos
Gostei muito do texto, da liberdade criativa do seu filho. Diga a ele para terminar o conto. Eu quero ler o final.
ResponderExcluirinfelizmente acho que ele não quer nem mais ver isso....rs
ExcluirOlá, Edu, mas tens certeza que ele só tinha 10 anos? Mas tá bom demais! O guri saiu muito bom, incentiva para escrever mais!
ResponderExcluirEle teve tudo para sair assim, livros em casa, pais incentivando, os pais lendo historinhas para ele...está no caminho certo ! Alguma coisa boa vai sair daí. rssrss
Leva meus parabéns a ele! E também digo o mesmo para os pais!
Gostei imenso dessa tua postagem.
Uma ótima semana, com feriadão!
Abraços daqui do Sul.
Olá grande Eduardo!
ResponderExcluirO seu filho escreveu incrivelmente aos 10 anos! Adorei a história e a criatividade! Olhe que eu acho que ele tem muito potencial, pode fer um futuro brilhante 🥰
Olhe, se ele tiver poemas escritos, envie-os lá blogue que eu partilharei com muito gosto 😄
Abraços! 🤗
poesia não é muito a dele não...rs
ExcluirEduzão, isso aqui foi uma cápsula do tempo feita de papel amassado, tinta desbotada e um talento precoce que, pelo visto, já ameaçava explodir como uma lua cortada pela metade. Que baita achado, meu caro. Se isso é “uma bosta”, como disse o jovem autor, então estamos todos vivendo numa plantação de fertilizante literário de altíssimo nível.
ResponderExcluirO moleque, aos 10 anos, já metia viagem no tempo, máquina chamada Liberdade (nome de Nobel, diga-se), dilemas morais e uma catástrofe lunar que deixaria até o Christopher Nolan suando frio. Confusa? Claro. Mas com uma criatividade que dava pirueta em cima de qualquer redação escolar do tipo “como foi meu fim de semana”.
E o melhor de tudo: esse teu relato mostra o que é plantar semente de leitura e colher devaneio com propósito. Porque livro em casa, leitura na infância e um pai que incentiva sem transformar tudo num TED Talk motivacional... isso, sim, é que gera escritor bom — mesmo que o dito cujo ache tudo “meio bosta”.
Agora é serio, se aos 10 o menino já tava nesse nível, imagina o que vem por aí. Que venham as Crônicas Literárias, os abraços contrariados e, claro, mais desastres interplanetários com lições de humanidade.
Abração amigo
Dan
https://gagopoetico.blogspot.com/
Eduardo, tive que vir aqui agradecer o carinho nesses tantos anos e foi muito bom te ter como amigo e leitor e também desfrutar dios teus belos textos. Obrigadão por tudo! abração pra ti e teu filho que tanto talento tem! chica
ResponderExcluirObrigado querida, vou sentir saudades mas te desejo tudo de bom.
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